10 Selecções que foram ao Mundial e não sabíamos pt. II
INDONÉSIA E CUBA (1938 FRANÇA)
O último Mundial antes da II Grande Guerra teve dois estreantes inesperados: Indonésia e Cuba. É verdade, quem é que esperava por esta? Mas, na altura, a Indonésia não possuía esta designação, pois era chamada de Índias Orientais Holandesas, já que pertenciam à coroa holandesa. Só viriam a se tornar independentes em 1949 após a revolução que fundou o Estado da Indonésia. Mas bem, como é que a Indonésia foi parar ao Mundial de 38′?
Primeira nota: foi a primeira vez que o campeão e o país organizador tiveram bilhete directo para o Mundial; Segunda nota: a Áustria, que tinha conseguido o apuramento, fica de fora no final porque sofre a anexação por parte da Alemanha Nazi; Terceira nota: Argentina, México, EUA, El Savador, Guiana Holandesa, Costa Rica, Egipto e Espanha não participaram na qualificação devido a diversos motivos (para a Espanha a guerra civil impossibilitou a formação de uma selecção).
Para além destas todas, houve outra que não participou e que permitiu que a Indonésia se apurasse para a competição: Japão.
Ou seja, o apuramento das Índias Orientais Holandesas/Indonésia não foi por mérito, mas por uma questão política/militar que permitiu a sua ida até ao Mundial de 38’… estávamos em vésperas de um dos maiores conflitos armados de todo-o-sempre, o que criou uma destabilização até no Mundo do desporto (amador na altura). O mesmo se aplica a Cuba, que ao ver os seus colegas da América Central e do Norte a rejeitar a qualificação, conseguiu a chamada.
E como foi a participação de ambas as formações?
As IOH/Indonésia calhou com uma super Hungria, averbando uma derrota por 6-0, números bastante elevados e desoladores para uma selecção que veio quase do outro lado do Mundo para participar. Um misto de jogadores autóctones e descendentes dos colonos holandeses compunha esta formação (para mais ver aqui). A Hungria viria a conseguir passar as etapas todas até chegar à final, onde perde para a Itália de Mussolini.
E os cubanos? Correu bem melhor a primeira ronda, com uma vitória nos penaltis ante a Roménia com Socorro a bisar na partida e a ser decisivo na formação da América Central (para saber um pouco mais clique aqui). Seguiu-se uma derrota por números monstruosos frente à Suécia (8-0), pondo fim à prestação de Cuba no Mundial.
O futebol em vésperas de guerra permitiu a ida destas duas surpresas na altura, que nunca mais conseguiram o apuramento.
JAMAICA (1998 FRANÇA)
Os Reggae Boyz, estiveram no Mundial de 98, um dos mais espectaculares de sempre! A selecção da Jamaica bateu o Suriname e Barbados para chegar à pré-fase final de grupos de qualificação para o Mundial, calhando no grupo do México, Honduras e São Vicente e Granadinas. Os jamaicanos aguentaram a explosiva selecção mexicana, conseguindo uma vitória fundamental na 2ª volta por 1-0, golo de Ian Goodison (ao todo faria 128 pela Jamaica), carimbando o passaporte para a pool final de decisão… de nada valeu às Honduras o 11-3 dados aos vicentinos.
A Jamaica foi a 3ª e última classificada neste grupo, deixando a Costa Rica para trás, o que lhes valeu o passaporte para França. Os Raggae Boyz jogavam um futebol mexido, prático e com ideias interessantes, sem arriscarem em demasia, defendendo bem a sua baliza quando necessário. Os cinco empates e duas vitórias foram suficientes para chegar a terras gaulesas.
A experiência no Coupe du Monde nem correu mal, com uma vitória frente ao Japão (dois golos da lenda Theodore Whitmore) e duas derrotas por 3-1 frente à Croácia e 5-0 ante a Argentina onde despontava Batistuta.
Os equipamentos coloridos e excêntricos captaram o interesse dos adeptos, para além da atitude divertida, animada e bem-disposta com os mágicos Whitmore, Deon Burton, Frank Sinclair e Andy Williams.
PAÍS DE GALES (1958 SUÉCIA)
O único Mundial a ter a presença de todas as formações do Reino Unido, com a Irlanda do Norte (“só” eliminaram Portugal e a Itália na sua fase-de-grupos), Inglaterra, Escócia (tiraram a Espanha do Mundial) e o País de Gales. A terra dos Dragões, nunca tinha antes ido a uma competição máxima da FIFA (e nunca mais voltaria), conseguindo o apuramento de uma forma pouco ortodoxa e estranha. Porquê? Supostamente deveria existir só um participante da zona africana, no qual Israel jogaria em.
Todavia, todos os países africanos recusaram-se a tal e foram removidos da fase de qualificação. Então como manter a seriedade de apuramento sem ter que dar o apuramento directo a Israel? Arranjar um jogo com um 2º classificado de um dos grupos da UEFA. Para ser um processo democrático e pacifico a UEFA decidiu tirar à sorte o nome da equipa que teria a possibilidade de se apurar para o Mundial. Primeiro calhou a Bélgica, mas os belgas recusaram-se por uma suposta questão de honra (ver mais aqui) e depois saiu o País de Gales na sorte.
Os galeses para além de não recusarem, jogaram e ganharam por 4-0 (resultado das duas mãos) apurando-se desta forma para o Mundial de uma forma sem precedentes e que nunca mais se repetiu.
E como se portaram os galeses? Bastante bem até, apurando-se para os quartos-de-final da competição. Mas antes disso, os galeses jogaram contra a equipa da casa, a Suécia, Hungria e México. Comandados por John Charles (uma lenda vida do futebol galês), Dave Bowen, Jack Kelsey (um guardião imenso entre os postes, mítico como apanhava as bolas rasteiras) e Jimmy Murphy, o seleccionador da altura (e um dos responsáveis por dar outra dimensão ao Manchester United), os galeses conseguiram três empates nos três jogos que os forçaram a fazer um jogo de playoff de 2º lugar contra a Hungria.
Nesse encontro, o País de Gales não falhou e somou uma estupenda reviravolta por 2-1 ante os magiares… seguiu-se o Brasil. A formação que se iria tornar campeã do Mundo nesse mundial passou mal contra a selecção dos Dragões, já que ganharam só por 1-0 com o jovem Pelé a desferir o único remate digno de golo durante os 90 minutos.
Os galeses podem ter chegado ao Mundial de forma pouco honrável, mas saíram da Suécia de cabeça erguida… o Brasil iria golear a França e Suécia por 5-2, em ambos os jogos, o que demonstra que os galeses podiam ter feito algo de inacreditável.
EL SALVADOR (1982 ESPANHA)
Voltamos ao Mundial de 82′ para fechar a nossa lista das 10 equipas que foram ao mundial e que não sabíamos… quem para terminar? El Salvador. A formação salvadorenha já tinha ido a esta competição em 1970, mas na altura não correu nada bem a fase final.
A corrida para o Mundial em Espanha foi “agressiva” e intensa, uma vez que tinham de tirar o México, Canada, Cuba, Haiti e Honduras da qualificação final (só duas formações é que se podiam apurar). Os salvadorenhos ganharam frente ao México, mas perderam com o Canada e somaram uns quantos empates, chegando ao fim da sua participação em risco de falhar o Mundial, pois o México tinha só que ganhar às Honduras em casa.
O México de forma inesperada não teve o engenho para quebrar a igualdade e a sorte dos “deuses” esteve com o El Salvador, apurando-se desta forma para o Mundial.
Em terras espanholas (onde andava o Kuwait a interromper jogos!), voltou a ter uma daquelas experiências complicadas… no 1º jogo logo um 10-1. Quem foi o “prevaricador”? A Hungria. Com a Bélgica e Argentina já foi menos agressivo, com derrotas por 1-0 e 2-0, respectivamente.
Foi a última aparição de El Salvador em mundiais… e logo com um recorde bem “cinzento” que ainda hoje resiste na memória da FIFA.