A época da Fiorentina começou bem, mas vai acabar em desilusão
Se há clube que ganha a simpatia de uma parte dos adeptos portugueses em Itália, é a Fiorentina. Desde a próxima relação da claque do clube de Florença com os adeptos do Sporting, as lendas benfiquistas que lá deram muitas alegrias, a Fiorentina é um clube bastante respeitado no nosso país.
Em Itália, as coisas não têm corrido bem, independentemente do apoio. São 16 (!) os empates da equipa no campeonato, praticamente metade dos jogos da Série A, algo estranho e pouco habitual.
A época começou muito bem para o clube de Florença, com os primeiros dois meses do campeonato a deixarem sinais bastante animadores para uma equipa que tem a tradição de lutar sempre pelos lugares europeus. No entanto, as coisas foram rapidamente piorando e basta perceber que, desde o início do ano, a Fiorentina venceu apenas quatro vezes de dezoito possíveis em 2019, registo de uma equipa mais designada pequena do que a de Florença. Quarenta pontos em trinta e quatro jogos é manifestamente pouco para uma equipa que se quer candidata europeia.
São já 10 os jogos sem vitórias da Fiorentina, com seis empates e quatro derrotas e uma eliminação nas “meias” da Taça de Itália perante a Atalanta. Talvez devido à inexperiência de alguns jogadores, talvez a demasiada pressão noutros, as coias não têm corrido tão bem como se esperava esta temporada. De positivo guarda-se apenas o 7-1 à Roma em janeiro, resultado que dificilmente se repetirá nas próximas décadas.
Ataque da Fiorentina tem talento, mas há quem tenha estagnado
O setor atacante da Fiorentina é, sem dúvida, talentoso. Federico Chiesa é, de longe, a estrela da companhia, e a sua estadia em Florença poderá até nem ser certa na próxima época tais são os tubarões que o seguem e o reconhecimento que já tem em Itália.
Depois, a adição de Luis Muriel foi importante nesta segunda metade da época, o rápido colombiano que pretende relançar a carreira depois de uma passagem intermitente por Sevilha, e esta chegada pode ter evitado maiores dissabores à equipa de Florença nesta segunda volta da Série A. Por empréstimo chegou também Kevin Mirallas, mas o belga é uma sombra daquilo que já mostrou na Premier League e não deverá ficar para a próxima época.
Quem mais tem desiludido esta temporada é mesmo Giovanni Simeone. O avançado argentino prometeu muito na passada temporada, tendo feito 14 golos e 4 assistências na Série A, números que prometiam aumentar em 2018/2019. No entanto, não foi este o caso, com o filho de Diego Simeone a ter apenas 6 golos e 5 assistências em 34 jogos, tendo participado em apenas 11 dos 47 golos da equipa para o campeonato italiano contra os 18 da passada temporada. Mais do que isso, não é como se o naturalizado argentino tenha tido problemas de lesões ou outros azares, o ponta de lança está mesmo num momento preocupante de forma que o tem feito, nos últimos tempos, ser suplente por muitas vezes, algo não esperado no fim da transata época.
A dupla de meio campo tem sido um dos destaques
A dupla de meio campo Jordan Veretout/Marco Benassi tem sido outro dos poucos pontos positivos da época. Para além de destruidores e trabalhadores, ambos têm técnica acima da média e chegam-se muito bem perto dos pontas de lança, servindo-os bem e sendo a causa de muitos dos golos da equipa viola.
Seria importante contratar um médio mais físico, visto que ambos são poucos propícios ao toque e Veretout tem até algum historial de problemas físicos. Para complementar com a componente técnica, um portento a nível físico é o que faz falta à equipa para um meio campo a três, isto porque as restantes opções existentes não têm convencido e não chegam para o nível da Fiore.
A defesa mudou muito, talvez demasiado
Um dos grandes problemas reside nos empates que a equipa permite aos adversários, um pouco devido à pouca solidez defensiva que a equipa vem revelando. É uma equipa que permite espaço aos adversários para atacarem e que revela alguma incapacidade e inexperiência de dar a volta ao texto em casos de adversidade, cometendo erros que a levam a sofrer golos desnecessários, isto mesmo não sofrendo em demasia.
No início desta época, chegaram muitas caras novas à defesa da equipa, com Alban Lafont (futuro da França entre os postes), Germán Pezzella, Cristiano Biraghi e Federico Ceccherini à cabeça. Ainda que sejam opções válidas, nota-se que existiram demasiadas mudanças num setor só e que a falta de entrosamento que se foi revelando ao longo do tempo foi um problema.
Não nos esqueçamos também da tragédia que afetou o clube de Florença na temporada passada, com a morte súbita de Davide Astori, o grande líder em campo da defesa, algo que causou uma perda irreparável. Nos dias de hoje, é um jogador que tem de estar sempre nas mentes dos atletas do clube quando disputam uma partida.
Vejamos se Nikola Milenkovic continuará é por terras de Florença, pois o sérvio tem sido, no meio da maré, um esteio na defesa e, aos 21 anos, é um central do futebol moderno, estando já também nas bocas do mundo.
Na próxima época, as coisas funcionarão melhor, com toda a certeza, com mais entrosamento, um melhor trabalho na recuperação defensiva dos médios e com o retorno de um treinador querido em Florença.
Está de volta Vincenzo Montella. Notícia irrelevante para esta época, boa notícia para a época que vem
Vincenzo Montella teve aventuras fora de Florença em Milão e em Sevilha, que não foram propriamente prolíficas mas também não foram totalmente negativas. Em Milão não estava num clube estável e que lhe proporcionava as melhores circunstâncias, em Sevilha os resultados foram menos positivos mas ainda conseguiu ultrapassar o Manchester United nos oitavos de final da Liga dos Campeões, não tendo sido dado o tempo necessário para assentar as suas ideias.
Este é um regresso a um local onde já foi feliz, tendo guiado a equipa ao quarto lugar em três épocas consecutivas, entre 2012 e 2015. Montella conhece bem os cantos à casa e poderá esta ser uma oportunidade de relançar a sua carreira enquanto técnico. Estes últimos jogos servirão apenas já para cumprir calendário, o importante mesmo passa a ser a preparação da próxima época, uma em que não existirá participação da equipa de Florença nas competições europeias.
Não é fácil lutar pelos primeiros lugares no campeonato italiano, visto as equipas estarem cada vez mais competitivas: Atalanta cada vez mais uma certeza entre os crónicos competidores pelas competições europeias (grande trabalho de Gasperini), Torino uma das grandes surpresas da temporada, Lazio a permanecer estável e competitiva e Sampdoria a morder os calcanhares aos restantes. Depois há os crónicos, como o Inter de Milão, o Nápoles, a Roma e o Milan. Neste momento, é irrealista pedir à Fiorentina lutar pelos quatro primeiros lugares, pois não tem a capacidade para tal e depois de uma má época como esta é preciso manter os pés na terra.
No entanto, a equipa tem capacidade para andar pelo menos perto do 5º/6º lugar, algo que lhe permite uma ida à Liga Europa, com algumas aquisições e com Montella a trazer de volta a alegria de jogar aos seus jogadores. Esta época já nada trará aos homens de Florença, vejamos o que podem fazer na próxima e se contarão ainda com alguns jogadores que estão na montra do futebol europeu.