A Caderneta dos Cromos e o “último gladiador” De Rossi
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DE OSTIA ATÉ ROMA
Incrível como se fecha um ciclo deste género, cheio de paixão por uma casa, por uma identidade. Mas atenção, para quem pensa que Daniele sempre foi atleta do AS Roma, está enganado. Daniele de Rossi nasceu em Roma mas viveu grande parte da sua infância em Ostia. Dizem que Ostia é o mar do povo de Roma, pelo seu vasto litoral e relação com ele.
É em Ostia que De Rossi se sente verdadeiramente em casa. É em Ostia que vive grande parte da sua família e os seus amigos mais antigos. Em Ostia come no restaurante do Toni, compra o jornal na via delle Baleniere. Foi em Ostia que De Rossi começou a jogar, no Ostiamare, sediado no estádio Stella Polare. Começou como avançado. Apesar de pequeno e franzino, a sua raça e qualidade técnica faziam dele o melhor marcador da equipa.
Rapidamente o menino louro chamou a atenção do principal clube de Roma, que o queriam levar para a Academia do AS Roma, tinha ele ainda dez anos. Alfredo, pai de Daniele e Osvaldo, tio, aceitaram. Ter a garantia que o filho iria aprender com os melhores, crescer sobre os valores romanistas e numa cidade que tinha muito mais para oferecer do que Ostia, parecia uma excelente ideia.
Mas havia alguém que se opunha. Daniele De Rossi:
“Ainda era uma criança e não me sentia bem ir-me embora e deixar assim todos os meus amigos da equipa onde jogava.” A criança sabia que não era o momento certo, que não se sentia preparada. Corria o risco de nunca mais ser chamado por um grande clube e assim , perder a oportunidade de se tornar jogador profissional. Mas valores mais altos se levantam.
Se De Rossi se manteve autêntico a uma ideia de lealdade no futebol que já se extinguiu, é porque se manteve vivo nos valores mais autênticos daquelas raízes familiares e simples de Ostia. Desde pequeno ele sabia que a riqueza maior é ser fiel a quem o ama.
A verdade é que passados dois anos, lá estava ele a ser novamente cobiçado pelo AS Roma. E aí sim, ele foi. Os bons valores venceram. Até hoje.
OS VALORES DO DE ROSSI “MAIS VELHO” QUE PASSARAM AO “MAIS NOVO”
A formação do carácter. Já houve uma altura em que existia um Daniele, filho de Alberto. Hoje existe o Alberto, pai de Daniele. Muito se fala de De Rossi e do seu carácter fiel que encanta mundos pela sua paixão e determinação, tanto pelo futebol, como pela paixão pela AS Roma. Mas quem o criou desse jeito? Quem o tornou esse tipo de pessoa/jogador? Quais são as suas raízes?
Grande parte vem de um defesa central, elegante e veloz que jogou na Toscana nos clubes de Montevarchi, Prato, Lucca, Mantova e Sarzanese nas famosas Cinque Terre.
E também no Livorno. Foi precisamente no Livorno que teve a sua passagem mais bela, subindo à série C italiana, sofrendo apenas 7 golos durante toda a época, sendo que 3 deles foram no dia em que esta foto foi tirada, no dia da comemoração do título, em 1984.
Essa festa teve um convidado especial. Com 1 ano e 11 meses de idade, Daniele de Rossi vestia-se a rigor e entrava pela primeira vez num estádio de futebol, para tirar uma fotografia com o pai. E assim nasceu uma grande história de amor entre o pequenino e o futebol.
Conhecendo o mundo do futebol por dentro, Alberto sempre deixou o seu filho caminhar pelos seus próprios pés, mas mostrando sempre os melhores caminhos.
“Meu pai foi uma pessoa fundamental para mim, mas não tanto a nível profissional, como muitos devem pensar. Foi mais a nível pessoal para o meu crescimento como homem, no sentido que me ajudou a criar as bases da pessoa que sou hoje.”
E assim ficou marcado o fim de uma era para o futebol italiano.