Quem sobreviveu ao moedor de empregos chamado Brasileirão?
A edição do Brasileirão de 2021 teve o menor número de trocas de técnicos dos últimos dez anos, igualando a época de 2012. Foram ao todo, 19 substituições de comando, bem abaixo das 27 registradas na última edição em 2020. A queda de demissões está relacionada à regra implementada pela CBF para o campeonato que se encerrou, e que limita a troca de treinadores. Apesar da utilização do “comum acordo” ter facilitado o caminho para mudanças no comando em muitos casos. Outra explicação, é a falta de dinheiro dos clubes durante a pandemia, assim como a safra ruim de ‘professores’ no mercado.
Segundo a nova regulamentação, o clube que demitisse o técnico, só poderia inscrever mais um treinador durante a competição. Em caso de uma segunda demissão, o substituto precisaria ter pelo menos seis meses de vínculo com o clube. Caso o próprio técnico pedisse para deixar o comando do time, o clube em questão não sofreria com a limitação para troca de comando no futuro e poderiam escolher outro profissional para o cargo. No caso dos treinadores, só podiam se demitir em somente uma oportunidade. Se pedissem demissão mais de uma vez, ele ficaria impossibilitado de treinar outra equipa durante a disputa da competição de 2021 na séria A.
A regra que limita o troca-troca de técnicos também esteve em vigor na Série B do Campeonato Brasileiro, e registrou 23 mudanças no comando, menor marca desde 2016. Na última temporada em 2020, foram 30 alternâncias durante a disputa. Tanto na Série A quanto a Série B contam com 20 equipas cada. Apenas cinco das 20 equipas da Série A não trocaram de treinador na edição do Brasileirão de 2021: Atlético Mineiro (Cuca), Corinthians (Sylvinho), Fortaleza (Juan Pablo Vojvoda), Palmeiras (Abel Ferreira) e Red Bull Bragantino (Maurício Barbieri). Só Abel e Barbieri estão há mais de um ano em seus respectivos clubes. O palmeirense completou o prazo recentemente, com direito a festa e bolo na Academia.
Já o América-MG, o Bahia e Grêmio foram as únicas equipes que trocaram de treinador mais de uma vez. O time de Minas Gerais começou o torneio com Lisca, mudou para Mancini e acabou com Marquinhos Santos no comando (começou o campeonato no Juventude). A equipe baiana, agora comandada por Guto Ferreira, chegou a ter Dado Cavalcanti e o argentino Diego Dabove (após apenas SEIS jogos!) como técnicos. Já o Tricolor Gaúcho iniciou sua trajetória na competição com Tiago Nunes, acabou substituído por Felipão e, hoje, ainda conta com Mancini, que estava com o América no início da competição. Não à toa, Bahia e Grêmio foram rebaixados para a série B do Campeonato Brasileiro de 2022.
Equipas sem dinheiro e falta de opções no mercado
A época com portões fechados nos estádios também ajudou os dirigentes a pensar com o ‘bolso’, ou pelo menos a pensar duas vezes antes de optar pela demissão. Sem o recurso do dinheiro das bilheterias, dos programas de sócio-torcedor e do matchday, os clubes perderam muito dinheiro. Era possível para muitos deles arrecadar cerca de R$ 10 milhões por mês com o torcedor. Sem os adeptos, esse dinheiro sumiu – o público começou a voltar aos estádios somente em outubro. A maioria dos treinadores colocam nos contratos multas rescisórias em caso de demissão unilateral. Hernán Crespo, por exemplo, deveria receber US$ 700 mil do São Paulo. Isso daria mais ou menos R$ 4 milhões.
Há ainda um dos fatores mais importantes, a falta de boas opções livre no mercado. Muitos treinadores estão desgastados e não são mais vistos como opções pelos dirigentes. Há também, aqueles profissionais que ainda estão em formação e alguns mais veteranos que sofrem com a desconfiança. E por tudo isso, e todo sucesso alcançado por Jorge Jesus em 2019 e Abel Ferreira em 2020 e em 2021 que o futebol brasileiro ainda se vale de treinadores estrangeiros para o posto!
Confira abaixo as trocas de técnicos no Brasileirão ano a ano de 2012 até 2021:
Ano – Demissões
2012 – 19
2013 – 24
2014 – 23
2015 – 32
2016 – 29
2017 – 23
2018 – 29
2019 – 26
2020 – 27
2021 – 19