“Cromos” da AS Roma: Agostino Di Bartolomei e Paulo Roberto Falcão
A AS Roma, apesar de não ser um do maiores detentores de títulos do futebol italiano, está recheada de lendas e mitos do Desporto-Rei, e a Caderneta dos Cromos conta a história de dois: Agostino Di Bartolomei e Paulo Roberto Falcão, que podes ficar a conhecer aqui.
DI BARTOLOMEI, UM COLOSSO ROMANO
Capitão da Roma? Automaticamente pensamos em Totti. No máximo, De Rossi. Mas gerações anteriores certamente pensarão em Agostino di Bartolomei.
Ele nasceu nos subúrbios pobres de Roma e no clube da cidade que se fez jogador logo aos 14 anos. Esteve 12 anos ao seu serviço. É possivelmente o melhor jogador italiano que nunca jogou pela seleção italiana.
Esteve envolvido num período dourado da vida da AS Roma: foi 3 vezes campeão da Coppa de Italia e em 1983 conquistou o inesquecível scudetto. O segundo da vida do clube, 41 anos depois do seu primeiro de sempre. Esse título permitiu a Roma ir à Taça dos Campeões Europeus do ano seguinte. Com uma equipa em grande forma, a Roma chega à final contra o Liverpool.
Jogo marcado para 30 de Maio de 1984. Decorem este dia. O encontro jogar-se-ia no estádio Olímpico de Roma. Imagina a expectativa dos romanos desta partida. O jogo foi disputado. Terminou 1-1. Penalties. Falcão recusou a bater. Sentiu pressão. O capitão chega-se à frente. Marcou. Dois colegas falharam e acabaram por empurrar a Roma para a derrota da final mais marcante do clube.
Curiosamente, este seria um dos últimos jogos de Ago pela Roma. Logo após a derrota europeia, chega Sven Goran Erikssen que o empurra para a berma do plantel. Teve de ir jogar para o Milan e mais tarde Cesena e Salernitana. Sem grande fulgor.
Em 1990, termina a carreira. A Roma parece não relevar a grande carreira e serviço de um capitão seu. O término da sua carreira impulsionou uma depressão. Sem saber lidar com a vida fora do futebol, foi caindo num buraco depressivo. Problemas financeiros multiplicavam-se. Há quem diga que di Bartolomeu nunca conseguiu realmente processar a sua maior derrota. Aquela de 30 de Maio de 1984.
Seria uma vitória história do seu clube, na sua cidade perante a sua gente. Acredita-se nesta teoria porque Ago, em 1994, no dia 30 de Maio, exatos 10 anos depois daquela final, ele decidiu disparar um tiro em direção ao seu coração. Assim morreu Agostino di Bartolomei, o capitão humilde e silencioso. Um dos maiores guerreiros da AS Roma.
Que Mourinho lhe dedique a vitória europeia desta época, é o que espero.
“Grazie, Agostino. E ancora auguri, mio capitano”
Un ricordo di Agostino Di Bartolomei attraverso le parole di Ubaldo Righetti ?❤️
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— AS Roma (@OfficialASRoma) April 8, 2021
FALCÃO, O HOMEM SEM MEIAS PALAVRAS
Quando Falcão chegou ao balneário da Roma, foram-lhe apresentados os jogadores um a um. Simpático e um gentleman como ele é, perguntou (através do seu tradutor) a cada um dos novos companheiros se estava tudo bem. Um dos colegas respondeu ‘Sim, agora tudo bem. Agora temos em quem depositar a responsabilidade quando perdermos’. Falcão percebeu ali que havia muito trabalho pela frente. Chegou-se perto do intérprete tradutor e disse-lhe: ‘Diz ao meu colega que agora eu entendo porque é que a Roma não ganha o campeonato há mais de 40 anos. Porque tem jogadores como ele’.