Ansu Fati: a eterna promessa?

Matilde PinholFevereiro 13, 20234min0

Ansu Fati: a eterna promessa?

Matilde PinholFevereiro 13, 20234min0
Uma promessa com uns pés especiais, Ansu Fati vive assolado por lesões intermináveis que impedem-no de atingir outro nível... ainda irá a tempo?

“As coisas vão dar certo, temos de ter paciência. O Ansu (Fati) é um ativo espetacular do clube, confiamos muito nele, mas temos de ter paciência! (…) Está a trabalhar bastante bem, tem uma mentalidade tremenda nos treinos. Estou feliz, mas temos de ser pacientes. Ele tem 20 anos, precisa de tempo. (…) Não é hora de falar de vendas.”, respondeu recentemente Xavi numa conferência de imprensa. Foi assim que o treinador do FC Barcelona, deu a entender ao Mundo que depositava uma confiança imensa no jovem extremo Ansu Fati.

Nascido e criado na La Masia, nome pelo qual é conhecida a formação do Barça, Fati foi apontado como uma das maiores esperanças do futuro do clube, assumindo a responsabilidade de usar o n. º 10 que outrora pertencera a Messi. No entanto, a vida atraiçoou-o com graves lesões e difíceis recuperações, as quais têm dificultado a sua plena afirmação no futebol europeu. A par disso, a sua popularidade tem decrescido entre os adeptos, sendo um dos nomes menos procurados para a estampagem de camisolas.

Dia 7 de novembro de 2020 marcou o início deste capítulo difícil. O Barcelona, sob o comando de Ronald Koeman, e o Bétis encontravam-se em Camp Nou para a 9.ª jornada da La Liga. Decorridos 31 minutos da partida, Mandi atingiu brutalmente o pé esquerdo de Ansu, obrigando-o a fazer um movimento brusco com o joelho. Tal movimento fê-lo ficar queixoso, sendo substituído ao intervalo após lamentar-se de uma dor persistente. Para infortúnio do próprio, o mais temível seria confirmado horas depois: acabava de sofrer uma lesão no menisco que o afastaria dos relvados. Após um início de temporada promissor, com 5 golos e 4 assistências em 10 jogos, o extremo culé ficaria de fora por dez meses.

Voltaria a jogar dia 26 de setembro de 2021 frente ao Levante, num regresso digno de guião de Hollywood: entrou aos 81 minutos e no prolongamento fez o 3-0, fechando o marcador com chave de ouro. Para o clube que acabava de perder no mercado de verão o ídolo argentino Lionel Messi, Fati parecia a solução certa para assumir a posição. Mal poderiam prever que seis jornadas depois o jogador voltaria novamente a sair lesionado de campo, ausentando-se por outros dois meses. Este cenário repetir-se-ia pouco tempo depois frente ao Athletic Club de Bilbao.

Na opinião do internacional espanhol, “As lesões ajudam-te a amadurecer porque passas a dar mais valor a tudo. Aprendes especialmente a valorizar os pequenos detalhes, e isso faz-te crescer muito. Todo esse tempo também me ajudou a ter consciência de tudo e a trabalhar duro para regressar”. Estas são palavras que parecem demonstrar a capacidade de reação e a força mental com que o jovem se apresenta perante as adversidades que um começo de carreira atribulado lhe colocou.

Para lá deste azar, é impossível pensar em como Ansu Fati acabou por se tornar um jogador um tanto diferente após todo o ocorrido ultimamente. A nível de dados, os mesmos tendem a confirmar a tese de que estará numa tentativa de se tornar num jogador mais direto, assumindo mais o papel de finalizador ao invés do de desequilibrador. De momento, não é titular indiscutível numa equipa com chances de conquistar o título de campeão de Espanha, a Copa del Rey e, quiçá, o troféu da Liga Europa. Apesar disso, tem tido uma quantidade considerável de minutos em campo, conseguindo um total de 5 golos frente a equipas como o Villareal ou Bétis, chegando inclusive a entrar para a convocatória de Luis Enrique do Mundial de 2022 no Qatar.

Chega a ser desolador ver o potencial de jovens talentos condicionado por algo que, em grande parte, foge ao seu controlo. Resta-nos aguardar pacientemente que Ansu se adapte ao novo estilo de jogo que pratica, reconquistado a própria confiança e o coração dos adeptos, acumulando golos e minutos nas mais variadas competições nacionais e internacionais. Talvez num futuro próximo possamos admitir sem medos de que é merecedor do número que leva às costas, número esse que tantas felicidades trouxe ao clube, num passado ainda fresco nas memórias de quem o viveu em todo o seu esplendor.

Foto: Getty Image

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