Bundesliga: retorno para coroar o candidato do costume?
Artigo de Gonçalo Melo e Francisco Isaac
Vai ser a primeira grande liga europeia a regressar ao activo (na Ásia já a liga coreana começou por exemplo) e promete ser uma corrida intensa, apaixonante e exigente nestas últimas 9 jornadas com o Bayern de Munique a liderar na entrada para a 26ª ronda de uma liga onde tem dominado continuamente nos últimos 20 anos. Mas será que este é o ano do Dortmund? Ou o RB Leipzig irá puxar dos galões e surpreender?
BUNDESLIGA IST ZURÜCK!
A Bundesliga, um dos campeonatos mais competitivos e apaixonantes do futebol europeu está prestes a regressar. A paragem foi longa, e as equipas terão de forçosamente adaptar-se a um tipo de jogo mais lento e mais mastigado, pois é impossível apresentar nesta fase, e depois de dois meses sem competição, níveis de intensidade semelhantes aos que a maioria das equipas alemãs costumam apresentar.
Mas quem poderá beneficiar mais com esta paragem? Quem terá mais condições de chegar ao título? A lógica e o passado recente quase obriga a uma aposta no super colosso bávaro, Bayern Munique.
A formação agora orientada por Hans-Dieter Flick, que sucedeu ao despedido Nico Kovac, pegou numa equipa algo perdida e devolveu-lhe a alegria e a qualidade que parecia perdida, sendo notória a mudança desde que o técnico de 55 anos assumiu o comando da equipa. O Bayern chegou a andar longe da liderança, esteve algum tempo fora do pote 3, mas neste momento já leva 4 pontos de avanço na frente do campeonato.
Uma recuperação tão impressionante que levou as casas de apostas a conceder aos companheiros de Lewandowski, um favoritismo total nesta reta final tão invulgar. A Betano por exemplo, não paga mais de 1.20 pela conquista bávara neste momento. Por outro lado, os Bávaros têm claramente o mais forte e experiente plantel, tendo esta paragem servido para recuperar muitos lesionados e cimentar ainda mais os processos e ideias do novo treinador.
BAYERN PARA O OCTACAMPEOANTO OU HÁ BOLTER?
Em segundo está o sempre perigoso Borussia Dortmund. O grande rival do Bayern tem tido dificuldades em aguentar o ritmo, mas esta paragem pode baralhar as cartas, uma vez que vários aspetos devem ter sido digeridos. A nível psicológico por exemplo, os contadores foram certamente repostos a zero, e a nível físico, este regresso de longa paragem pode ser pautado por um ritmo de pré-época. E ainda vamos ver o Iduna Park encher para receber o campeão… Tudo pode acontecer!
Além disso, a juventude desta equipa aliada à experiência de alguns elementos como Marco Reus, Axel Witsel ou Mats Hummels pode ser fundamental, pois estes trintões são o equilíbrio ideal para a irreverência de elementos como Jadon Sancho, Julian Brandt, Ashraf Hakimi ou Erling Haaland. A qualidade do plantel e profundidade de opções também é maior este ano, pelo que os homens de Lucien Favre podem e devem acreditar numa surpresa, estando a pressão toda do lado do Bayern. Por vários motivos este Dortmund merece uma cota à volta dos 4.50.
O RB Leipzig veste a pele de outsider, mas convém não ser esquecido. A turma patrocinada pela gigante RedBull, e orientada pelo jovem inovador Julian Nagelsmann já demonstrou ter futebol para se bater com os dois primeiros classificados, e a juventude e irreverência do seu plantel trazem uma qualidade e intensidade brutais ao futebol do Leipzig. No entanto, esta juventude poderá ser um grande handicap num momento delicado como o que vivemos, pois cada jogo vai ser quase uma final para as equipas, e num Leipzig onde a média de idades está pouco acima dos 23 anos, isso poderá ser problemático.
Os índices físicos anormais para um final de época serão também incomodatórios para o Leipzig, pois a equipa destaca-se pela forma agressiva e intensa de jogar e pressionar em todo o campo, algo que nesta fase os jogadores provavelmente não conseguirão fazer como é habitual. Ainda assim, com odd de 6.50 na Betano, o RBL é visto com muitas mais possibilidades que as equipas que o seguem de muito perto na classificação. São 9 jornadas para justificar as probabilidades e cimentar o estatuto na liga alemã. Pelo menos, a Betano.pt merece excelente avaliação da Sportytrader, pelo que é bom sinal.
Por fora correm Borussia Moenchengladbach (odd de 45.00) e Bayer Leverkusen (150.00), mais longe do primeiro classificado, mas com legitimas aspirações a garantir um lugar de acesso à Champions. Nestas duas equipas jogam alguns dos melhores jogadores desta edição Bundesliga, como Kai Havertz, Kevin Volland, Alassane Pléa ou Breel Embolo.
O último choque entre Dortmund e Leipzig
QUAL É A REALIDADE PARA OS PORTUGUESES?
Raphael Guerreiro, Gonçalo Paciência e André Silva são os únicos portugueses a alinhar na Bundesliga na presente temporada, com os três a viver sortes diferentes. O lateral/médio-esquerdo começou a época com uma lesão muscular e foi transitando entre a titularidade e banco de suplentes nas primeiras sete jornadas, arrancando depois para uma boa sequência de boas exibições que foi ajudando ao Dortmund avançar para a o top-5 do campeonato.
A melhor fase de forma do português surgiu entre o fim de Janeiro (18ª jornada) até à paragem do campeonato, com 3 golos e 2 assistências da sua autoria, num momento de época em que os Schwarzgelben somaram 7 vitórias em 8 encontros, onde até derrubaram o fantástico Gladbach (2-1) num dos jogos mais emotivos da época. Guerreiro voltou a uma capacidade exibicional que relembra a primeira época no clube alemão, onde aquela capacidade de esticar a sua velocidade em todo o corredor e recuperar um bom posicionamento regressou para além daquela agressividade no se envolver no ataque e dar uma série de soluções na manobra de jogo de Lucien Favre, sendo indispensável para as pretensões do Dortmund em garantir, pelo menos, um lugar na fase-de-grupos da Liga dos Campeões.
Para os lados de Frankfurt, André Silva e Gonçalo Paciência têm realizado uma época de altos e baixos, especialmente o avançado ex-AC Milan, com alguns golos, umas quantas exibições de valor (que até proporcionaram uma chamada à Selecção Nacional no caso de Paciência) mas que não tem sido suficiente para o Frankfurt conseguir chegar aos lugares europeus, estando a 9 pontos do 6º lugar, ocupado pelo FC Schalke 04. Mas vamos por partes… qual dos dois tem estado melhor?
Não olhando só para os números, Gonçalo Paciência tem estado um nível acima de André Silva e é de estranhar que tenha sido só titular uma vez nas últimas seis jornadas, coincidindo com um dos piores momentos de forma da equipa – a pior sequência de resultados deu-se entre a 11ª e 17ª ronda, em que sofreram 6 derrotas num total de 7 jogos. A ausência do ex-FC Porto pesa sobretudo no que toca ao dar continuidade ao ataque, da inteligência que insere no meio-campo ofensivo onde assume o papel de um avançado mais de trabalho e de construção de linhas, do que ficar completamente a residir na grande área ou nos últimos 20/30 metros de terreno, ao jeito de Bas Dost. É um dos atletas do Frankfurt mais utilizados, com 2175 divididos por 41 jogos, 10 golos e 6 assistências que não sendo números impressionantes, a verdade é que a influência de Gonçalo Paciência e a qualidade oferecida ao jogo são dois pontos mais importantes que propriamente só marcar golos.
Já André Silva tem tentado encontrar um rumo na carreira, depois de uma experiência falhada em Milão e outra agridoce em Sevilha (começou a época com vários golos e assistências, mas foi caindo de produção ao longo da época) e para já vai realizando um primeiro ano no Frankfurt interessante mas ainda longe da sua real capacidade enquanto ponta-de-lança. Com 8 golos e 4 assistências em 26 encontros, um dos reforços do Frankfurt no Verão de 2019, ainda não encontrou aquela capacidade de bomber que lhe é reconhecida, notando-se alguns problemas em termos de confiança que também se deve ao facto de Adi Hütter ter optado por uma contínua rotatividade dentro das suas opções de ataque, impedindo André Silva de se afirmar e atingir outra maturidade técnica e táctica essencial para um atleta de franca boa qualidade.
Com 9 jornadas pela frente, os três portugueses têm pela frente a oportunidade de fechar bem a época não existindo aquela pressão da convocatória para o Europeu, uma vez que esta competição foi adiada para 2021. Seria sobretudo importante para os dois atletas do Frankfurt garantirem uma estabilidade no 11 titular de modo a garantirem um salto na carreira e, principalmente, conseguirem se tornar escolhas incontestáveis nos convocados de Fernando Santos.