Equipas brasileiras apostam no empreendimento de marcas próprias

Rafael RibeiroJunho 7, 20206min0

Equipas brasileiras apostam no empreendimento de marcas próprias

Rafael RibeiroJunho 7, 20206min0
Os lucros das equipas, ao também serem complementados pela venda de artigos que envolvam o nome e a marca de cada uma, são tópico importante neste momento de pandemia. Veja porque algumas já decidiram a fabricar seus próprios itens.

É comum que equipas vejam em seus materiais esportivos uma boa forma de patrocínio, seja pelo valor pago por grandes marcas para a aquisição do direito de produção, ou mesmo pela arrecadação que as equipas terão com a venda de seus artigos, variando cada vez mais a forma de contrato entre as partes para que ambas saiam ganhando. Mas um dos fatores mais importantes a se levar em consideração é o vínculo que tal marca criará neste empreendimento, afinal são os adeptos que irão ditar o sucesso de uma nova linha de produtos, por exemplo.

Com isso em mente, além de outros pontos considerados frustrantes por algumas equipas, é que elas decidiram não mais assinar contrato com marcas de material esportivo, e sim criar a sua própria forma de produção, distribuição e venda de artigos esportivos, na aposta de que uma marca própria poderá criar um vínculo mais forte com os adeptos, cativar a venda de itens muitas vezes não fabricados por outras marcas, além de pensar no custo benefício de todo o projeto. O Fair Play cita quem aderiu na Série A do Brasileirão 2020:

Esquadrão (Bahia)

A marca própria do Bahia substituiu a Umbro em 2018, sendo a primeira a fabricar sua própria camisola, seguindo passos de times que já haviam criado sua marca, como o Paysandu, Santa Cruz e Joinville. Um detalhe que irá se repetir em muitas das equipas que seguem essa linha de empreendimento é o envolvimento dos adeptos. No caso do Esquadrão não foi diferente, e o design das camisolas usualmente conta com a partipação e votação dos adeptos para ser escolhido. Em 2020, o fato marcante para o Esquadrão foi assinar um contrato para fornecimento de material esportivo para o Vitória da Conquista, equipa adversária do próprio Bahia no Campeonato Baiano.

Esquadrão, marca própria do Bahia (Foto: Twitter/E.C.Bahia)

Leão 1918 (Fortaleza)

Criada em 2016 ainda na Série C, a marca Leão 1918 acompanhou a campanha de sucesso recente do Fortaleza. Com o vice da Série C em 2017 e o título da Série B no ano seguinte, estreou no Brasileirão Série A em 2019, mostrando a força da marca para seus adeptos. Assim como o Bahia, o Fortaleza também conseguiu, por meio de sua marca, implementar uma linha de loja e quiosques para a venda dos artigos, além do site oficial da marca para venda online. Ela substituiu na época a marca Kappa, e mesmo envolvendo grandes riscos para a equipa tomar esta atitude, já são praticamente quatro anos e um nome consolidado.

Leão 1918 é a marca do Fortaleza. Este kit é da época de 2019 (Foto: Divulgação)

Vozão (Ceará)

Seguindo a tendência até mesmo de seu rival Fortaleza, o Ceará criou sua marca ao final de 2019, e estreia na Série A de 2020 a Vozão, marca própria baseada no Mais Querido, como é conhecido o time. Em seu lançamento, divulgou a camisa e outros materiais diretamente aos adeptos na principal praça da capital cearense, e diversificando ações de marketing, como desconto nas peças para quem for sócio torcedor do Ceará. Mesmo com a paralisação do futebol, tanto o Ceará quanto as demais equipas comemoram os números apresentados pelas marcas próprias se comparadas a outras (Vozão substituiu a marca brasileira Topper).

 

Ceará divulga sua nova marca para 2020 (Foto: Felipe Santos/cearasc.com)

Green 33 (Goiás)

Deixando também a Topper, o Goiás anunciou para o segundo semestre de 2019 e início de 2020 a criação da marca Green 33, que será o material esportivo próprio da equipa. Seguindo a estratégia do Paysandu (como citamos acima, ao criar a marca Lobo para seu material esportivo) e também de outras equipas como o Paraná, a Green 22 representou para a Topper a perda de metade das equipas que patrocinava (também perdeu os contratos com Vitória (Kappa), Botafogo (Kappa) e Atlético Mineiro (Le Coq Sportif). E como nem tudo são notícias positivas, vale destacar o ponto negativo da apresentação da linha de produtos, que envolveu a divulgação de vídeos com “excesso” de sexismo, com mulheres em poses sensuais, e que causou uma imagem negativa para a marca logo em seu início.

Goiás mostra a linha de camisolas Green 33 (Foto: Diário de Goiás)

Dragão Premium (Atlético-GO)

Rival do Goiás, o Atlético Goianiense lançou, para 2019, a sua marca própria Dragão Premium. O lançamento foi para já serem usados na Copa do Brasil do ano passado, em substituição à marca Numer, um braço da empresa Super Bolla. Assim como as outras marcas citadas, a Dragão Premium também tem a liberdade de criar uma linha completa, assim como uniformes de viagem, de treino e também camisolas para datas especiais, como a camisola rosa criada para a campanha Outubro Rosa, de prevenção ao câncer de mama.

Atlético Goianiense ao divulgar o uniforme de 2019 da Dragão Premium (Foto: Reprodução).

1909 (Coritiba)

Referindo-se ao ano de fundação da equipa, 1909 é a marca própria do Coritiba, lançada já para o segundo semestre de 2018. O Coxa tinha contrato com a Adidas, mas esperava com a criação da marca um retorno financeiro melhor, com uma expectativa de aumentar em cinco vezes o valor ganho, já que tinha um contrato pouco proveitoso com a marca alemã, mesmo tendo anteriormente a ela um contrato também com outra gigante, a Nike. Um dos itens mais procurados foi a camisola de guarda-redes desenhada por um dos ídolos do clube, o guarda-redes Wilson.

Ao centro, a camisola de guarda-redes de Wilson foi a mais procurada (Foto: Coritiba Foot Ball Club)

Marcas conhecidas como Adidas, Umbro, Under Armour, além de empresas nacionais como Olympikus, Topper e Penalty acabaram perdendo espaço entre equipas por não flexibilizarem seus contratos, ou mesmo por não conseguirem suportar a demanda exigida por cada equipa, mesmo que cada uma tenha um mercado mais regionalizado. Soma-se a isso o fato de a marca esportiva dessas equipas mudar regularmente, sem que haja uma estratégia de marketing de longo prazo, e que não estimula o torcedor a investir nesses equipamentos. A marca própria é certamente um case de sucesso a se analisar.


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