“Cromos” da Mannschaft: Oliver Kahn e Olaf Thon

Pedro PereiraMarço 27, 20233min0

“Cromos” da Mannschaft: Oliver Kahn e Olaf Thon

Pedro PereiraMarço 27, 20233min0
A Caderneta dos Cromos fala de duas lendas da Mannschaft que têm histórias divertidas ou inspiradoras que valem a pena contar

Da Alemanha já brotaram de alguns dos melhores “cromos” do futebol mundial, e Pedro Pereira fala de dois que são lendas na Mannschaft: Olaf Thon e Oliver Khan!

OLIVER KAHN: NÃO HÁ BORLAS NEM PARA A CARIDADE

Ora, na Hungria destroçaram a ambição de um menino que só queria fazer um golo. No intervalo do jogo, ele tinha a oportunidade de fazer um golo pela sua equipa mas o guarda redes sem coração Senkó da equipa do Diósgyor não deixou. Por duas vezes. Implacável. O menino saiu triste, evidentemente. Também eu sairia em lágrimas.

Esse episódio fez-me lembrar uma história com @oliverkahn . No livro “Tor!”, contam que guarda redes alemão de coração de gelo foi convidado para participar num jogo de despedida em que iria passar por diversos exercícios, um deles, defender grandes penalidades que iriam ser cobrados por amadores (o livro fala em crianças mas não encontro referência nenhuma ao facto de serem crianças, mas sim, adultos amadores). Por cada penalty marcado, 100.000 eram doados a instituições de caridade. Oliver Khan defendeu 7 em 10.
Mais tarde ele veio defender-se, dizendo que não sabia do pormenor do dinheiro envolvido para caridade. Ainda assim, mesmo a brincar, na cabeça de um profissional altamente competitivo como Kahn, não há espaço para sofrer golos, mesmo sendo a feijões.

Nem para ele nem para Senkó.

OLAF THON E UM PENALTI PARA O SONHO

Em 1990, a Alemanha venceu a Inglaterra por penalties em jogo de meia final do Campeonato do Mundo. Durante os 90 minutos, as duas equipas não fizeram mais do que um 1-1 com golos de Brehme e Lineker. No prolongamento, regista-se o amarelo ao querido Gascoigne que o atirava assim para as bancadas da final caso a Inglaterra passasse este embate com a Alemanha Ocidental. Gazza levou o amarelo aos 99 minutos e jogou com as lágrimas a cairem-lhe do rosto até ao final dos 120 minutos. Seguiam-se os penalties. Bobby Robson, selecionador inglês, decidiu não colocar o craque inglês a bater os primeiros 5 penalties por achar que ele não estava suficientemente estável para um momento de tamanha importância. Já do outro lado, Beckenbauer, treinador alemão, decidiu os 5 batedores de penalties e mais: decidiu para onde eles iriam chutar. Dirigiu-se a cada um dos seus batedores de penalties e disse-lhes se iriam chutar para a esquerda, direita ou centro.

Ou conhecia em detalhe o veterano Peter Shildon ou quis tirar a pressão dos ombros dos seus jogadores. Ou as duas 😉 a verdade é que Beckenbauer sabia exactamente o que fazer caso a ‘lotaria” de penalties surgisse. Beckenbauer disse uma vez que se tivesse que marcar um penalty às três da manhã e tivesse que chamar alguém, chamaria Olaf Thon porque tinha a certeza que Olaf diria “ok, vou agora” e não falharia. Foi o que aconteceu. Olaf Thon foi o quarto e último marcador de penalty da Alemanha naquela noite e permitiu aos germânicos seguirem para a final que se disputaria em Roma contra a Argentina. A Alemanha acabaria por vencer os argentinos que chegaram à final da competição com 5 golos apenas, a equipa finalista com menos golos marcados na história dos Campeonatos do Mundo.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS