Jovens estrelas que caíram cedo demais: Espen Baardsen
Quantas jovens estrelas atingiram o patamar mais alto do futebol mundial para depois caírem abruptamente ou, pior, devagar sem nunca encontrarem um rumo de regresso aos títulos internacionais e aos grandes palcos (como é o caso de Espen Baardsen?
Nesta rubrica não procuramos descobrir quem tem culpa, mas sim as razões desse desaparecimento, perceber onde foram parar e se há alguma hipótese de redenção. E atenção, não dissemos desaparecemos porque ainda jogam seja numa primeira, segunda ou terceira divisão.
Se conheces mais casos deixa nos comentários para investigarmos e falarmos desses nomes.
UM GUARDIÃO QUE PERDEU A VONTADE
Espen Baardsen. Nascido nos Estados Unidos da América, mas que acabou por jogar pelo país dos seus pais, a Noruega, tendo mesmo uns quantos prémios individuais enquanto internacional sub-21, o que levou-o a assinar contrato com o Tottenham em 1996, para depois meter um ponto final na carreira em 2003. Esta entrada foi tão rápida como a carreira de atleta sénior do agora dono de uma empresa de gestão de recursos, com Baardsen a colocar um travão total na carreira quando estava a meses de completar o seu 26º aniversário.
Para aqueles que acham que este guardião norueguês não era nada mais que um pobre esquecido do futebol mundial, podemos dizer que estão enganados, já que em 1998 foi considerado o melhor guarda-redes no Europeu de sub-21 realizado em Roma, no qual a Noruega conquistou a primeira medalha em competições internacionais da UEFA, tendo sido de bronze.
Espen Baardsen era dos jogadores com menor reputação nesse Euro de sub-21, com os Países Baixos a se apresentarem com Mario Melchiot, Bruggink, Roy Makaay, Ruud Van Nistelrooij e Mark van Bommel, enquanto a Espanha tinha Arnau, Ito, Guti, Angulo, Salva, Benjamin, Míchel Salgado e tantos outros ao seu serviço. Contudo, Baardsen foi capaz de só sofrer um golo em três jogos, com esse único tento sofrido a ter sido frente à Roja, demonstrando todo um nível espetacular entre os postes e na saída dos mesmos, conseguindo ganhar protagonismo e destaque. Devido a essas grandes prestações, o jovem de 20 anos foi chamado ao Mundial de Futebol de 1998 como terceiro guarda-redes. É certo que não jogou, mas o facto de estar ali depois de um Europeu sensacional demonstrava que a Noruega podia ter em Baardsen um diamante sensacional para ocupar as redes durante anos a fio.
Ao mesmo tempo já tentava vingar no Tottenham, equipa pelo qual acabaria por actuar em trinta jogos ao longo de três temporadas, ajudando inclusive a conquistar a Taça da Liga Inglesa em 1999, numa final ganha ao Leicester City por 1-0. Apesar de não ter sido titular na final, Baardsen tinha jogado nos primeiros encontros da campanha e acabou por estar envolvido na façanha do clube londrino.
Passou 1999 e tudo começou a ruir. Baardsen foi emprestado ao Watford e numa só temporada sofreu mais de 50 golos ao serviço de um clube que sofreu bastante nessa Championship, com o guardião a sentir a pressão e a se sentir apático perante as exigências constantes do futebol profissional. Avançando rapidamente para 2003, o norueguês sentia-se cada vez mais no fim da linha, desmotivado e sem grande paixão pela bola redonda, e após mais um fim-de-semana em que não jogou, agora ao serviço do Everton, fez uma decisão repentina: retirar-se.
Baardsen fez as contas à vida, e o novo contrato oferecido pelo Tottenham era frágil, com o norueguês a optar por fechar as luvas numa caixa e pegar nos livros, voltando a estudar. Acabou por se formar em finanças na Open University, optando por fazer uma vida completamente fora dos relvados e entregue a coisas mais interessantes. Explicou anos mais tarde que foi a opção mais sensata e que queria demonstrar até a si próprio que era possível ter uma nova vida, mesmo que isso implicasse fazer um corte radical com algo que foi a sua vida desde os 12 anos.