“Brincar ao Covid-19” não se faz favor…
Pelo título, muitos podem crer que aquilo que vou expôr adiante será uma eventual desconsideração à situação atual de saúde pública nacional e internacional. Desenganem-se, porque, muito pelo contrário, pretendo que este exposto alerte para, citando o Presidente do Sporting Clube de Portugal, Frederico Varandas, a “patetice” (de Covid-19, ultimamente) que se tem verificado ao nível dos clubes profissionais de futebol.
Falo natural e especificamente da desavença recente (e que promete deixar mazelas) entre o clube de Alvalade e o FC Porto, a propósito dos eventuais testes “falsos positivos” ao Coronavírus, dos sportinguistas Nuno Mendes e Sporar.
Para os menos atentos, num resumo bastante sintético da situação, o diretor de comunicação do Sporting, Miguel Braga, veio a público afirmar, antes do clássico de terça-feira, que os testes à COVID-19 dos jogadores Nuno Mendes e Sporar, cujos resultados terão então detetado a presença do vírus no corpo dos atletas, foram erroneamente descritos pela UNILABS, o laboratório por tais testes responsável.
Após as informações da comunicação social do clube verde e branco, o FC Porto decide, nas suas pessoas responsáveis, vir alegar um atentado à saúde pública da parte do Sporting, aparecendo ainda (por razões a investigar) o SC Braga a repudiar a conduta do Sporting.
Tudo se converteu numa novela típica do futebol português, caracterizada por uma busca desmedida por protagonismo pelos seus mais diversos intervenientes, com a palavra final a ser dada pela UNILABS que, por fim, veio admitir o erro quanto aos testes efetuados aos jogadores Sporar e Nuno Mendes.
Como bem nos caracterizamos nesta página, não tomaremos qualquer tipo de “lado” nesta argumentação infantil que tem sido protagonizada por dois dos principais clubes nacionais. Esta polémica, como tantas outras no nosso futebol, apenas vem abrir, mais, uma ferida cuja cura parece estar cada vez mais longínqua e indetetável e que, para além disso, começa a infetar setores nucleares do desporto português.
Já aparentemente frágeis e transtornadas pelas sucessivas acusações entre si, as relações entre os mais prestigiados clubes do país apenas podem continuar a piorar se situações como estas se continuarem a reiterar. O ambiente tóxico que vem norteando as principais entidades deportivas do país (e que pelos vistos pioraram com a instalação do covid-19), em nada favorecem as dezenas de modalidades que estes clubes empregam e, supra, apenas intoxicam algo que, nos tempos difíceis e conflituosos que se abatem sobre nós atualmente, deveria servir como uma das principais fontes de entretenimento para o grande público nacional: o desporto na sua essência.
Tal ocorre, maioritariamente, porque momentos como estes protagonizados por Sporting, FC Porto e SC Braga, neste caso concreto, ultrapassam as direções e as administrações dos clubes, irradiando os seus efeitos para dentro das quatro linhas, comprometendo a espetacularidade e imprevisibilidade que adjetivam o desporto-rei, neste caso.
Desde o ano passado que temos sobre nós, adeptos, a nuvem da novela Rúben Amorim a pautar as (delicadas) ligações entre Sporting e SC Braga. Rezemos para que no próximo sábado, aquando do encontro das duas equipas na final da Taça da Liga, nenhum dos Presidentes aproveite para espoletar essa situação, tão bem silenciada durante os últimos meses pela comunicação social. Pelo futebol português e, essencialmente, pelas fortes ligações que o devem caracterizar.