O melhor 11 português da época 2019/2020
A larga maioria das ligas europeias já encerraram a época 2019/2020 e foram vários os atletas lusos que se destacaram pela positiva e no Fair Play escolhemos 11 portugueses que merecem a honra de fazer parte deste elenco. As nossas opções obedeceram a critérios específicos tanto individuais como colectivos e que vale a pena ter em atenção para perceber o porquê de ter optarmos por cada um destes nomes. Em termos individuais, para além das ocasiões que foram titulares, golos e assistências (e no caso do guarda-redes, número de jogos sem sofrer qualquer tento), avaliámos pormenores singulares de cada posição seja a qualidade e eficácia do passe, cortes, duelos e resaltos ganhos, entre outras componentes. Contudo, foi sobretudo nos aspectos colectivos que atribuímos um peso especial, tanto pela colocação final do clube pelo qual jogaram(medindo com uma espécie de escala de surpresa, como aconteceu no caso do Granada de Domingos Duarte) sem esquecer os méritos e honras alcançadas nesta temporada, construindo assim o melhor 11 português de 2019/2020.
No final, ainda “convocámos” mais cinco jogadores que podiam substituir perfeitamente qualquer um dos 11 titulares. Lê, dá a tua opinião (diz-nos quem podia estar e em que posição) e avalia a qualidade do nosso 11!
RUI PATRICIO (WOLVES)
Não há dúvidas que Rui Patrício continua a ser o guarda-redes referência do futebol português, rubricando nova grande época na Premier League ao serviço do Wolverhampton FC, terminando no 7º lugar. O guardião ex-Sporting CP foi titular em todos os jogos da Premier League, sofreu 40 tentos mas foi capaz de deixar as suas redes isentas de golos por 13 ocasiões, recebendo elogios constantemente por parte de adversários, comentadores e adeptos. Não houve direito a troféus ou até ida à Europa por parte do Wolves, mas não foi por falta de um guarda-redes competente e de categoria, dando o corpo às balas em todos os jogos, numa total afirmação da sua qualidade no futebol inglês.
RICARDO PEREIRA (LEICESTER)
Que falta fez Ricardo Pereira ao Leicester nos 9 jogos que encerraram a época, com o emblema inglês a só conquistar 9 pontos (duas vitórias e três empates) no pós-paragem devido à Pandemia. O lateral-português sofreu uma grave lesão em Março deste ano e até esse momento era um titular absoluto, tendo somado 33 titularidades em 48 encontros (falhou 12 por lesão e ficou-se pelo banco de suplentes em dois e um jogos para a Taça da Liga e Taça de Inglaterra, respectivamente) enriquecendo a ala direita dos foxes de uma forma apaixonante, intensa e inteligente. Com 4 golos e 3 assistências como dados mais palpáveis do seu papel dentro do elenco inglês, foi sobretudo pelo seu papel decisivo na comunicação defesa-ataque e no dar qualidade e fluidez de jogo à estratégia de Brendan Rodgers, raramente falhando na sua missão, oferecendo sempre uma boa exibição aos adeptos. A lesão no joelho terminou com a época mais cedo e não há dúvidas que faria falta no Europeu 2020, caso a competição tivesse acontecido.
JOSE FONTE (LILLE)
Poderíamos ter escolhido Pepe (que surge no nosso banco de suplentes), pois o central de 37 anos foi um dos protagonistas do FC Porto de Sérgio Conceição que levantou a Liga NOS e Taça de Portugal nesta temporada, mas José Fonte foi fulcral na boca época do Lille, que terminou no 4º lugar a apenas 1 ponto do 3º, ocupado pelo Rennes, e foi ligeiramente melhor individualmente. Na Ligue 1, o Lille estava cotado para terminar nos 4 primeiros lugares, já que na época transacta tinha garantido um vice-campeonato, sendo expectável que realizassem nova boa época sob o comando de Christophe Galtier (treinador desde 2017 dos dogues, merece uma atenção especial pelos princípios de jogo que gosta de implementar) e no final das contas foi o que se passou em 2019/2020. Voltando a José Fonte, o internacional português, foi titular praticamente em todos os encontros sendo suplente por três ocasiões, evocando toda uma elegância na saída com bola, na reconquista da redonda nos duelos físicos, sempre munido de uma visão de jogo competente e compacta, elementos essenciais para um Lille que poucas vezes patinou na principal divisão de futebol em França. Aos 36 anos mostra os mesmos atributos de anos anteriores, sendo um líder natural em qualquer equipa.
DOMINGOS DUARTE (GRANADA)
Quem diria que o Granada terminaria em 6º/7º lugar numa La Liga competitiva e com um português em grande destaque? Domingos Duarte, ex-Sporting CP, foi uma das peças-chave do emblema granadino completando 36 jogos em 38 possíveis, pautando-se sempre por uma perspicácia excepcional na leitura dos confrontos directos, competente no jogo aéreo, sem esquecer a fina qualidade como conseguia gerir bem a bola, revelando uma competência extraordinária durante toda a temporada. Os aspectos físicos ajudam bastante o seu trabalho, mas em abono da verdade não se pode descurar ou negar que não tenha uma qualidade acima da média tanto no papel de defesa-central como líder do eixo-defensivo.
RAPHAEL GUERREIRO (DORTMUND)
A par de Haaland, Jordan Sancho, Alex Witsel e Achraf Hakimi, Raphael Guerreiro foi um dos melhores jogadores do Dortmund, vendo-se bem pela influência directa em termos de golos/assistências (8/5) e indirecta, conferindo sempre uma sagacidade letal à ala esquerda, temperada sempre com aquela explosão temerária que parece esticar ainda mais o relvado forçando assim roturas defensivas na equipa contrária, sem esquecer a capacidade para meter a bola na grande-área com qualidade. O emblema alemão terminou na 2ª posição da Bundesliga e Guerreiro foi recorrentemente visto como um dos activos de soberba excelência do clube orientado por Lucien Favre, sendo sem dúvida alguma o melhor lateral-esquerdo português dos últimos anos.
RUBEN NEVES (WOLVES)
54 jogos pelo Wolves de Nuno Espírito Santo, 49 como titular sem nunca ter falhado um único encontro na Premier League, elevando-se como um dos elementos mais importantes de uma equipa que mais uma vez surpreendeu os seus pares, apesar de terem ficado de fora da qualificação para as competições europeias em 2020/2021. O antigo jogador do FC Porto é uma das coqueluches do emblema inglês, muito devido ao equilíbrio e consistência que atribui ao meio-campo, munido de um enriquecido passe que tanto consegue desenvolver o jogo em profundidade ou no tabelamento com unidades mais cercas de si, prefilando-se como um atleta supra inteligente e que época após época vem confirmando a sua categoria. Rúben Neves é um trinco de nova escola, que pode tanto ser magistral no papel de nº6 ou de nº8, puxando para si um papel de máxima importância no Wolves, como se podem ver pelo seu registo.
JOÃO MOUTINHO (WOLVES)
A par de Rúben Neves escolhemos outro médio do Wolverhampton FC, que com 33 anos continua a espalhar toda uma classe notável tanto ao nível de comandar as operações da gestão de bola ou do lançamento de acções no ataque. Em 2019/2020 foi um dos jogadores portugueses que merece todo o tipo de menções, pois não é fácil continuar a deambular com tanta confiança e qualidade numa das ligas de maior dificuldade do futebol mundial, e João Moutinho foi capaz de manter a mesma bitola durante uma das temporadas mais longas da carreira. Pode não ter o pulmão de outros tempos, mas é um pêndulo assertivo, inteligente e de profundo impacto que pode influenciar um jogo de um momento para o outro.
BERNARDO SILVA (MANCHESTER CITY)
A formiga atómica ao quadrado dos citizens rubricou uma época de grande nível, com 8 golos e 12 assistências em 52 jogos, sendo que a sua influência não se vê tanto nestes dados mais palpáveis, mas sim na condução do processo e estratégia ofensiva, atribuindo sempre uma lógica de passe correcta e intensa e uma capacidade especial para variar de posicionamentos que criam sucessivos problemas a quem fica com a difícil e complexa missão de controlar as acções do internacional português. Transitou muito da titularidade para o banco de suplentes, devido a aquela “ideia” de Pep Guardiola em dar alguma rotatividade ao plantel, o que nem sempre foi benéfico para nenhum dos envolvidos, pois quando Bernardo Silva estava de fora do 11 titular sentiam-se algumas fragilidades nas ideias de jogo e execução do passe e o próprio atleta perdia o fio de forma física. Ultrapassando esta questão, não há espaço para dúvidas que foi dos jogadores mais importantes do emblema de Manchester, a par de Kevin de Bruyne, Kun Agüero, Kyle Walker, Raheem Sterling ou Gabriel Jesus.
BRUNO FERNANDES (SPORTING CP/MANCHESTER UNITED)
Foi decididamente o melhor atleta luso nesta temporada, essencial tanto em Alvalade como em Old Trafford, transformando equipas decepcionantes em algo mais palpável e interessante, tendo carregado em várias ocasiões o Sporting CP e Manchester United durante o decurso desta época. Os números são esmagadores: 27 golos (15 pelo Sporting e 12 no United) e 22 assistências (12 pelos verde-e-brancos e 10 pelos Red Devils) no total de 50 jogos, lembrando que mudou de clubes em Janeiro e não se sentindo qualquer queda anímica ou em termos de qualidade exibicional. Detentor de um toque de bola de alta finesse, uma cabeça sempre voltada para fazer a diferença, um pé recheado de perigo e ameaça para a equipa contrária e um talento para mudar os dinamismos de um momento para o outro, Bruno Fernandes continua no caminho certo para ser considerado um dos melhores jogadores do Velho Continente e da Selecção Nacional.
CRISTIANO RONALDO (JUVENTUS)
Continua a bater recordes aos 35 anos de idade, fechando mais uma época com mais de 35 golos (precisamente foram 37 tentos pela Juve), liderando positivamente bem a Vecchia Signora numa temporada que foi agridoce para um papa-títulos como é Cristiano Ronaldo. Continua com uma capacidade física invejável, mostrando ainda aquele poder de explosão que dificilmente é parado, sem esquecer todas as outras valências que fazem de CR7 um dos jogadores mais lendários de sempre do Mundo do Desporto-Rei. Tentou dar outra expressão à Juventus nesta temporada, mas o plantel continua vítimas de algumas sérias lacunas, para além de Maurizio Sarri nunca ter tido sucesso no estabelecer de uma visão de jogo mais letal e interessante durante esta época.
AS CINCO OPÇÕES EXTRA
Para o nosso “curto” banco optámos pelos seguintes jogadores: Anthony Lopes, Pepe, Sérgio Oliveira, Diogo Jota e André Silva. O guardião do Lyon continua a ser decisivo entre os postes, postulando sempre uma comunicação com os seus pares de altíssima qualidade; Pepe e Sérgio Oliveira foram duas das melhores unidades do FC Porto de Sérgio Conceição, conferindo o central aquela agressividade positiva e capacidade de garantir uma defesa compacta, enquanto o médio cresceu em termos da resistência física e velocidade imprimindo aquele passe de um patamar elevado; Diogo Jota foi uma dos principais agitadores do ataque do Wolves, conferindo boas linhas de passe, picos de velocidade que forçavam os laterais a expor a grande área e com aquele jeito especial para mexer os cordelinhos nas extremidades; André Silva começou bem a época, para depois passar por uma ligeira fase menos positiva, terminando em grande, o que promete um futuro mais auspicioso para o artilheiro português que marcou por 16 ocasiões e assistiu os seus colegas em outras 5.
Os últimos dois golos de Cristiano Ronaldo nesta temporada