Cromos de Guarda-Redes lendários: Crossley, Hellström e Chilavert

Pedro PereiraSetembro 26, 20184min0
Três guarda-redes que têm de tudo para serem recordados... se Crossley fez o impossível, o que dizer dos livres de Chilavert?

Alguns dos cromos mais raros das cadernetas são também aqueles dos grandes génios do Desporto-Rei. Especiais tanto dentro como fora do campo, a Caderneta dos Cromos escolhe aqui três que contam algumas histórias preciosas do futebol mundial!

MARK CROSSLEY E O PENALTI QUE VALEU TANTO COMO UMA CHAMPIONS

O último cromo colado na caderneta do Fair Play foi Matt Le Tissier, o craque leal do Southampton que marcou os relvados ingleses sem nunca se desviar do seu objectivo: ser feliz dentro de campo. Isso não significava contratos chorudos, carros de alta velocidade.

Só queria fazer golos e festejar com os rapazes e raparigas da sua terra. Fazer golos era a sua arte e fazia com mestria. Tinha uma habilidade ímpar no remate á baliza, um remate fácil que fazia parecer que só sabia chutar ao ângulo. Então na marca de grande penalidade, não falhava.

Quer dizer… falhou uma vez. Em 49 penalties cobrados, só falhou um! E quem o defendeu foi este cromo: Mark Crossley. Mark diz que ter defendido um penalty de Le Tissier fez daquela defesa a melhor da vida dele. Não é para todos. Alías, é só para ele. Mark passou maior parte da sua carreira no Nottingham Forest, pelo Middlesbrought, Stoke City, Fulham, Manchester United, Shefield e Chesterfield.

Foto: Panini

RONNIE HELLSTRÖM, O MELHOR DE SEMPRE?

Um guarda redes estilo hippie, com bigode e suíças a condizer, cabeleira loura e 1,90m… Tenhamos respeito pelo senhor. Chama-se Hellstrom e foi guarda redes sueco dos anos 70. Dizer que foi um guarda redes sabe a pouco.

Ele foi o melhor guarda redes do seu país e um dos melhores de sempre nos Mundiais de futebol. Em 1974 e 1978 foi considerado o melhor guarda redes dos Mundiais deixando no banco nomes como Dino Zoff e Sepp Maier.

Hellstrom jogou oito anos no campeonato sueco, numa altura ainda amadora dessa competição. Mas depois de uma campanha irrepreensível em 74, muda-se para a Alemanha onde regista épocas notáveis permitindo-o atingir um nível  de performance tao bom que volta a ser considerado melhor gr do mundial de 78, como também foi considerado o melhor guarda redes da Europa três vezes. Só um guarda redes conseguiu ter melhor registo que ele: Yashin.

Foto: Panini

CHILAVERT, UM GUARDA-REDES COM PONTARIA AFINADA

Ha poucos jogadores que se podem gabar de terem sido revolucionários. Chilavert foi. Mudou o paradigma do futebol mundial. Foi a partir deste cromo que se começou a aceitar um guarda redes marcar um livre ou um penalty (hoje isso já não existe, o futebol chato não permite). Tudo começou naquele dia 28 de Janeiro de 1990 em que Chilavert decide marcar um penalty.. e marca. Estava dado o mote.

Os guarda redes podem fazer golos. Chilavert foi um desafiador dos tradicionalismos futebolísticos. No final da sua carreira, contaram-se 62 golos marcados em toda a sua carreira que foram suficientemente importantes para o tornar um dos maiores símbolos do Velez Sarsfield, clube argentino onde disputou quase 300 jogos, venceu uma Libertadores e uma Taça Intercontinental.

Chilavert era one of a kind. Talvez por isso tenha sido mal aceite por alguns ou mal interpretado pro outros. Não tinha papas na lingua e por vezes era demasiado intempestivo. O Roberto Carlos que o diga. Numa eliminatória entre Brasil e Paraguai a contar para a qualificação para o Mundial de 2002, os brasileiros venceram 2-0. No final do jogo, o lateral esquerdo brasileiro vai em direcção a Chilavert e, conta o guarda redes paraguaio que Roberto Carlos disse: “Ganhámos 2-0, índio” , um comentário que o guarda redes considerou xenófobo e ofensivo.

Sem meias medidas, Chilavert cospe na cara do brasileiro. “Toda a gente no mundo do futebol sabe que o Roberto Carlos é um provocador. Depois ele nunca assumes as culpas e faz-se sempre de vitima.”

Foto: Panini

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