James Rodríguez, o pródigo colombiano que está em crescendo
Quando olhamos para o Bayern de Munique, vemos que é uma equipa recheada de estrelas, de jogadores que conseguem definir por si aquilo que é o desempenho e os resultados do clube. É uma equipa onde apenas os melhores jogam, onde nem todos têm lugar. É também um clube que procura as melhores oportunidades para se apetrechar de elementos que possam continuar o legado vitorioso do clube. Neste sentido, um elemento que vem beneficiando com o normal domínio em solo alemão do clube bávaro é James Rodríguez.
O colombiano chegou ao clube alemão depois de algumas épocas positivas, mas atribuladas no também colosso Real Madrid, e a verdade é que o jogador parecia não ter muita margem de manobra nas escolhas de Zinedine Zidane, facto aproveitado pelo Bayern para operar um negócio que inclui dois anos de empréstimo, com opção de compra.
A passada experiência de James
James Rodríguez prima-se por ser um jogador já com larga experiência, mesmo tendo apenas 26 anos, mas tendo já passado por FC Porto, AS Mónaco, Real Madrid e agora Bayern Munique (isto apenas na Europa), percebe-se que agora é um jogador mais maduro, que não tem apenas um talento raro e cru mas que o seu talento está conjugado com uma maior capacidade mental, algo que faltou um pouco em Madrid mas que em Munique, num ambiente bastante mais propício e menos melodramático, se tem revelado fundamental.
Sem dúvida que James é um dos maiores talentos da sua geração. Com um pé esquerdo invejável, que se nota na sua excelente marca de golos alcançados através do seu excelente remate, na sua capacidade técnica de passe e finta curta, o colombiano tem todas as características para suceder no futebol. Tudo o que faltava era ter confiança e ritmo de jogo constante, algo que não acontecia em Madrid.
A retoma em Munique
Em Munique, a época nem começou bem, a equipa fez uma primeira dezena de jogos bastante abaixo daquilo que eram as suas possibilidades e a exigência que é necessária impor a um colosso do futebol alemão e mundial. Existiu até quem tivesse algumas dúvidas daquilo que poderia ser a época bávara, se o domínio interno continuaria. A verdade é que tais dúvidas foram já dissipadas, com o Bayern a ter já uma larga vantagem pontual, na casa das dezenas, para os seus “adversários diretos”, com esta expressão a estar entre aspas porque os mesmos nem podem ser normalmente designados desta forma.
James Rodríguez começou a sua aventura em solo alemão com um técnico que já o conhecia bem dos tempos do Real Madrid: Carlo Ancelotti. A verdade é que tal nem se notou de forma muito ativa, já que o médio fez apenas 237 minutos sob o comando do italiano, isto até à sétima jornada do campeonato e já contando com outras competições, altura em que Ancelotti saiu.
A verdade é que foi com a entrada de Jupp Heynckes na equipa que o colombiano ganhou confiança nos seus atributos, bem como todo o resto da equipa. Já jogou 1065 minutos desde a entrada do alemão, quase doze jogos completos dos dezasseis que a equipa já disputou com a liderança do técnico. Com o passar dos jogos e a recuperação plena das suas competências físicas, vemos cada vez mais um jogador entrosado com os seus companheiros e a oferecer-lhes uma visão de jogo como poucos oferecem no mundo.
Podemos ver a prestação do colombiano de duas formas. A primeira relaciona-se com um forte coletivo que está em seu redor, um coletivo que se complementa perfeitamente em todos os campos de jogo e que potencia os destaques individuais sem detrimento da qualidade de jogo. A segunda encontra-se através da necessidade que este Bayern tem de ter um criativo que lhe permita dar bolas a marcar aos seus pontas de lança, é preciso criar uma ligação forte entre o meio campo ofensivo dos bávaros e o seu ataque, comandado por Robert Lewandowski. É isso mesmo que James Rodríguez permite.
A importância de James no jogo bávaro
Em Munique, James joga no centro do terreno, o seu local predileto nesta altura da carreira, ele que, em Madrid, jogava mais como um extremo puro, algo que não reflete mais as suas características de jogo. James é agora um jogador de toque curto, alguém que permite que os seus colegas se libertem no terreno para zonas mais perto do golo.
Tem sido interessante a disputa amigável entre James Rodríguez e Thomas Muller, dois jogadores que tipicamente funcionariam como o segundo avançado no esquema 4-2-3-1 tradicionalmente implementado por Heynckes. James Rodriguez tem aproveitado muito bem as suas oportunidades, focando-se mais num jogo rendilhado e equilibrado com as necessidades do meio campo mais recuado. Já Thomas Muller tem sido desviado, na maioria das ocasiões, para outras posições que não são as suas de origem, desde extremo direito a ponta de lança quando Lewandowski está ausente, o que tem acontecido nos últimos tempos.
É verdade que James, não sendo um ponta de lança, é um jogador que marca muitos golos, mas este ano a sua função principal é outra. Os seus três golos e cinco assistências em vinte presenças, de acordo com o Transfermarkt, são estatísticas interessantes mas que irão ainda certamente subir nesta segunda metade de época. Destaque-se que os três golos foram marcados a adversários importantes (Schalke 04, RB Leipzig e Bayer Leverkusen), algo que demonstra a aptidão de James para os jogos grandes.
Acima está o maravilhoso golo marcado por James no último jogo do Bayern frente ao Leverkusen, uma obra de arte apenas ao alcance dos melhores, um golo um pouco ao jeito do que apenas Lionel Messi consegue fazer. O crescimento estatístico beneficiará da boa segunda metade de época que o Bayern parece capaz de realizar, pois tem processos mais consolidados e um balneário mais unido que aquele existente no início de época.
A influência na seleção
O colombiano é, recorde-se, o Bola de Ouro do último Mundial, realizado no Brasil. Para o Mundial que vem, espera-se que o playmaker possa levar a sua nação a mais uma boa campanha na maior competição de futebol do mundo. Depois do Mundial, o jogador pareceu realmente regredir um pouco no que toca à sua forma e na sua influência em campo, mas, com a confiança que vem ganho nesta época, podemos e devemos esperar coisas bonitas outra vez.
Se em 2014 a responsabilidade do craque se prendia com o seu talento, em 2018 acrescenta-se um importante fator. Rodríguez é o capitão da congénere colombiana, tendo a responsabilidade de comandar as suas tropas nos relvados russos, de liderar uma equipa tradicionalmente muito aguerrida, como as sul americanas tipicamente o são. É aqui que se reflete também aquele que é o crescimento do jogador, que passou de um jogador irreverente e puramente rebelde para ser um maestro que lidera as hostes através da sua inteligência comportamental em campo.
Com o crescimento de forma do jogador ao longo de 2017/2018, será então de esperar que a Colômbia possa esperar contar com o seu maior craque em destaque. Esperam-se golos e assistências para o inevitável Radamel Falcão, eles que formam uma parceria muito benéfica para a sua seleção.
Em soma, os adeptos de real futebol podem esperar um 2018 à medida de James Rodríguez. A estadia na Alemanha tem feito maravilhas a um colombiano que tem muito para dar ao futebol. Com 26 anos, terá ainda perto de uma dezena de anos para brilhar nos relvados, e a verdade é que a aventura por Munique parece estar para continuar para o futuro próximo, visto que James quer ficar em solo alemão depois do empréstimo acordado e o Bayern, com as exibições do médio, parece estar destinado a aplicar a cláusula destinada à compra definitiva do colombiano.
Em ano de Mundial, as expectativas são ainda maiores, pois o seu desempenho no passado traz água na boca no que toca aos desempenhos na Rússia. Esperemos para ver, primeiro é necessária a conquista de títulos ao serviço do Bayern.