Jovens estrelas que caíram cedo demais: Marcel Gecov

Francisco IsaacMaio 15, 20254min0

Jovens estrelas que caíram cedo demais: Marcel Gecov

Francisco IsaacMaio 15, 20254min0
Um dos melhores jogadores do Euro de sub-21 em 2011, Gecov foi um talento magistral que se retirou muito antes do tempo que merecia

Quantas jovens estrelas atingiram o patamar mais alto do futebol mundial para depois caírem abruptamente ou, pior, devagar sem nunca encontrarem um rumo de regresso aos títulos internacionais e aos grandes palcos (como é o caso de Francisco Jusué)?

Nesta rubrica não procuramos descobrir quem tem culpa, mas sim as razões desse desaparecimento, perceber onde foram parar e se há alguma hipótese de redenção. E atenção, não dissemos desaparecemos porque ainda jogam seja numa primeira, segunda ou terceira divisão.

Se conheces mais casos deixa nos comentários para investigarmos e falarmos desses nomes.

DE MVP A UMA REFORMA ANTECIPADA

Marcel Gecov. Talvez o nome não puxe de qualquer memória, mas o checo foi um dos jovens mais badalados entre 2007 e 2012, ao ponto que acabou no melhor 11 do Mundial de sub-20 de 2007 e no Europeu de 2011, somando uma série de altas exibições em torneios internacionais ao ponto que foi capturando atenção de scouters e adeptos. Infelizmente, o checo formado no Slavia de Praga acabou por se retirar muito antes do esperado, saindo das quatro-linhas em 2016, ainda antes de soprar 28 velas.

Gecov foi um dos melhores jogadores de uma das melhores gerações do futebol checo. Com 1,80 metros de altura, Gecov ganhou protagonismo logo nos escalões de formação, sendo mesmo chamado à equipa principal do Slavia em 2005, apesar de nunca ter jogado qualquer jogo pela equipa principal nesta sua primeira passagem pelo clube. Detentor de um pé direito requintado, o médio-centro controlava o meio-campo como se fosse um simples jogo de xadrez, calculando bem as acções do adversário e a garantir um sistema de passe de fino calibre, o que permitiu que somasse mais de trinta internacionalizações entre sub-19 e sub-20. Em 2007 foi convocado para o Campeonato do Mundo, sendo usado como suplente em todos os jogos. Numa prova em que a Chéquia foi a surpresa, Gecov acabou por desenhar alguns passes decisivos para golo, ganhando protagonismo numa equipa que só seria derrotada na final frente à Argentina.

Seguiram-se os anos de 2008, 2009 e 2010, com o médio a sair da capital checa para ingressar no Liberec, onde acabou por assentar e mostrar bons pormenores, apesar de na questão física deixar algo a desejar. O passe refinado acabava engolido pela forma como era colocado de lado frente a oposições mais fortes, a capacidade de manobrar o jogo não conseguia se impor de forma alguma, sendo estes alguns dos entraves para o futuro de Gecov. 2011 chegou, e o médio foi convocado para o Europeu de sub-21, voltando a ser um dos melhores da Chéquia, com a equipa a ficar a um pequeno passo da final e de se apurar para os Jogos Olímpicos de 2012.

O médio acabou escolhido para o melhor 11 do torneio e foi o suficiente para que o Fulham avançasse para a contratação a troco de 1M€. E, infelizmente, foi a partir daqui que Gecov foi caindo a todos os níveis, Entre o Verão de 2011 e o de 2013, Gecov jogou cerca de 9 encontros, efectuando dois pelo Fulham e sete pelo Genk, que pagou cerca de 1M€ para assegurar o médio. Com a queda a todos os níveis, o checo foi forçado a voltar a casa, assinando pelo Slavia de Prague. Ao serviço de um dos maiores emblemas da Chéquia, Gecov teve algum protagonismo mas o futebol já não era igual, tendo passado de um talento de calibre alto para um mediano jogador que passava a bola para o lado.

Em 2015 assinou pelo Rapid por um par de meses, onde realizou os seus melhores jogos com cinco golos marcados em dezoito jogos. Terminaria a carreira em 2016 ao serviço do Slask Wrocklaw, pondo um fim aos 27 anos. Abriu uma série de empresas, saindo por completo do mundo do futebol, lembrado por aquelas prestações deliciosas em 2007 e 2011 no Mundial da FIFA e o Europeu de sub-21 da UEFA.


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