“Cromos” lusos: Secretário, Simão Saborosa e Futre

Pedro PereiraJunho 2, 20205min0

“Cromos” lusos: Secretário, Simão Saborosa e Futre

Pedro PereiraJunho 2, 20205min0
Simão encantou a Luz e Madrid, assim como Futre que foi um dos grandes da história do FC Porto, como Carlos Secretário. Três cromos portugueses relembrados pela Caderneta dos Cromos

Os jogadores portugueses merecem sempre um grande destaque na Caderneta dos Cromos e hojs trazemos três nomes que fazem parte da história do futebol luso! Paulo Futre, Carlos Secretário e SImão Saborosa.

O NOT FUCKING 16!

“Eusébio 10, Maradona 10, Pelé 10, Futre 10, not fucking 16” Falar de Futre e não falar do episódio no West Ham é impossível. O episódio é contado por Futre na sua biografia, mas também na biografia de Redknapp. O treinador inglês, ao contar este episódio, aproveita para acrescentar que o extremo português foi um dos dez melhores jogadores que já viu jogar na sua carreira.

Imaginem: Jogo entre West Ham e Arsenal. Os jogadores saem para aquecer no relvado. Os adeptos começam a encher o estádio prontos para assistir ao espectáculo. Era a estreia de Paulo Futre nas terras inglesas. Tudo pronto. Já aquecido, Futre entra no balneário pronto para vestir a camisola de jogo. Mas não vestiu. Nas costas estava o número 16 e o nome Futre. E isso Futre não aceita. O seu contrato incluía uma cláusula que o seu número seria o 10. Sempre assim foi, não podia mudar agora. Estava o caldo entornado. Futre recusou entrar em campo. Com a 16 não jogava. Com o seu limitado inglês, reproduzia a frase que está entre aspas no topo da publicação.

Ninguém queria acreditar. Ninguém o conseguia convencer que não havia nada a fazer, ele tinha que aceitar e jogar com o 16. Mas Futre só joga com o 10. O presidente vai ao balneário para resolver a situação e pergunta qual era o problema. Futre explicou: “Porto 10, Atletico Madrid 10, AC Milan 10, West Ham 10”. Peter Storrie, presidente dos Hammers, explica que ele tinha que aceitar, ele tinha que jogar com aquele número, não havia nada a fazer. Futre pega na camisola e enfia-a na cabeça do presidente e diz “Fuck you I no play”. Dá meia volta e vai para o hotel. Sim, Futre não cedeu e não jogou com o Arsenal, abandonando a equipa a trinta minutos de começar a partida. Surreal.

Como assim um dos maiores camisa 10 da altura ter que usar o 16 porque o seu número pertencia a John Moncur? Nem pensar. Na semana seguinte, o West Ham devolveu o número 10 a Futre, cumprindo com a cláusula do contrato. Em jeito de retribuição e em forma de pedido de desculpa Futre confessou em entrevista ao Mirrior UK que ofereceu estadia na sua vila no Algarve ao seu colega Moncur para que ele passasse umas férias… Mas nunca com o 10 nas costas, claro!

UMA HISTÓRIA DE EMPRÉSTIMOS E CONVICÇÃO

secretário chega aos séniores do Porto depois de ser campeão dos juniores nas Antas. No final de um dos primeiros treinos com os seniores, deram-lhe a missão de ficar a fazer cruzamentos para o Madjer porque o craque queria fazer um bocado de finalização (craque é craque). Uns saiam muito mal, outros nem por isso. Mas a qualidade de Madjer era tanta que Secretário conta que o argelino finalizava sempre. Ainda novo, foi rodar por outros clubes com outras ambições. Gil, Famalicão e Braga. Sempre emprestado pelo Porto.

Mas parecia que os Dragões não lhe queriam dar uma oportunidade, tendo em conta os repetidos empréstimos. E isso parecia evidente, tendo mesmo suscitado a que Secretário pedisse a não renovação do contrato de 5 anos com os Dragões ou mesmo uma venda. Mas na pré época com Ivic, antes de um jogo contra o Santo Tirso, Secretário é posto à prova: jogar a central. Secretário pensou que estavam a gozar com ele. Não o queriam vender e ainda o sujeitavam a jogar em posições onde nunca tinha jogado. Ainda assim, Secretário foi lá para dentro. Marcou Marcelo, o melhor marcador do Tirsense no ano anterior. A dupla de centrais completava-se com, nem mais nem menos, @paulinhosantos1970 . Nesse jogo, Secretário deslocou o dedo grande da mão. A colocar o braço no chão, o dedo veio para trás. Paulinho Santos chega-se perto, pega-lhe na mão e “zás”. Dedo no sítio “Anda, isso não é nada”.

Secretário continuou, convenceu Ivic e seguiu para a pré-época com o Porto. O suficiente para renovar contrato.

A DIMENSÃO NÃO DIZ O QUANTO JOGAS!

1 metro e setenta, peito para fora, passada curta mas frenética. Sempre de cabeça levantada, passava a bola do direito para o esquerdo que nem Marco Paulo com microfone. Fazia dos laterais gato sapato, passando-lhe por baixo das pernas e com simulações ensinadas por Copperfield. Assina pelo Sporting Clube de Portugal com 13 anos e aparece no plantel sénior com 17 anos, com o 34 nas costas. Número de miúdo da cantera que ainda tinha que provar valor. Rapidamente mostrou que merecia uma ala reservada para o seu talento. Duas épocas foram suficientes para chamar a atenção dos vizinhos blaugrana.

Saltou para um grande da Europa, o FC Barcelona para competir um lugar com Amunike, Figo, Zenden, Santamaria. Não venceu nenhum título mas conviveu com os melhores. Mais tarde, consuma uma das facadas mais profundas no orgulho sportinguista. Assinou pelo SL Benfica e tornou-se capitão passado pouco tempo. Venceu títulos, encantou, jurou amores e alfinetou os vizinhos. Há quem não o perdoe. Há quem o idolatre.

Foi o símbolo das águias durante vários anos. Sempre que marcava golo, dedicava-o à sua filha. Foram tantos golos que aposto que se lembram do nome da menina. Ainda representou Atlético de Madrid, Besiktas e Espanyol (ele gostava de picar) e o NorthEast United. Pela seleção AA, 85 jogos e 22 golos.


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