O Dia da Glória marca a Volta do Cruzeiro Cabuloso à Série A
Mineirão, 08 de dezembro de 2019, última rodada do Brasileirão daquela época. O Cruzeiro perde para o Palmeiras por um placar de 2-0, com gols de Zé Rafael e Dudu. O jogo não chega ao final, porque a torcida da Raposa, revoltada com o resultado, criou uma grande confusão no estádio e o árbitro, em nome da segurança de todos, encerrou a partida aos 86 minutos.
Começava ali um pesadelo sem fim para o Cruzeiro Esporte Clube, uma das equipas mais famosas do Brasil, com uma série de conquistas importantes, como Copas do Brasil, Brasileirões e Libertadores. Com a derrota para o Palmeiras, o time não conseguiu se qualificar para permanecer na Série A do principal torneio de futebol do país. E iria disputar a Série B no ano seguinte.
2020: o início do tormento e a continuação do pesadelo
Fruto de uma série de desmandos em sua diretoria, o Cruzeiro não conseguia se achar no campo administrativo. Logo no primeiro ano de sua participação na Série B, a Raṕosa foi punida pela FIFA pelo não pagamento de uma dívida contraída junto ao Al-Wahda quando da contratação do jogador Denilson, e teve que iniciar o certame já com um déficit de seis pontos por conta deste débito com a maior entidade do futebol mundial.
A equipa até que começou bem o campeonato, mas logo demonstrou não ter forças para fazer uma campanha digna de um time grande. A pandemia de Covid-19 paralisou os campeonatos e a crise econômica no clube, que já era grande, piorou ainda mais. Sem poder contar com rendas decorrentes da arrecadação das torcidas, o Cabuloso mal conseguiu permanecer na primeira página de classificação, e passou praticamente o campeonato inteiro a namorar a zona de rebaixamento à Série C. Em seu primeiro ano a disputar a Série B, o Cruzeiro terminou na incômoda 11a posição, e mesmo que contasse com os seis pontos da punição também não conseguiria subir.
2021: um novo vexame e a esperança de dias melhores
Em 2021 um novo fracasso. Enquanto todos os times grandes que caíram anteriormente conseguiram subir logo no ano seguinte à sua queda (e isso inclui o rival Atlético), o Cruzeiro teve que amargar mais uma tentativa de subida. Infelizmente, o que se viu no relvado foi um novo reflexo dos desmandos de sua diretoria. O problema administrativo chegou às esferas da Justiça e alguns de seus dirigentes foram presos por suspeitas de corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Literalmente a Raposa chegara ao fundo do poço e sua torcida não conseguia enxergar uma saída.
Pra piorar a situação, o rival Atlético estava numa das melhores fases de sua história. Líder do Brasileirão, brigou até o final em todas as competições que disputou, e chegou a se sagrar o Campeão Brasileiro de 2021. Enquanto isso, o Cruzeiro não conseguia sequer chegar à primeira página de classificação da Série B. A equipa terminou o campeonato numa posição ainda pior que na época passada, ao finalizar o certame na 14a posição. Como consolo, deixou de ser a única equipa grande a não subir no ano seguinte, pois o Vasco da Gama também disputou o mesmo certame e não conseguiu o ascenso.
A boa notícia veio somente no fim do ano, em dezembro, quando o ex-jogador e Campeão do Mundo Ronaldo Fenômeno comṕrou 90% das ações do clube, que se tornou uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol), a fazer o Cruzeiro um dos pioneiros nesse modelo no Brasil.
2022: a redenção. Finalmente, o Dia da Glória chegou
Ronaldo conseguiu equalizar a situação administrativa do clube. Pagou as dívidas, reduziu os custos, trocou de treinador. A chegada do uruguaio Paulo Pezzolano é um divisor de águas no Cabuloso. O Cruzeiro de 2022 é um time sensacional, capaz de marcas históricas que serão lembradas por muito tempo.
A começar pela inédita ascenção precoce: enquanto o Cruzeiro de 20 e 21 não conseguia chegar na primeira página da classificação, o Cabuloso de 22 não largou a liderança desde a oitava jornada, quando venceu o Náutico e assumiu de vez a ponta para não largá-la mais. Ao que tudo indica, a Raposa será a campeã antecipada e se atingir essa marca serão nada mais nada menos do que 30 jornadas na liderança,
Além disso, o Cruzeiro foi, dentre os grandes que caíram, o clube que conseguiu garantir matematicamente o acesso com apenas 31 jornadas. Nenhuma outra equipa na História da Série B do Brasileirão com 20 clubes conseguiu tal proeza. A campanha do Cabuloso impressiona: até agora, acumulou 68 pontos em 31 partidas, com 20 vitórias, 8 empates e apenas 3 derrotas, e como se tudo isso não bastasse, ainda tem o melhor ataque e a melhor defesa da competição.
Assim, a supremacia é incontestável, para alegria de seus torcedores que ainda estão a comemorar nos braços do povo a subida do Cruzeiro após a vitória por 3-0 frente ao Vasco e a praticamente certa eliminação do rival Atlético em todas as competições disputadas na época.
O Estado de Minas Gerais está em festa. O candidato a governador está em vias de ser reeleito nas eleições que ocorrerão agora no início de outubro. Ele lidera as pesquisas de intenção de voto e deve ganhar na primeira volta. Pelo menos nesse quesito, cruzeirenses e atleticanos estão em acordo. Mas é só por enquanto, porque em 2023 o maior clássico do Estado estará de volta a lotar o Mineirão para alegria de suas duas maiores torcidas.
Parabéns, Cruzeiro Esporte Clube!