Franco Baresi, a razão pela qual não há um número de camisola no AC Milan

Pedro PereiraAgosto 17, 20184min0

Franco Baresi, a razão pela qual não há um número de camisola no AC Milan

Pedro PereiraAgosto 17, 20184min0
Num dos maiores clubes italianos de sempre a camisola número 6 não existe. A explicação passa pela lenda de Franco Baresi. Sabes quem foi o italiano?

Já reparaste que não há número 6 no AC Milan? Deve-se a este senhor: Franco Baresi, que pela sua importância no clube italiano, mereceu o maior destaque que um clube pode fazer por um jogador: o último a jogar com aquele número nas costas.

Agora que te dei o nome do cromo, com toda a certeza que o associas à armada defensiva italiana dos anos 80 e 90, à profunda ligação entre Itália e as capacidades defensivas, ao amor pelo jogo e essencialmente ao amor por um clube apenas.

Vamos abrir as cadernetas e vasculhar a carreira deste cromo raríssimo.

Nasceu em Brescia, cidade no norte de Itália e logo aos 16 anos teve o primeiro grande desafio da sua vida: perdeu os dois pais num espaço de dois anos. Rápido percebeu que teria que se tornar um homem duro capaz de aguentar os choques da vida… e do futebol.

Franco tinha um irmão, Giuseppe, que também se acabaria por tornar num grande jogador de futebol, representando por mais de 500 vezes o Inter de Milão. Foi o rumo que dois orfãos encontraram para seguir a vida que fazia questão de se mostrar pesada.

Imagina o protótipo de um defesa central: Alto, forte, robusto. Franco era o oposto. Baixo (1,76m)  e franzino, rapidamente percebeu que, dentro de campo, tinha de combater com outras armas. Por isto mesmo revolucionou o modo como um  central jogava. Ele era elegante, rápido, tecnicista, perspicaz na antecipação e com uma capacidade de desarme ímpar na história do futebol (principalmente pelo chão era impressionante).

Em 1978/79 ele ainda não sabia que viria a ter este impacto no futebol mundial, mas o treinador do AC Milan, Nils Liedholm já sabia que estava ali um diamante em bruto, por isso mesmo promoveu-o jovem à equipa sénior e concedeu-lhe o estatuto de titular. No primeiro ano, campeão de Itália. Na sua época de estreia, o AC Milan sofreu 19 golos em 30 jogos (!!!) numa altura em que o campeonato italiano era disputadíssimo.

Um ano inesquecível pelos bons motivos antecedeu um ano inesquecível pelos piores motivos. O Totonero abalou o futebol italiano e o AC Milan foi um dos condenados no esquema. Resultado: depois de serem campeões, foram para a segunda liga. Com um autêntico amor pelo clube, foi neste ano que o jogador fez juras aos Rossoneri mantendo-se no clube apesar da descida. Reconhecido pelo seu amor, os dirigentes do clube de Milão atribuíram-lhe a braçadeira de capitão aos 22 anos.

Foto: Panini

Consistente e com provas dadas no campeonato italiano, marcou presença no Mundial de 1982, aquele de Paolo Rossi que acabaria por ser ganho pela Itália. Apesar da sua qualidade, não jogou neste Mundial.

Na verdade, Campeonatos do Mundo nunca foram muito simpáticos com Franco Baresi: em 1986 não foi convocado por desavenças com Bearzot; em 1990, apesar de ter jogado todos os jogos e ter feito a incrível trajectória com zero golos sofridos até às meias finais, perderam para a Argentina de Maradona, ficando com o agridoce terceiro lugar; em 1994 depois de uma campanha fantástica e de uma final em que conseguiu segurar suficientemente bem o diabólico Romário, perdeu nos penalties no famoso falhanço de Roberto Baggio. De referir que Baresi falhou também um penaltie nesta final.

Foto: Panini

Não se deixando abater por estes “falhanços” na seleção italiana, pelo AC Milan foi um comandante. Em 1986, com a entrada em cena do presidente Silvio Berlusconi cheio de liras italianas, vieram também muitos craques europeus. O AC Milan, depois do Totonero tornava-se novamente na grande potência do futebol europeu. Foram três Ligas dos Campeões, três Supertaças europeias, dois mundiais de clubes e Seis campeonatos italianos. Em 1995/1996 venceu o último título pelo AC Milan, o sexto campeonato, o mesmo número que usava na camisola. Era o final indicado para pendurar as botas.

Foi o que fez.

Uma carreira dedicada ao clube do seu coração, aquele que o aceitou  jovem, magro e pequeno e que se dizia defesa central.

Foto: Panini

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