Momento Mundial 2018: Vrasljko significa grande poste em croata
Os artigos Momento Mundial 2018 são peças curtas e rápidas, mas com alguma análise e apontamentos para os vermos de outra forma! Da 1ª ronda até à final desta prova vamos ter sempre momentos para mais tarde recordar!
O QUE UMA CABEÇADA DE PEDRA(S) PODIA TER MUDADO?
A segunda meia-final do Mundial 2018 ficou reservada para croatas e ingleses disputarem. Duas nações extremamente aficionadas pela sua História, orgulhosamente “sós” e que nutrem todo um sentimento de paixão e “agressividade” positiva. A Inglaterra ambicionava chegar de novo a uma final de Mundial, algo que não acontecida de 1966 altura em que ganharam, e a Croácia queria fazer História, atingindo a sua primeira ascensão como finalista da prova.
Ingleses que estão a jogar o futebol mais louco e empolgante dos últimos… 40 anos (?), a cargo de Southgate, um seleccionador que chegou em virtude da demissão de Sam Allardyce (ao bom jeito inglês, foi apanhado num esquema complicado e ilegal de futebol), voltando a colocar um sentimento de orgulho e carinho por parte dos seus adeptos.
E croatas, que fizeram uma campanha até às meias-finais imaculada, ultrapassando a Argentina na fase-de-grupos, para depois resistir a duas decisões de grandes-penalidades para regressar de novo às meias-finais, liderados pelo pouco conhecido Dalic.
Os dados estavam lançados e o encontro foi disputado numa grande azáfama, com os enviados de Sua Majestade a realizarem uma primeira-parte a prego a fundo que começou com um livre soberbamente transformado por Trippier. Todavia, em todos os 45 minutos, a Inglaterra só por duas vezes tentou alvejar a baliza de Subasic, esbarrando sempre contra um muro defensivo bem erguido por Vida e Lovren, bem apoiados por Brozovic (foi titular no lugar de Kramaric e procurou “amarrar” Alli longe da grande-área com sucesso) e solidariamente auxiliados por Modric e os seus restantes colegas.
Não foi de todo uma primeira parte de bom nível por parte da Croácia, que parecia ter entrado a dormir para depois repensar o jogo no intervalo e voltar com vontade dominar o encontro.
Mal o árbitro apitou para o reinício de jogo, a Croácia decidiu que era altura de meter os seus adversários sobre uma intensa pressão, forçando-os a cometer erros, a precipitar-se no ataque e quererem resolver com um segundo golo. Alli omitiu-se, Sterling não conseguia fazer muito mais do que correr em frente, Kane não tinha bola e os ingleses ressentiram-se por completo.
Por outro lado, a Croácia definiu, evidenciou-se e empatou o jogo num golo de classe de Perisic a aproveitar um centro de régua e esquadro de Vrasljko. O lateral-direito não foi só fundamental para o golo do empate, como foi fulcral para aguentar a igualdade já no extra-time. Num canto inglês, após uma jogada de grande perigo, Trippier volta a disparar a partir dessa bola parada que John Stones corresponde com um cabeceamento certeiro.
Subasic estava batido, os croatas iriam ficar destroçados mas surge um dos heróis da noite: Vrsaljko. O lateral-direito do Atlético de Madrid aparece em cima da linha de golo para arrancar o potencial golo de Stones… como no artigo anterior, o jogador apercebe-se que o poste do lado direito está desprovido de segurança, recua aos saltos e num momento de clarividência salta em direcção da bola.
Foi o momento em que as aspirações inglesas caíram por terra… quando já se ouvia um início do burburinho nas bancadas, e o pensamento do It’s Coming Home a regressar à mente dos ingleses, Vrasljko decidiu que a história croata em 2018 não terminaria ali, muito pelo contrário.
Perisic pouco depois mete de cabeça (os croatas realmente jogaram sempre com mais cabeça do que os seus adversários) na área, Mandzukic aparece solto e destrói o sonho que aquelas gentes daquelas ilhas solitárias tanto ansiavam por (dizemos ilhas, mas escoceses, irlandeses e galeses não estavam muito interessados na festa dos seus vizinhos).
O que um corte de cabeça no prolongamento pode mudar? Tudo. Talvez daqui a uns dias estaríamos a ouvir os Queen em Moscovo (Vladimir Putin não ficaria de todo satisfeito) ou pelo menos teríamos direito a uma final entre duas selecções que se odeiam e amam desde sempre. Agora ficamos com um conto de fadas que pode terminar de forma insólita já no próximo Domingo.