“Cromos” da Laranja Mecânica: Frank Rijkaard
A Caderneta dos Cromos conta sempre histórias de dentro e fora das quatro-linhas da bola redonda e hoje dedica esta rubrica a um jogador icónico do futebol holandês, europeu e mundial… de seu nome, Frank Rijkaard. O polivalente jogador marcou uma era na Europa, com golos, jogadas, exibições e que chegaram a tocar no futebol português (ao de leve) como contamos nesta crónicas.
DE TREINADORES QUE NÃO SABEM DE GUERRA À FALSA-PASSAGEM POR LISBOA
Aad de Mos… conhecem?
Em 1982, o Ajax ficou pelo caminho da Taça dos Campeões Europeus quando perdeu contra o Celtic logo na primeira fase da competição (neste ano, o Sporting chegou aos quartos de final, perdendo para a Real Sociedad). Sob grande pressão, o treinador dos holandeses, Aad de Mos, atirou o jovem Rijkaard para debaixo de um camião quando disse aos jornalistas: “Não vamos ganhar nenhuma guerra com rapazes como o Rijkaard”. Duro de ouvir para um rapaz de 20 anos.
Mas como a maturidade não se vê no bilhete de identidade, Frank não virou a cara à luta e provou todo o seu valor. Passadas duas épocas, Rijkaard ainda era treinado por de Mos e jogou a titular todos os jogos do campeonato em que foram campeões. Na última época de de Mos como treinador do Ajax, Rijkaard recebeu o prémio de melhor jogador da liga. Uma excelente forma de dizer adeus a um treinador que lhe torceu o nariz quando ainda havia tanto por jogar.
Treinou de verde-e-branco mas não jogou de verde-e-branco
Rijkaard jogou no Sporting. Ou melhor… treinou no Sporting. Treinou porque era jogador do Sporting. Mas nunca jogou. Confuso? Lê a história. O namoro entre Rijkaard e o Sporting começou em 1987 mas só acabou em 1988. O holandês não queria continuar a jogar no Ajax sob os comandos de Cruyff e o Sporting viu uma excelente oportunidade para fazer uma transferência absolutamente histórica. Rijkaard viaja para Portugal, almoça peixe fresco, conhece o treinador Tony Sealy e o restante plantel leonino que acabara de vir de uma derrota frente ao Varzim (com golos de Vata e Joaquim Soares com o mítico Baltemar Brito na zaga).
Tudo certo entre as partes. faltava apenas o sim do Ajax.
Demorou, mas chegou. Finalmente o craque era apresentado à comunicação social e podia agora treinar de verde e branco. Porém, a FPF alegou que a inscrição havia sido feita fora de horas e por isso, tornava-se inválida. Com isto, Rijkaard, voltou a embrulhar a sua trouxa, pediu boleia para o clube mais perto que o aceitasse e foi jogar para o Saragoça. Sem nunca jogar pelo Sporting, o clube lisboeta vende Rijkaard ao Milan por 155 mil contos.