Diário do Treinador: Análise de Jogo e a imp
Na época 2009/2010 tive a oportunidade de trabalhar em colaboração com o Professor Henrique Garcia, dentro da Federação Portuguesa de Rugby num projecto sobre Análise de Jogo. O Professor Tomaz Morais era o Selecionar Nacional e tínhamos de desenvolver uma análise detalhada do jogo, tanto a nível colectivo como individual. Foi sem dúvida uma aprendizagem muito útil enquanto treinador.
Hoje em dia utilizo a Análise de Jogo como ferramenta complementar para planear os treinos e para poder discutir com os meus jogadores aspectos positivos ou aspectos a melhorar segundo o seu desempenho.
Temos excelentes profissionais a trabalhar nesta área em Portugal, sendo a referência, o José Paixão que desenvolve esse trabalho na FPR. A grande questão que se coloca, sendo que nem todos os clubes têm orçamento para ter um profissional com estas características é: até que ponto os treinadores não podem desenvolver esta análise?
Nos escalões de sub 12 e sub 14 que treinei, não fazia uma análise tão detalhada, mas cheguei a utilizar alguns clips para explicar movimentações de jogo e skills que tínhamos de melhorar no nosso jogo. A análise é uma ferramenta interessante, nestes escalões, no sentido em que os atletas destas idades têm mais dificuldade em perceber as suas acções dentro de campo.
A partir dos sub 16, acho fundamental todas as equipas poderem disponibilizar o vídeo dos jogos e a suas respectivas análises. São jogadores com outra maturidade e este input, ajuda-nos muito no seu processo evolutivo.
Enquanto treinadores ao vermos o jogo de uma forma mais “fria” e ao realizarmos essa análise, conseguimos ter uma maior percepção da produtividade da equipa. Temos uma noção mais fidedigna do desempenho colectivo e individual dos jogadores. Pessoalmente consigo ser muito mais incisivo no planeamento para os objectivos propostos.
Em relação aos jogadores, ao verem os jogos e depois de terem acesso às estatísticas do jogo, criam uma consciência muito maior do que é necessário trabalhar. Se o trabalho for bem desenvolvido por eles, não só têm noção das suas acções individuais, como da qualidade de processos apresentados pela equipa.
O que se pode analisar?
Pessoalmente eu analiso sempre a origem dos ensaios, a estatística dentro das Formações Ordenadas e Alinhamentos (assim como, se ganhamos a linha da vantagem ou não), Qualidades nos pontapés de saída, os Line Breacks, Turnovers e Penalidades.
Depois de analisar as estatísticas, tenho um maior conhecimento de quais os pontos que correram menos bem. Revejo alguns momentos relacionados com esses pontos menos positivos e consigo ter uma percepção exacta do que temos de melhorar. Por exemplo: tivemos uma grande quantidade de penalidades marcadas contra nós. Posso saber porque motivo aconteceram e desenvolver exercícios no treino para corrigir esses erros.
Sem dúvida que todo este trabalho ocupa muito tempo. Mas o impacto que as análises têm dentro das equipas que já treinei, acaba por me facilitar muito, tanto ao nível do planeamento, como na criação de referências de trabalho e no tempo que poupo nos treinos para explicar à equipa certos pormenores que temos que desenvolver.