Caderneta dos Cromos e o exemplo de Radebe e Dario Silva
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FAIR PLAY, BOA DISPOSIÇÃO E UM SORRISO TOTAL… ISTO É RADEBE
Radebe, o centrarão sul africano que Mandela chamou de “o meu herói”. Para além de Mandela, muitos outros o chamaram o mesmo. Rabede foi um central implacável, uma força bruta em campo, com um jogo aéreo impressionante. Mas acima de tudo, foi e é um coração grande.
Em 2000 venceu o prémio Fair Play da FIFA pela qualidade e quantidade de projectos sociais, com o futebol como base, que este rapaz desenvolveu na sua terra natal, Soweto, uma zona cheia de pobreza.
Rebede viveu por dentro os períodos duros do Apartheid. Juntava-se aos movimentos rebeldes e às manifestações com tanta frequência que os pais decidiram mandá-lo para Bophutthaswana, uma região que havia declarado independência e, portanto, mais pacífica. Nunca deixando o futebol, chamou a atenção do grande clube Kaizer Chiefs.
Na altura era guarda redes mas rapidamente mudou para defesa central e dessa posição nunca mais saiu. Foi enquanto jogador dos Kaizer Chiefs que Rabede sentiu na pele o drama violento do Apartheid. O jogador saiu com os irmão para fazer compras para a mãe quando levou um tiro pelas costas. Felizmente a bala não atingiu nenhum orgão vital e Rabede saiu do hospital com a estranha sensação que a morte quase o abraçou.
Mas foi depois deste momento que Rabede mostrou aos amantes do futebol que acompanhavam a sua carreira, que resiliência era o seu nome do meio. Passado um ano estava a estrear-se pela selecção principal do seu país e a assinar pelo Leeds United.
Demorou a vingar mas quando engrenou, tornou-se numa figura história do Leeds. Ainda hoje é um jogador relembrado com muito carinho e ninguém se esquece dele. Recebeu propostas do Manchester Utd e da Roma mas rejeitou. Era apaixonado pelo Leeds e pelas suas pessoas. Ficou eternizado como o “The Chief”. Em 2008 perdeu a esposa, em 2009 perdeu o pai e nem assim o sorriso lhe sai da cara.
A vida não fazia ideia que a dureza deste central era maior que a dureza de qualquer drama que lhe passasse à frente.
SUPER GOLEADOR DARIO QUE ULTRAPASSOU UMA DURA VIRAGEM…
Começou a sua carreira no Defensor Sporting mas foi no Club Atletic Peñarol onde começou a chamar a atenção dos europeus. Cagliari Calcio chegou-se à frente e contratou-o em 1995. Mais tarde, em Espanha, conseguiu cimentar o seu estatuto de cromo goleador numa liga competitiva como a espanhola. Passou pelo Espanhol, Malaga CF (fez dupla deliciosa com Julio Valdés) e Sevilla FC acabando a sua carreira no Portsmouth FC.
Mas foi no final da sua carreira que Dário viveu o momento mais dramático da sua vida. Nasceu na terra Treinta y Três e foi precisamente aos 33 anos que teve um acidente de carro de tal forma grave que o obrigou a amputar a sua perna direita. Após a operação, chorou.
Limpou as lágrimas e disse a si mesmo que nunca mais iria chorar por aquilo que lhe acontecera. Quis ser acompanhado pelo melhor ortopedista uruguaio que lhe permitiu a construção de uma prótese de carbono, refugiou-se na equinoterapia, experimentou um novo desporto, o remo, e chegou mesmo a concorrer para participar nos Jogos Olímpicos de Londres de 2012, porém, não conseguiu.
Mais recentemente, tem-se envolvido na política da sua região e é scout e agente de novos talentos uruguaios. Ah e claro, Dário fez questão de voltar ao rectângulo sagrado e voltar a fazer aquilo que mais prazer lhe deu na sua carreira: o golo. O acidente ocorreu em 2006. Em 2008 Dário Silva participou num jogo amigável entre velhas glorias uruguaias e argentinas. No inicio da segunda parte, pénalti para o Uruguai. Bola para um lado, guarda redes para o outro. Quando a meta é golo, há poucas coisas que nos podem parar.
Todos já sabemos que a vida nos reserva um ou outro momento mais negro, o que nós fazemos com esses momentos é que dependerá de nós.