Brasileirão, uma máquina de moer técnicos de futebol
Os clubes do Brasileirão 2020 estão “on fire”! Em 17 rodadas, 13 técnicos já deixaram o cargo. O último foi Vanderlei Luxemburgo, que saiu do Palmeiras após a derrota para o Coritiba. Eduardo Barroca, no Coritiba, e Ney Franco, no Goiás, foram os primeiros desligados, depois de quatro rodadas. Dorival Júnior, no Athletico, e Daniel Paulista (Sport) duraram uma partida a mais. Felipe Conceição deixou o Red Bull Bragantino depois do sexto jogo. Tiago Nunes caiu três rodadas depois. O Goiás já está no seu terceiro técnico, após a saída de Thiago Larghi. Enderson Moreira assumiu o time após a 12ª rodada.
A falta de paciência da cartolagem nacional não é novidade. E o roteiro geralmente é parecido. Dias antes da demissão, os dirigentes vem a público defender o “professor”. Na derrota seguinte, rua. No Coxa, o diretor de futebol Rodrigo Pastana defendeu Barroca dias antes de ambos perderem o emprego. Diretor geral do Athletico, Paulo André fez o mesmo com Dorival. Cartilha seguida também pelo presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, com Roger.
Técnicos demitidos no Brasileirão
Ney Franco (Goiás) – 4ª rodada
Eduardo Barroca (Coritiba ) – 4ª rodada
Dorival Júnior (Athletico) – 5ª rodada
Daniel Paulista (Sport) – 5ª rodada
Felipe Conceição (Red Bull Bragantino) – 6ª rodada
Roger Machado (Bahia) – 7ª rodada
Tiago Nunes (Corinthians) – 9ª rodada
Thiago Larghi (Goiás) – 12ª rodada
Paulo Autuori (Botafogo) – 12ª rodada
Ramon Menezes (Vasco) – 14ª rodada
Dyego Coelho (Corinthians) – 15ª rodada Vagner Mancini (Atlético-GO) – 15ª rodada *pediu demissão para assinar com o Corinthians
Vanderlei Luxemburgo (Palmeiras) – 16ª rodada”
Mas não se assuste porque até agora está tudo dentro do normal. Em 2018, foram 25 trocas de técnicos. No ano passado, 23. Então, quem será o próximo da fila?
Sem paciência, elite da Europa soma 30 demissões de técnicos na última temporada
O que o Barcelona, o Milan, Napoli, Arsenal, Tottenham, Bayern de Munique, Valencia Everton, Lyon e Monaco tiveram em comum na temporada passada? Todos mudaram de técnicos pelo menos uma vez!!
Mas esses são só os clubes realmente grandes, aqueles que costumam disputar competições europeias, que trocaram de comando. No total, as cinco principais ligas nacionais do Velho Continente (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França) viram 30 cabeças serem cortadas em 2019/2020. O número considera apenas os clubes que atuam na primeira divisão desses cinco países e as trocas realizadas depois do início dos campeonatos. Ou seja, aquelas mudanças no período entre as temporadas foram ignoradas. A marca pode até não assustar o torcedor brasileiro, acostumado há décadas com o troca-troca desenfreado dos treinadores, mas é uma considerável quebra de paradigma no cenário europeu.
Apenas cinco anos atrás, lá em 2014/2015, essas mesmas cinco ligas nacionais registraram 35 demissões de treinadores ao longo de toda a temporada. Até a metade da temporada europeia chegamos a 30 quedas. Como entender essa escalada de impaciência na elite do futebol mais rico do planeta? A principal explicação, claro, é o crescimento no sentimento de imediatismo que permeia toda a sociedade. Como ninguém quer mais esperar por nada, inícios ruins logo são classificados por jornalistas, torcedores e dirigentes como trabalhos fracassados, e quedas gritantes de desempenho são um atestado de que aquele treinador “já deu o que tinha que dar”.
Esse espírito cria situações surreais, como a saída de Mauricio Pochettino do Tottenham, seis meses depois de ele ter levado o clube à final da Liga dos Campões. O argentino viveu cinco anos de boa fase em Londres, mas seu crédito acumulado ao longo desse tempo não sobreviveu a um semestre de tropeços. Outro fator essencial na compreensão dessa onda de demissão, principalmente nos clubes grandes, é a concentração de receitas em algumas poucas mãos. O Barcelona e o Bayern de Munique, por exemplo, são tão mais ricos que a maioria dos seus rivais nacionais que qualquer tropeço no futebol local pode ser suficiente para levar a uma crise.
O Barça demitiu Valverde, mesmo sendo líder do Campeonato Espanhol depois de não passar das semifinais da Supercopa nacional. O Bayern abdicou de Niko Kovac quando era quarto colocado na Bundesliga. É claro que cada demissão de técnico tem suas particularidades, e algumas são realmente necessárias. Mas várias delas são resultado direto dessa onda de impaciência que também tomou conta do futebol da Europa.
Técnicos demitidos na Europa
Itália – 9 técnicos – Eusebio di Francesco (Sampdoria) Marco Giampaolo (Milan) Aurelio Andreazzoli (Genoa) Igor Tudor (Udinese) Eugenio Corini (Brescia) Fabio Grosso (Brescia) Carlo Ancelotti (Napoli) Vincenzo Montella (Fiorentina) Thiago Motta (Genoa).
Espanha – 6 técnicos – Marcelino Toral (Valencia) David Gallego (Espanyol) Mauricio Pellegrino (Leganés) Fran Escribá (Celta) Pablo Machín (Espanyol) Ernesto Valverde (Barcelona).
Inglaterra – 6 técnicos – Javi García (Watford) Mauricio Pochettino (Tottenham) Unai Emery (Arsenal) Quique Sánchez Flores (Watford) Marco Silva (Everton) Manuel Pellegrini (West Ham).
França – 5 técnicos – Ghislain Printant (Saint-Étienne) Sylvinho (Lyon) Alain Casanova (Toulouse) Leonardo Jardim (Monaco) Antoine Kombouaré (Toulouse).
Alemanha – 4 técnicos – Niko Kovac (Bayern de Munique) Achim Beierlorzer (Colônia) Sandro Schwarz (Mainz) Ante Covic (Hertha Berlim).