Como janeiro pode ser fundamental para a estratégia do Sporting
O Sporting vai para 2026 com todas as ambições para lutar pelo título, buscando um tricampeonato inédito em tempos de democracia. O projeto é estável e o treinador é para continuar. Rui Borges fez as críticas dos adeptos desaparecerem e trouxe aplausos semana sim, semana assim, algo que raramente era visto antes do período de Ruben Amorim de leão ao peito.
O mercado de janeiro é importante para todos os clubes, principalmente para serem efetuadas correções nos plantéis. Porém, a janela de transferências dos leões é fundamental também para o seu futuro, olhando já a 2026/27. Claro que existem problemas para a presente temporada. O Sporting sabe que vai perder Geny Catamo e Ousmane Diomande por algumas semanas, ausências que poderiam ser suprimidas por algum empréstimo. Porém, o problema em Alvalade está mais relacionado com excedentários. Janeiro seria perfeito para colocar Jeremiah St. Juste em algum clube, já que o neerlandês não voltará a vestir a camisola verde e branca, mas também Rafael Pontelo, que poucos se lembram que tem contrato com o Sporting. Biel, malogrado na sua aventura no Atlético Mineiro, também terá ordem de saída, depois de um investimento avultado na sua contratação em janeiro de 2025.
A longo prazo é que está a chave do mercado do Sporting, principalmente na posição de extremo. A partir do verão de Geovany Quenda vai rumar em definitivo ao Chelsea e os leões a partir da esquerda passarão a contar com Pedro Gonçalves e Alisson Santos. O primeiro, rende muito mais a partir do centro, mais próximo do ponta de lança. Já o segundo, está a ter um bom começo de leão ao peito, algo que não era esperado. Ainda assim, é curto para ser titularíssimo. Flávio Gonçalves é outra alternativa, mas realiza o seu desenvolvimento na B. Maxi Araújo e Ricardo Mangas contam mais para a lateral do que para extremo. Assim sendo, janeiro seria fundamental para o Sporting para a aquisição de um extremo com capacidade de atuar na esquerda, mas preferencialmente destro (e que desse uma perninha na direita, em caso de necessidade).
Os verde e brancos tentaram vários nomes para a posição no mercado de verão, mas os valores pedidos pelos alvos eram absurdos. Contudo, este é o novo mercado do Sporting, que já não investe em nomes menos conhecidos, onde maioritariamente saíam flops. Yeremay Hernández voltará a ser um nome presente na agenda dos leões e o espanhol encaixa em pleno no desejado, menos no preço. Atualmente, o jogador do Deportivo de La Coruña encanta na La Liga 2, com 18 encontros, sete golos e cinco assistências. É um atleta para o presente e para o futuro, que seguramente estará avaliado na sua cláusula de rescisão, cujo valor ronda os 40/ 50 milhões de euros. Cabe a Frederico Varandas negociar e puxar por um valor mais acessível, prometendo uma percentagem de uma futura venda, que possa permitir uma partilha do jackpot que o Sporting fará com uma possível saída do jogador que já está a ser inclusivamente apontado à sua seleção.
Yeremay Hernández resolveria a asa esquerda do ataque, com a solução para a asa direita a partir da formação. Geny Catamo, ainda que se ausente para a CAN, seguirá como titular habitual, mas Salvador Blopa é o seu sucessor natural, algo assumido inclusivamente pelo Sporting, dada a sua renovação de contrato até 2030, que conta com uma cláusula de rescisão de 80 milhões de euros (Francisco Trincão também pode ser deslocado para o lado).
Outro setor que o Sporting terá que remodelar no futuro é o meio campo. Neste caso, existem dois jogadores que prometem protagonizar os próximos meses em Alvalade. Hidemasa Morita não vai renovar, mas tratará de dar o seu melhor até ao final da época, para ainda sonhar com a presença no Mundial 2026, embora o nipónico esteja a desejar em 2025/26. Morten Hjulmand é o capitão e líder do balneário, mas a sua saída do Sporting é dada como uma certeza no verão, por uma verba a rondar os 60 milhões de euros, justa por aquele que é um dos melhores médios defensivos da atualidade.
Os leões até têm dois substitutos diretos: João Simões e Giorgi Kochorashvili (além de Daniel Bragança, com quem terá que se ter bastante precaução). Porém, é suficiente? O Sporting poderia aproveitar o mercado de janeiro para contratar mais um nome capaz de desempenhar funções no centro do terreno, especialmente que seja semelhante a Morten Hjulmand, já que Giorgi Kochorashvili ainda fica algo ‘curto’, com 2025/26 a ser uma época de ambientação, já que o mesmo se encontrava num projeto de menor dimensão, onde desempenhava um rol principal. Uma entrada meio ano antes do previsto, aumentaria a qualidade do plantel, mas também causaria uma adaptação muito mais trabalhada, sem pressão, algo que a que outros não tiveram direito.
A situação da sucessão do escandinavo é muito mais delicada que a de Hidemasa Morita, já que João Simões conseguiu desempenhar bem as tarefas de 8 e será o dono do luar nos próximos anos (ainda que necessite de mais um substituto, mas que não envolva um investimento na casa das dezenas de milhões de euros).
O Sporting terá assim algumas tarefas durante o mês de janeiro, mas que não é garantido que as concretize. Para os leões é muito mais um mercado de futuro, já que o plantel está feito às medidas da equipa técnica e do projeto, algo que não acontece com tanta clareza do outro lado da Segunda Circular, onde José Mourinho terá pedido vários reforços, ainda que as apostas na formação estejam a correr da melhor maneira possível. A porta de saída a nomes revelantes está fechada, como tem sido costume.
Será um janeiro novamente com capas figurando Yeremay Hernández entre outros nomes. Certo é que haverão entradas em Alvalade. Caso a estrutura se continue a mover na direção correta, a margem de erro é quase nula.



