Felipão será a salvação da época do Athletico Paranaense?
O Athletico Paranaense ainda não mostrou em 2022 a organização e o vanguardismo recente. Mesmo utilizando uma equipa alternativa no início da época, com garotos das categorias de base, não chegou a vencer o campeonato estadual (o Coritiba foi campeão sobre o Maringá), sofre no Brasileirão e amarga a última posição em seu grupo na Libertadores da América. Não apenas os jogadores, mas principalmente comissão técnica e diretoria patinam em suas decisões fora do relvado. A última: Felipão chega para ser diretor-técnico da equipa. Aposta ou solução imediata?
O Fair Play traz algumas informações para tentar identificar se a decisão de Mario Celso Petraglia foi a ideal, ou mais uma tentativa desesperada de controlar dentro do relvado o que fora dele não está mais em sintonia. O presidente do clube, tido por muitos como mandatário único das decisões envolvendo o Athletico, chegou recentemente a criticar os adeptos da equipa de forma aberta, chamando-os de interesseiros e egoístas, e dizendo que a equipa não depende de fãs para seguir. Parecia falar de si mesmo?
O Athletico Paranaense é o atual campeão da Copa Sul-Americana, vencendo o Red Bull Bragantino ao fim de 2021 e terminando o ano em estilo. Mesmo assim, o então treinador Alberto Valentim não gozava de tanto prestígio com seus adeptos, o que fez o técnico ter vida curta em 2022. Apenas um jogo no Brasileirão foi suficiente para perder o cargo, curiosamente da mesma forma que em 2021, quando foi demitido do Cuiabá na primeira jornada. A aposta então era em um perfil “jovem e vencedor” e que tivesse um projeto a longo prazo para o Athletico. Fábio Carille foi o escolhido, mesmo já com uma sondagem a Felipão.
A ideia era que Carille trabalhasse as novas contratações da equipa. Os médios defensivos Pablo Siles e Bryan Garcia, os avançados Cuello, Canobbio e Vitor Roque (além das chegadas sem custos de Dedé, Orejuela, Matheus Fernandes e Hugo Moura, e nomes mais badalados como Marlos, Vitor Bueno, Cirino, Pablo e Vitinho). Foram apenas 21 dias e 7 jogos para que qualquer convicção no treinador caísse. Carille foi demitido após derrota ao The Strongest por 5-0 na Libertadores, com 3 vitórias e 4 derrotas (42% de aproveitamento). Então com 3 pontos no Brasileiro, e 4 pontos na Libertadores, na última posição do grupo B (com Libertad-PAR, The Strongest-BOL e Caracas-VEN).
De fato a goleada sofrida para um time relativamente menos forte que o Athletico surpreendeu, mas a demissão foi ainda mais surpreendente. Decisão precipitada de quem não teve convicção na contratação. Como já dito, Felipão estava no radar, mas não pôde aceitar naquele momento por estar em Portugal resolvendo situações familiares e avaliando outras propostas de emprego. Com apenas 21 dias de trabalho, não é possível identificar quais os pontos que levaram Carille a ser demitido, a não ser uma postura exclusivamente indiferente ao que foi acordado dias atrás, sem nenhuma justificativa plausível.
As saídas de nomes sólidos no Athletico, como Nikão (para o São Paulo) e o guarda-redes Santos (para o Flamengo) juntamente com a chegada de muitos reforços, ainda não adaptados ao clube, tem de ter peso na falta de paciência com o treinador anterior. Precisava de tempo para encaixar todas as peças, algo que não foi dado. Carille sequer encontrou uma casa para morar em Curitiba, estava morando no Centro de Treinamento devido a “urgência” de seu trabalho.
Felipão chega ao Athletico após passagens estranhas em equipas brasileiras. Em 2020 no Cruzeiro, tendo a missão de livrar a equipa de um assustador rebaixamento para a Série C do Brasileirão. Conseguiu o feito, mas saiu pelas portas dos fundos, depois de constantes desgastes com a diretoria mineira. E em 2021 pelo Grêmio, em passagem que contribuiu para o rebaixamento do Grêmio para a Série B do Brasileirão agora em 2022. Saiu em Outubro de 2021 curiosamente após 21 jogos pelo time gaúcho, mesma quantidade de dias de Carille frente ao Athletico.
O conceito de sua contratação é que ainda não está muito claro. Chega para ser diretor-técnico do clube, junto com seus auxiliares de longa data, Carlos Pracidelli e Paulo Turra, o que culminou na demissão de auxiliares fixos do Athletico Paranaense, Bruno Lazaroni e Mauricio Souza. A estreia de Luiz Felipe Scolari será contra o Tocantinópolis, pela Copa do Brasil, sendo que neste domingo (08 de maio) o técnico já comandou seu primeiro treino para os jogadores que não atuaram na vitória contra o Ceará.
A ideia é contar como Felipão na vaga que Paulo Autuoria ocupava, de tomar as decisões extra campo, como novas contratações, mudanças técnicas e de staff, além de comandar as equipas a beira do campo, mas sem a necessidade de estar presente em todos os treinos de forma enérgica (algo que, como Petraglia diz, ocorria com muito êxito no Manchester United de Alex Ferguson). Resta saber se o presidente irá deixar que Felipão exerça de fato seu trabalho sem interrupções, ou se será mais uma das vontades passageiras do mandatário.
? Felipão comandou o primeiro treino no CAT Caju!
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— Athletico Paranaense (@AthleticoPR) May 8, 2022