Quem sobreviveu ao moedor de empregos chamado Brasileirão?

Renato SalgadoDezembro 23, 20214min0

Quem sobreviveu ao moedor de empregos chamado Brasileirão?

Renato SalgadoDezembro 23, 20214min0
Apenas cinco das 20 equipas da Série A seguiram com o mesmo treinador do início até o final do Brasileirão. Apesar disso, o campeonato teve a menor média de demissões desde 2012. Segundo a nova regulamentação, o clube que demitisse um técnico, poderia inscrever apenas mais um treinador durante a competição.

A edição do Brasileirão de 2021 teve o menor número de trocas de técnicos dos últimos dez anos, igualando a época de 2012. Foram ao todo, 19 substituições de comando, bem abaixo das 27 registradas na última edição em 2020. A queda de demissões está relacionada à regra implementada pela CBF para o campeonato que se encerrou, e que limita a troca de treinadores. Apesar da utilização do “comum acordo ter facilitado o caminho para mudanças no comando em muitos casos. Outra explicação, é a falta de dinheiro dos clubes durante a pandemia, assim como a safra ruim de ‘professores’ no mercado.

Segundo a nova regulamentação, o clube que demitisse o técnico, só poderia inscrever mais um treinador durante a competição. Em caso de uma segunda demissão, o substituto precisaria ter pelo menos seis meses de vínculo com o clube. Caso o próprio técnico pedisse para deixar o comando do time, o clube em questão não sofreria com a limitação para troca de comando no futuro e poderiam escolher outro profissional para o cargo. No caso dos treinadores, só podiam se demitir em somente uma oportunidade. Se pedissem demissão mais de uma vez, ele ficaria impossibilitado de treinar outra equipa durante a disputa da competição de 2021 na séria A.

A regra que limita o troca-troca de técnicos também esteve em vigor na Série B do Campeonato Brasileiro, e registrou 23 mudanças no comando, menor marca desde 2016. Na última temporada em 2020, foram 30 alternâncias durante a disputa. Tanto na Série A quanto a Série B contam com 20 equipas cada. Apenas cinco das 20 equipas da Série A não trocaram de treinador na edição do Brasileirão de 2021: Atlético Mineiro (Cuca), Corinthians (Sylvinho), Fortaleza (Juan Pablo Vojvoda), Palmeiras (Abel Ferreira) e Red Bull Bragantino (Maurício Barbieri). Só Abel e Barbieri estão há mais de um ano em seus respectivos clubes. O palmeirense completou o prazo recentemente, com direito a festa e bolo na Academia.

Já o América-MG, o Bahia e Grêmio foram as únicas equipes que trocaram de treinador mais de uma vez. O time de Minas Gerais começou o torneio com Lisca, mudou para Mancini e acabou com Marquinhos Santos no comando (começou o campeonato no Juventude). A equipe baiana, agora comandada por Guto Ferreira, chegou a ter Dado Cavalcanti e o argentino Diego Dabove (após apenas SEIS jogos!) como técnicos. Já o Tricolor Gaúcho iniciou sua trajetória na competição com Tiago Nunes, acabou substituído por Felipão e, hoje, ainda conta com Mancini, que estava com o América no início da competição. Não à toa, Bahia e Grêmio foram rebaixados para a série B do Campeonato Brasileiro de 2022.

Equipas sem dinheiro e falta de opções no mercado

A época com portões fechados nos estádios também ajudou os dirigentes a pensar com o ‘bolso’, ou pelo menos a pensar duas vezes antes de optar pela demissão. Sem o recurso do dinheiro das bilheterias, dos programas de sócio-torcedor e do matchday, os clubes perderam muito dinheiro. Era possível para muitos deles arrecadar cerca de R$ 10 milhões por mês com o torcedor. Sem os adeptos, esse dinheiro sumiu – o público começou a voltar aos estádios somente em outubro. A maioria dos treinadores colocam nos contratos multas rescisórias em caso de demissão unilateral. Hernán Crespo, por exemplo, deveria receber US$ 700 mil do São Paulo. Isso daria mais ou menos R$ 4 milhões.

Há ainda um dos fatores mais importantes, a falta de boas opções livre no mercado. Muitos treinadores estão desgastados e não são mais vistos como opções pelos dirigentes. Há também, aqueles profissionais que ainda estão em formação e alguns mais veteranos que sofrem com a desconfiança. E por tudo isso, e todo sucesso alcançado por Jorge Jesus em 2019 e Abel Ferreira em 2020 e em 2021 que o futebol brasileiro ainda se vale de treinadores estrangeiros para o posto!

Confira abaixo as trocas de técnicos no Brasileirão ano a ano de 2012 até 2021:

Ano   –  Demissões

2012 –    19

2013 –    24

2014 –    23

2015 –    32

2016 –    29

2017 –    23

2018 –    29

2019 –    26

2020 –    27

2021 –    19


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