Jovens estrelas que caíram cedo demais: Ryan Mason
Quantas jovens estrelas atingiram o patamar mais alto do futebol mundial para depois caírem abruptamente ou, pior, devagar sem nunca encontrarem um rumo de regresso aos títulos internacionais e aos grandes palcos (como é o caso de Ryan Mason)?
Nesta rubrica não procuramos descobrir quem tem culpa, mas sim as razões desse desaparecimento, perceber onde foram parar e se há alguma hipótese de redenção. E atenção, não dissemos desaparecemos porque ainda jogam seja numa primeira, segunda ou terceira divisão.
Se conheces mais casos deixa nos comentários para investigarmos e falarmos desses nomes.
UM VÔO DE UM SPUR QUE MERECIA MUITO MAIS
Ryan Mason. Praticamente “nasceu” vestido com uma camisola dos Spurs, ingressando na academia do clube londrino em 1999, ganhando destaque desde jovem fruto de uma raça total e uma vontade de superar qualquer adversário, denotando-se um talento tremendo no toque de bola e no fazê-la girar. Foi passando pelos escalões todos de forma gloriosa, impondo-se e ganhando um destaque enorme dentro dos Spurs, em que chegou a ser capitão entre os sub-15 aos sub-18, fazendo a sua estreia nos séniores aos 17 anos isto na Taça UEFA, o que fazia prever um futuro auspicioso para alguém que possuía talento, convicção e vontade de trabalhar. Porém, e como quem sabe nesta rubrica há sempre um porém, o caminho de Mason ao estrelato acabou por ser marcado por obstáculos e, no fim de tudo, um retirar aos 27 anos.
Mas como acontecei esta queda de Mason? Gradual e muito fruto de lesões. O médio-centro começou por ser emprestado ao Yeovil Town em 2009, de forma a somar bons minutos como sénior, jogando na League One nessa primeira época, onde até conseguiu se afirmar com seis golos em vinte e oito jogos, com alguns até de belo efeito. Era um jogador extremamente acima da média no contexto da 3ª divisão inglesa, com o Tottenham a perceber que era necessário oferecer-lhe um novo desafio, agora na forma do Doncaster Rovers. E foi aqui que começou a redoma de Mason. Nos Rovers somaria poucos minutos na primeira temporada, com 15 jogos, a maioria como suplente. O médio teve dificuldades com o treinador Sean O’Driscoll, não encaixando na forma de jogador do irlandês que não apreciava as competências e habilidades do internacional sub-21 inglês.
O azar de Mason viria a ganhar outros contornos quando surgiram diversas lesões e maleitas físicas, prejudicando-o em larga escala. Só para o leitor ter uma noção, entre 2011 e 2014, Ryan Mason somou 37 jogos, chegando a ir jogar para a equipa B do Lorient, longe dos maiores palcos e fora de órbita da Championship, quanto mais da Premier League. Contudo, Ryan Mason não desistiu e após uma temporada a meio-gás no Swindon Town, em que marcou cinco golos, Mauricio Pochettino acreditou nos talentos e virtude do médio e chamou-o de volta ao plantel principal. Resultado? Titularidade. Depois de cinco anos de enormes dificuldades, Mason entrou na linha e mostrou todo um esplendor que a maioria dos adeptos nunca tinham visto, impondo-se no meio-campo dos Spurs.
Em 2014/2015 somou 37 jogos, 25 como titular, conseguindo dois golos e uma taxa de sucesso no passe acima dos 85%, funcionando quase como um motor da equipa londrina. O menino querido das hostes de White Hart Lane estava de volta e parecia ser fadado para atingir o nível que lhe estava destinado aos 17 anos. Acabou por ser mesmo chamado para a selecção inglesa, estreando-se frente à Itália, num encontro em que terminou num 1-1 em que ele próprio assistiu para o golo da selecção de Sua Majestade. Tudo parecia encaminhado para atingir outro nível.
Porém, e entra aqui o segundo porém desta história, Mason sofreu um par de lesões que o limitaram na temporada de 2015/2016 e acabou transferido para o Hull City, onde tomou a batuta da titularidade até 22 de Janeiro de 2017, uma data que acabou por ser fatal. Numa disputa aérea com Gary Cahill, Mason caiu desamparado e embateu no chão, ficando momentaneamente paralisado para o choque de todos que estavam à sua volta. Retirado de maca, horas depois foi anunciado que sofrera uma fractura grave no crânio, sendo operado. A operação não foi fácil e a recuperação avizinhava-se problemática. Os seus colegas de equipa pelo país fizeram acções de apoio ao internacional inglês, existindo uma leve esperança que retornasse num futuro próximo. Veio 2017 e 2018 e nada, até que Ryan Mason anunciou que teria de se retirar dos campos por via de não ser seguro um retorno a 100%. Aos 27 anos, e após anos de sofrimento para chegar ao mais alto nível em que esteve mesmo a jogar em divisões amadoras do futebol francês, o menino especial dos Tottenham Spurs foi forçado a se retirar.
Apesar de tudo, o inglês acabou por voltar ao seu clube de coração e trabalhar como adjunto, ingressando no clube em 2018, chegando mesmo a ser treinador-interino após as saídas de José Mourinho em 2021 e Antonio Conte em 2023, mostrando a mesma devoção e paixão pelo clube.