“Cromos” das Américas: Megan Rapinoe e Miraildes “Formiga” Mota
O futebol tem as suas lendas em qualquer um dos géneros, e hoje trazemos dois dos maiores nomes à escala mundial: a campeã mundial, Megan Rapinoe; e a internacional canarinha, Miraildes “Formiga” Mota. Duas histórias sobre estes ícones do Desporto-Rei contados pela Caderneta dos Cromos.
MEGAN RAPINOE, A ÁGUIA QUE NÃO VERGA
Megan Rapinoe é a grande referência do futebol dos Estados Unidos da América. Ela nasceu em Redding, numa era em que o futebol feminino no seu país já era uma modalidade bastante avançada mas que ainda assim nunca aparecia na TV americana, apesar dos resultados do futebol feminino serem muito melhores que os resultados do futebol masculino. Rapinoe fez parte do processo que ajudou o futebol feminino a ganhar espaço nos media e nas atenções dos cidadãos que hoje a chamam de heroína nacional.
É 153 internacional pelo seu país. É situação rara mas esta jogadora decidiu defender inúmeras causas políticas e sociais. Não são precisos tomates para isso, é preciso coragem. E isso ela tem muita. “Há a narrativa que já foi dita centenas de vezes sobre qualquer tipo de atleta que tenha falado politicamente: ‘Mantem-te dentro de campo e não fales de politica’.
Somos muito mais do que isso. Eu tenho um alcance gigante e quero usar a minha voz para elevar as vozes de milhares de pessoas que se mantém silenciosas”. Prova disso foi a posição que esta jogadora tomou ao declarar que se vencer o Mundial de 2019 e se for convidada pela Casa Branca a mando de Donald Trump, ela não marcará presença. “Eu não vou fingir que me quero encontrar com o presidente. Ele é claramente contra muitas das coisas que eu sou a favor.”… that’s my girl!
MIRAILDES “FORMIGA” MOTA, A VERDADEIRA CANARINHA
Apesar de ser 30x mais difícil encontrar um cromo destas jogadoras do que os cromos masculinos, há histórias para contar e essa será a minha missão nos próximos tempos. Começo por falar sobre Formiga, atleta do @psg . Vocês sabem quem é que tem mais internacionalizações pela seleção brasileira, masculino e feminino? Formiga. 151 jogos a representar o Brasil. Começou com 18 anos nos Jogos Olímpicos de Atlanta e nunca mais parou. Para além de ser uma trabalhadora exemplar no meio campo canarinho, orgulha-se muito pela sua maior causa: a luta por um futebol feminino com melhores condições. Segundo ela: “dizem que o futebol feminino não dá retorno, mas há oportunidade para que tenha esse retorno? Não!”.
Para além disso, a mulher/menina tem sempre uma luta maior para jogar futebol. Presas em estereótipos infundados e cheios de nada, existem famílias que fazem de tudo para não deixar as meninas jogar futebol. Daqui a umas décadas, tenho a certeza que rir-se-ão destes paradigmas errantes. Conta Formiga que a pressão para não jogar futebol começava dentro de casa, apesar da mãe dela dizer que a menina nasceu pendido bola como prenda: “a minha mãe dizia que mulher não servia para jogar. Dizia que a minha barriga tem de estar na beira do fogão, cuidando da casa e do irmão mais pequeno. Por estar no meio de rapazes a jogar futebol, acreditavam que eu ia engravidar cedo e que ia usar drogas. Quando ia jogar futebol na rua e a minha mãe via, chegou ao ponto de eu apanhar algumas vezes. Eu tinha que correr para casa para me esconder até a minha mãe chegar. Senão eu apanhava. Hoje tenho a certeza que cada momento que a minha família me vê na TV eles devem pensar o tanto que eles fizeram quando eu era criança. Tentaram de todas as maneiras que eu parasse de jogar futebol. Eu poderia não ter continuado a jogar. Mas a vontade era maior.”
Conseguem imaginar no tamanho do amor da Formiga por futebol. Coisa linda.
? Appeared in six consecutive #FIFAWWC tournaments since 1995
? Shares record for most #FIFAWWC appearances with Homare Sawa
? Only player to appear in every single Women's Olympic Football Tournament since first edition in 1996Happy birthday, Formiga ???? pic.twitter.com/E0CQFQ4GZi
— FIFA Women's World Cup (@FIFAWWC) March 3, 2019