A forte defesa do Leipzig que começa na frente e acaba na profundidade de opções

Pedro CouñagoFevereiro 28, 20199min0

A forte defesa do Leipzig que começa na frente e acaba na profundidade de opções

Pedro CouñagoFevereiro 28, 20199min0
Neste artigo, o Fair Play explora um pouco daquelas que são as qualidades do setor defensivo desta equipa, que começa a defesa na pressão exercida à frente. Além disso, será interessante acompanhar qual o futuro deste clube com um jovem técnico entusiasmante no seu comando.

Já é sabido que o RB Leipzig é um clube polémico no contexto alemão, face a todo o contexto da sua relação com a Red Bull e ainda à pouca “história” que o clube possui na modalidade. No entanto, a verdade é que o clube tem feito uma evolução meteórica ao longo dos anos, estabilizando como um dos principais clubes da Bundesliga, dando a mostrar ao mundo muitos talentos apetecíveis para outros clubes.

Este ano, é de referir a campanha fraca na Liga Europa, em que o clube não passou da fase de grupos da competição e seria de esperar que chegasse até às fases mais avançadas da prova, mas, na Bundesliga, a campanha tem sido de qualidade, na luta pelos lugares de Champions.

A principal razão da boa performance na Bundesliga é a forte performance da defesa da equipa. O Leipzig é a melhor defesa do campeonato alemão, com 20 golos sofridos, sendo o único clube com uma média inferior a 1 golo sofrido por jogo. Num campeonato em que os golos aparecem em catadupa, com a competitividade no máximo e a vontade incessante de marcar golos, é um feito notável. A equipa tem também jogadores muito fortes nas restantes fases do jogo, com um Yussuf Poulsen em grande forma, Timo Werner a grande estrela, um meio campo com jogadores como Laimer, Tyler Adams, Kevin Kampl, Diego Demme e Stefan Ilsanker que garantem qualidade, pressão, passe e intensidade nas ações e ainda alas bem recheadas por Forsberg, Bruma e Sabitzer, mas a defesa tem sido mesmo o principal fator de destaque.

No campo ofensivo, o polivalente Yussuf Poulsen, que é bastante voluntarioso nos diferentes momentos do jogo, tem sido um autêntico leão em frente à baliza (Foto: Crypto Coin Discovery)

A forte capacidade de recuperação de bola e de variabilidade tática

O Leipzig é conhecido por jogar um futebol intenso, que potencia as qualidades dos seus jovens (23,7 anos é a média de idades do plantel!) e que lhes dá incentivo para progredir a nível físico e mental.

Os técnicos que têm passado pelo clube têm realmente apostado num futebol que pretende ser ofensivo, que não se deixa intimidar por nenhum adversário e que passa muito por não deixar jogar o adversário, proporcionado sempre um estilo de pressão alta.

De notar a forte adaptação tática que os jogadores possuem, que tanto podem jogar num 4-4-2 com dois pivots, que até poderá ser mais 4-2-4, num 4-4-2 mais em losango, que proporciona mais o jogo interior, ou jogar com 3 centrais e jogadores que fazem todo o corredor, bastante subidos no terreno, jogando mais num 3-5-2.

A equipa tem, na maioria das ocasiões, mais bola que o adversário e trata-a bem. Assim, percebemos que a boa capacidade defensiva do Leipzig começa na capacidade de os jogadores mais avançados no terreno protegerem da melhor forma aqueles que se posicionam mais atrás, dando assim poucas oportunidades aos adversários de visar a sua baliza.

A lateral esquerda

Na lateral esquerda, o Leipzig conta com Marcel Halstenberg, titular do lugar, e ainda Marcelo Saracchi. Halstenberg é o titular habitual do lugar, sendo o mesmo um dos jogadores mais velhos do plantel, isto aos 27 anos. Saracchi é uma grande esperança do futebol uruguaio, tendo apenas 20 anos.

Ambos são laterais bastante capazes no que toca ao apoio ao ataque, e são opções que contam com muitos minutos (cerca de 1900 do alemão contra quase 1400 do uruguaio). Um faz mais uso da sua estampa física para ganhar terreno aos seus adversários e, com a sua experiência, fechar bem atrás e assistir à frente (6 assistências para Halstenberg).

Forte no momento defensivo, bastante interessante no momento ofensivo, assim descrevemos Marcel Halstenberg (Foto: Picdeer)

Já Saracchi é um caso de futuro. O uruguaio, bastante franzino faz mais uso da sua velocidade para contrariar o poderio dos avançados contrários, tendo também uma capacidade de trabalho acima do normal que lhe permite estar em vantagem face aos adversários. O facto de ter começado a carreira mais à frente no terreno beneficia ainda no que toca ao seu conhecimento tático e de se adaptar às ideias de Ralf Ragnick.

A lateral direita

Na lateral direita, temos, mais uma vez, dois jogadores perfeitamente capazes de desempenhar o lugar da melhor forma, com a diferença de ambos serem bastante jovens. Lukas Klostermann é o principal dono do lugar, sendo possivelmente o melhor lateral direito alemão depois de Joshua Kimmich. Certamente que terá de ser considerado para posteriores convocatórias porque a verdade é que o jogador já merece.

Capitão da seleção sub 21, lateral bastante útil, rápido e eficaz nas suas ações, não há como falhar. Klostermann é também um dos esteios da equipa visto já estar no clube há cinco temporadas.

Lukas Klostermann é o capitão dos sub-21 alemães, já tendo 22 anos. Estará prestes a começar o seu percurso no nível máximo do futebol de seleções (Foto: Kölner Stadt-Anzeiger)

Esta temporada, para competir com o alemão, chegou Nordi Mukiele, francês de 21 anos com bastante futuro e que, na medida daquilo que acontece do outro lado do campo, vai tendo também muitos minutos (quase 1300 face aos mais de 2000 do alemão) e alternando com regularidade com o titular. Mukiele é um lateral também alto, capaz a nível físico e que pode também jogar a central, se tal for a necessidade da equipa. É ainda forte a sair a jogar. Com estes dois jogadores e mais os restantes laterais, fica mais fácil impedir que os alas contrários tenham quaisquer veleidades.

Upamecano, jovem de futuro, e Orban, o patrão capitão, com Konaté à espreita

Dayot Upamecano é, claramente, mais um central francês de excelência, de nível de seleção. É absolutamente impressionante a profundidade existente a este nível, sendo que, a médio-longo prazo, os centrais mais fortes poderão ser Varane, Umtiti, Laporte e Upamecano. O central é um que certamente não ficará em Leipzig durante muito tempo, pois é daqueles jogadores que não enganam, que têm as capacidades que qualquer tubarão requisita constantemente. Rápido, forte a nível físico e nos tackles, Upamecano é uma das estrelas jovens em mais rápida ascensão e será um dos centrais modernos da próxima década, apenas esperemos que os problemas físicos com que agora se debate não o prejudiquem.

Willi Orban é o patrão da defesa. Aos 26 anos, Orban é, neste momento, o capitão de equipa e um dos jogadores com mais experiência no clube. O jogador é alemão mas, nos passados meses, acabou por se naturalizar pela seleção húngara, sendo agora o principal destaque dessa nação, em conjunto com o guarda redes Péter Gulácsi. Orban parece ser um dos jogadores que poderá implementar um legado num Leipzig que tem muitos jogadores a sair e a entrar, sendo um dos mais regulares e dos mais utilizados, sendo um perigo nos dois lados do campo, contanto com 4 golos no campeonato.

Ibrahima Konaté é o terceiro central da equipa e também mais um jovem que vai brilhando no viveiro desta equipa. Aos 20 anos, é mais um francês no clube (mercado francês é bastante procurado pelo Leipzig) e é a principal alternativa aos dois titulares, com bastantes possibilidades de jogar face às alternâncias táticas nos diferentes momentos da época, à sua qualidade e também à rotatividade que tem sido implementada na equipa. Saído da grande escola do Sochaux em 2017, é mais um central francês em destaque na Bundesliga, estando ligeiramente atrás de Upamecano ou Abdou Diallo, do Borussia Dortmund, e a par da valia de jogadores como Dan-Axel Zagadou, do mesmo Borussia, e Evan N´Dicka, do Eintracht Frankfurt. É uma geração verdadeiramente impressionante de talentos franceses a crescerem na Bundesliga e, só no Leipzig, são três a “ganharem calo” só no setor defensivo.

Dayot Upamecano e Ibrahima Konaté juntos, vejamos por quanto mais tempo (Foto: Getty Images)

O futuro parece ser bastante risonho para o clube

O equilíbrio entre os diferentes setores da equipa é verdadeiramente impressionante, todos os jogadores têm possibilidades de jogar. Com uma panóplia de opções muito jovens, a intenção do clube passa muito por conseguir valorizar e, quem sabe, vender alguns dos craques por grandes somas de dinheiro. Para compensar, o Leipzig tem dois alvos bastante certeiros nos últimos tempos: mercado francês e os clubes relacionados com a Red Bull. Vários jogadores têm sido aqueles a chegarem através destas duas formas e o sucesso é aquele que se sabe.

Mias importante do que este fator, é que Julian Nagelsmann será o técnico da equipa na próxima temporada, sendo mais um “jovem” num clube constituído por muitos jovens. No entanto, esta contratação será verdadeiramente a mais importante para a imagem que o clube pretende implementar nas próximas temporadas. Ralf Ragnick está a preparar o terreno, de forma bastante meritória, o terreno para a entrada do novo técnico, e tem sido também bastante importante como diretor desportivo do clube, com um esforço bastante notório em trazer talento para crescer neste clube.

Nagelsmann será o treinador do Leipzig na próxima temporada. Aqui, junto de Diego Demme, jogador importante da equipa (Foto: Tag24)

Quanto a Nagelsmann, já se sabe que tem também uma ideologia de jogo bastante elaborada, com uma pressão alta, que pretende impedir o adversário de jogar, portanto teremos a certeza que o RB Leipzig continuará o seu processo de crescimento no futebol alemão e que continuará a ter aquilo que é preciso para ser uma equipa competitiva nos dois lados do campo.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS