Estratégias para lidar com os pais na formação de jovens
O artigo começa exatamente com este vídeo, para chocar o leitor. Para quem já viu, reforçar o problema que estamos a lidar; para quem ainda não viu, perceber o paradigma do tema.
É sempre importante reiterar que não escrevo estes artigos de uma maneira sobranceira, arrogante e altiva, mas sim de uma maneira opinativa e construtiva de um desporto melhor.
Já muito se escreveu sobre o tema dos pais na formação. Porém, como mais importante do que declarar e expor os problemas, é tentar solucioná-los, são aqui apresentadas algumas soluções sobre como pode sobre melhorado este paradigma.
E é mesmo com o mau exemplo do vídeo que começamos. Naturalmente, uma situação extrema e rara, mas que tem que ter consequências. A questão é: para quem? Proibe-se os encarregados de educação de entrar nos recintos desportivos? Expulsa-se os filhos do clube?
Nesta situação, é natural que o caso seja reportado às autoridades e que hajam mais repercussões, fora do radar do clube, mas sabemos que a grande parte do mau exemplo advém de violência verbal para dentro de campo.
E parecendo que essa violência pode ter menos influência que a violência física, na verdade não tem. Porque o mau exemplo, juntamente com a raiva e palavreado passam para dentro de campo e consequentemente, para os jogadores.
Fora a violência também vemos muitos casos em que os encarregados de educação tentam sobrepor-se ao treinador, dando instruções para dentro de campo, sem ter qualquer tipo de conhecimento sobre o desporto em causa.
E como pode o clube agir quanto a essas atitudes? Há exemplos de clubes que já tentaram solucionar o problema, tentando, de uma forma subtil, culpar e envergonhar o pai.
Nos países nórdicos, o jogador é castigado, não sendo convocado para o jogo, sendo-lhe explicado o porquê. Quando chegasse a casa e o pai lhe perguntasse o porquê de não ter sido convocado e ele responder que foi pelas suas atitudes, o pai pensaria duas vezes na próxima vez que quisesse gritar e barafustar durante um jogo.
Em várias associações, em Portugal, os jogadores vão entregar um colete branco para aquele encarregado de educação que já tem “fama” de ser mal comportado. Assim, todos os olhares estarão nele e não no jogo.
Apesar de todos estes maus exemplos – e atenção que existem muitas mais soluções – já existem vários clubes a tentar inverter esta situação.
A título de exemplo, o Estoril-Praia não publica nas redes sociais os resultados dos seus escalões de formação, tentando alterar o paradigma do resultadismo na formação.
O Torreense criou uma Escola de Pais, onde tenta educar os pais, no sentido da cultura ética e desportiva, assentando em 4 pilares e acollhendo quase 700 pais.
A grande luta é mesmo contrariar a falta de cultura desportiva. E o grande passo é educar os pais. Seja por castigos, seja “voltando” à escola. Mas é preciso ensinar o saber ser e o saber estar a muitos encarregados de educação.
Não esquecer, por fim, é sempre melhor prevenir do que tentar solucionar o problema na altura. Por isso, é comum e de bom-senso que os coordenadores técnicos façam reuniões de pré-época, em todos os escalões, a fim de alertar os pais, que não serão toleradas quaisquer atitudes do género.