“Cromos” com qualidades heroicas: Marco Reus e Danny Ings
Vários são os jogadores que tomam as rédeas de participar em projectos humanitários e sociais, de ajudar quem precisa, e de procurar formas de garantir apoios e soluções a todos que precisam, como são os casos de Marco Reus e Danny Ings.
REUS, O CAVALEIRO E CAVALHEIRO DE DORTMUND
Reus é daqueles jogadores que sentiremos falta quando terminarem a carreira. Celebraremos uma espécie em vias de extinção, um dos últimos que baralhou e voltou a dar as cartas da pirâmide de Maslow dos jogadores contemporâneos. Marco Reus conseguiu manter-se leal a si, aos seus e ao clube que lhe catapultou para a ribalta. As tentações foram recorrentes. Os grandes clubes acenaram com belos sacos de dinheiro, ano após ano. Mas ele resistiu.
Uma geração de ouro do Borussia de Dormund abalou para o tubarão que se habituou a aniquilar os clubes mais próximos contratando sempre os jogadores mais fortes dos adversários: o Bayern de Munique. Só não levou Reus. Muitos dirão que as lesões arrefeceram a vontade dos clubes que o pretendiam mas não é 100% verdade. Este diamante que desde 2012 veste de amarelo e preto, jogou apenas 6 anos no início da sua carreira noutro clube que não o Dortmund. Desde então, sempre fiel. Disse numa entrevista que o que ele sempre imaginou era jogar no Dortmund
Fiel não só ao seu escudo mas às suas pessoas. Reus sempre disse que o seu clube era aquele que representa. Cresceu e viveu no clube e na cidade e não podia simplesmente virar as costas a quem lhe deu tanto. Dentro e fora de campo. Durante a pandemia, Reus e a sua mulher ofereceram meio milhão de euros para apoiar os micronegócios da cidade. Sempre foi um elemento ativo na vida do clube e da cidade. A isto chama-se vestir a camisola. No verdadeiro sentido da expressão.
Reus é único. Cada vez mais. Um dia, sentiremos falta de jogadores deste género. Apreciemos enquanto é tempo.
INGS, O PRINCÍPE DE BURNLEY
Narrei há pouco tempo o jogo entre o Aston Villa e o Wolves para a Premier League desta tempora, s e havia um jogador em particular que me enche as medidas. Dentro de campo, é evidente a sua qualidade e chegou a molhar a sopa. Fora de campo, é um craque. Em 2013, enquanto jogador do FC Burnley, ofereceu as suas chuteiras a um jovem adepto com deficiência, o Joseph Skinner. A criança disse mais tarde que tinha sido o melhor dia da sua vida.
Mas Danny Ings não queria que aquele gesto ficasse órfão. Decidiu criar em Burnley um programa desportivo destinado a pessoas com vários tipos de deficiências. De zero atividades na cidade, passaram a 35 sessões por semana dos mais variados desportos: futebol, escalada, dança, tênis de mesa.
Para além de criador e embaixador, sempre se manteve ligado ao projeto, mesmo depois de sair do clube. Passou ainda pelo Southampton, Liverpool e agora Aston Villa. Joseph Skinner, a criança sortuda naquela tarde no estádio que recebeu as chuteiras, é hoje funcionário do programa. Tudo certo nesta ideia e na missão. Craque da cabeça aos pés.