Jovens estrelas que caíram cedo demais: Jose Baxter
Quantas jovens estrelas atingiram o patamar mais alto do futebol mundial para depois caírem abruptamente ou, pior, devagar sem nunca encontrarem um rumo de regresso aos títulos internacionais e aos grandes palcos (como é o caso de Jose Baxter)?
Nesta rubrica não procuramos descobrir quem tem culpa, mas sim as razões desse desaparecimento, perceber onde foram parar e se há alguma hipótese de redenção. E atenção, não dissemos desaparecemos porque ainda jogam seja numa primeira, segunda ou terceira divisão.
Se conheces mais casos deixa nos comentários para investigarmos e falarmos desses nomes.
UMA FLECHA DOS TOFFEES SEM DIRECÇÃO
Os felizes detentores do FM 07 e 08 devem ter boas recordações dos vários talentos que por desfilavam neste videojogo da Sports Interactive, como Nikolay Mihaylov, Breno, Gareth Bale, Marcelo, Fabrice Muamba, Ignacio Camacho, Adrien, Angel Di Maria, Hatem Ben Arfa, entre outros tantos, sem esquecer o jogador relembrado nesta rubrica: Jose Baxter! Um médio-ofensivo que gostava de atirar belas bujardas de fora da área, movendo-se como uma flecha na direcção da área, dando um gostinho especial a quem optava por jogar com o Everton ou ter os fundos necessários para capturá-lo. Baxter nunca atingiu uma final de um Campeonato da Europa ou Mundial de sub-17 (nos sub-20 foi preterido por razões que nunca foram bem apuradas), mas ainda assim ganhou alguns destaques na imprensa britânica, sendo visto como um incrível talento que podia ser uma das novas inspirações dos Toffees e, porque não, do futebol inglês.
Como Wayne Rooney, Baxter veio dos escalões de formação do clube de Merseyside e tinha todos os tiques de um jovem nascido e criado em Liverpool: resiliente, agressivo, dedicado e ambicioso. Porém, o inglês tinha dois problemas que acabaram por atrapalhá-lo logo aos 17 anos: falta de foco; e falta de maturidade. Baxter tinha chegado à equipa principal do Everton aos 17 anos, e fez a sua estreia na Premier League em 2018, evidenciando toda uma agressividade que criava problemas aos defesas mais directos, caso estes caíssem no erro de se precepitarem.
Todavia, e apesar da estreia aos 17 anos, o médio-ofensivo parecia não querer ouvir os colegas mais experientes, caindo numa teia de erros próprios que acabaram por lhe tirar espaço na equipa e a empurrar a sua afirmação para um canto. David Moyes, o treinador dos azuis de Liverpool na altura, tentou empurrar o internacional sub-17 na direcção certa, mas Baxter, embriagado naquela arrogância da juventude, não quis ouvir e ao fim de duas temporadas foi cedido ao Tranmere Rovers. Nesse curto empréstimo, Baxter marcou os seus primeiros três golos como sénior e o Everton, com Moyes ainda ao leme do clube, fez uma nova tentativa para elevar Baxter a outro nível. Resultado? O inglês nem quis ouvir o treinador ou o staff do Everton, virando as costas e saindo a custo zero no Verão de 2012. Este acto ainda hoje mora como o momento de viragem total na carreira de Jose Baxter, com o próprio a admitir em entrevistas que foi um erro colossal seu e que devia ter seguido os conselhos de David Moyes.
Com a pressão a aumentar em relação à sua falta de afirmação no futebol sénior, o médio-ofensivo deu dois passos para trás e assinou por um clube da League One, o Oldham Athletic. Em duas temporadas marcou 20 golos, conquistando um ligeiro protagonismo que o levou a assinar pelo Sheffield United, clube que também estava nessa 3ª divisão do futebol profissional inglês. Pelos blades somou os seus melhores anos, com 30 golos, 25 assistências e 121 jogos, impondo-se como a grande cara do clube apesar de nunca ter chegado a estar na luta pela subida à Championship. Mas, Baxter, sendo Baxter, acabou suspenso e expulso do clube em 2015, quando foi apanhado num teste anti doping. Ecstasy, álcool, noitadas complicadas, tudo, o que levou à tal suspensão e subsequente saída do clube a uma suspensão imediata
E aqui entra o capítulo final – ainda jogou em alguns clubes a seguir a este episódio mas este é o que interessa -, o regresso ao Everton. Sim, é verdade, o seu clube de sempre, aquele que ele virou as costas, ofereceu-lhe a oportunidade de se juntar e pelo menos jogar na equipa sub-23 quando terminasse a suspensão. Mesmo não tendo jogado na equipa principal, a verdade é que Baxter recuperou parte da sua vida graças aos Toffees. Acabou por se retirar pouco depois, fechando a carreira a dias de fazer 29 anos, admitindo em entrevistas que a sua vida é o exemplo importante de que ter talento não é suficiente para chegar longe, especialmente se as palavras foco e respeito são inexistentes.