Caderneta dos Cromos e o efeito Saint Pauli

Pedro PereiraMaio 2, 20192min0
Um clube alemão que é contra a xenofobia, luta contra o racismo e tenta juntar toda a comunidade num projecto social e comunitário maior. A caderneta dos Cromos explica a escolha pelo Saint Pauli

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A ESCOLHA DO SAINT PAULI COMO MELHOR EQUIPA DO MUNDO

Vi muitas pessoas estranharem a escolha do St Pauli como melhor clube do Mundo. Ao pesquisarmos um pouco mais sobre ele, rapidamente perceberão porque acho que o St Pauli é o exemplo do que realmente um clube de futebol deve ser: unificador, genuinamente representante da comunidade onde está inserido, aliado a outros meios artísticos e bandeira de causas sociais que eu considero positivas para uma sociedade.

St Pauli vive no bairro de Hamburgo desde 1910. Desde sempre que o St Pauli se declara contra movimentos fascistas. Um bairro com um porto marítimo como portão de entrada, povoado por classes pobres e cheio de vida nocturna, foi o suficiente para atrair punks, anarquistas, anti sistema, okupas, refugiados e mais que tais. O bairro abraçou e solidarizou-se com aqueles que, normalmente a sociedade tende a não dar a mão. Quando o nazismo chegou em força, aquele bairro nunca cedeu.

Não havia espaço para o fascismo naquele bairro porque a sua cultura antifascista era demasiado forte. Como cinzas que pairam no ar depois de um incêndio, cânticos racistas e xenófobos tomaram conta de algumas claques alemãs nos anos 80, nomeadamente as do Hamburgo e Dortmund, o que fez com que alguns adeptos desses clubes não se identificassem com os cânticos. Esses adeptos abdicaram do amor pelo seu clube em prol de um ambiente mais tolerante e procuraram outro clube com que se identificassem.

O St Pauli era a casa certa para esses adeptos, o que fez com que um clube modesto de bairro se expandisse e se tornasse num exemplo mundial de clube antifascista, anti sexista, anti homofobia e antirracismo.

São muitos antis, que para mim significam muitos prós! Os seus adeptos, conhecidos por piratas, organizam uma série de concertos de música à porta do estádio no dia do jogo. Recorrentemente o clube organiza movimentos que ajudem associações que defendam as mesmas causas que o clube. Como exemplo, em 2016, o St Pauli decidiu criar uma parceria com um clube pequeno de Hamburgo para poder acolher jovens refugiados nas equipas de formação e, assim, poder integrar estas pessoas na sua nova sociedade através do futebol.


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