A escolha (duvidosa) de Roberto Martínez
Portugal está às portas de nova qualificação para um Mundial de futebol masculino, bastando uma vitória ou empate frente à Irlanda para carimbar o bilhete para a América do Norte. Porém, também será necessário que Roberto Martínez deixa de ser… Roberto Martínez. Ou seja, que o seleccionador nacional reformule totalmente a forma como opera mexidas a meio do jogo, especialmente em jogos em que a equipa adversária aposte fortemente na profundidade e no contra-ataque, como a Hungria. Num encontro em que a defesa portuguesa passou por diversos calafrios, principalmente pelos erros constantes de Renato Veiga, o tirar Nuno Mendes num momento crítico do jogo para colocar Nuno Tavares pode ter ajudado à Hungria a chegar ao empate, criando uma destabilização completa no bloco defensivo português desde o momento dessa mudança.
As entradas de Gonçalo Ramos, João Félix, Nuno Tavares e Francisco Conceição pareceram trazer mais incertezas e dúvidas à forma de jogar de Portugal do que eficácia e soluções reais, quando Matheus Nunes, Francisco Trincão e Pedro Gonçalves podiam ter oferecido mais verticalidade e harmonia numa altura em que a Hungria estava ameaçar o empate.
É praticamente inexplicável, neste momento, a não utilização de Francisco Trincão e Pedro Gonçalves. Trincão foi decisivo em três dos últimos cinco jogos da selecção nacional, um dos quais frente à Irlanda, não saindo sequer do banco de suplentes contra Hungria, para dar lugar a entradas de João Félix (nada de relevante a assinalar nos 30 minutos que dispôs) e Francisco Conceição, que está bem longe da sua melhor forma ao serviço da Juventus. A teimosia constante em querer optar pelas mesmas escolhas tem sido um dos poucos calcanhares de Aquiles de Roberto Martínez, que, quando confrontado com questões em redor desse tema, reage sempre de uma forma pouca clara, parecendo que o próprio tem dúvidas em relação às escolhas tomadas.
Isto tem sido prática repetida, com ambos os dois a terem tido parcas oportunidades para mostrar o seu valor na selecção nacional, sendo preteridos por outros jogadores que nem chamados a jogo eram pelos seus clubes.
Não querendo cair nas teorias da conspiração, a verdade é que a selecção nacional parece servir de montra para alguns jogadores que necessitam de subir a sua valorização, uma prática errada e extremamente questionável em todos os sentidos. Isto já era uma questão perene na era Fernando Santos e, pelos vistos, mantém-se com Roberto Martínez, que optam por convocar atletas que não estão em forma ou que necessitam de colocação invés de seleccionar ou dar uma real oportunidade a quem tem estado ao seu melhor nível.
Os casos de Trincão e Pedro Gonçalves não são os únicos, com João Palhinha no passado a ter sofrido do mesmo em outros tempos, criando uma celeuma de uma parte do público português com as Quinas, algo que não deveria acontecer. Com a qualificação para o próximo Mundial tão perto, era importante que o seleccionador se libertasse das dúvidas constantes e finalmente permitisse que a melhor equipa entrasse em campo, seja como titulares ou suplentes.
Porém, quando o próprio se sente na necessidade de afirmar que Portugal joga bem e que tem tido só pequenos azares, pouco há a dizer e a esperar do futuro das Quinas.