Onde é que anda o flop: Roberto, 8,5 milhões frangamente bons

João NegreiraFevereiro 21, 20187min0
No verão de 2010, o Benfica comprava o seu guarda redes mais caro de sempre. No entanto, Roberto, revelou-se ser um autêntico flop odiado por todos, e ainda foi envolvido numa transferência, no mínimo, estranha.

Roberto Jiménez Gago vai ficar para sempre na história do Benfica como um flop. O guarda-redes custou 8,5 milhões de euros e raramente provou esse investimento. Apesar de ter sido aposta forte de Jorge Jesus, vacilou e comprometeu a equipa imensas vezes. Embarque nesta viagem pela vida do espanhol!

De onde veio e quem foi no Benfica?

Antes de começarmos a criticar ou julgar o jogador, vamos olhar para aquilo que foi a sua carreira antes de chegar ao Benfica. O guarda-redes fez toda a sua formação no Atlético de Madrid e já sénior, mas antes de chegar a atuar pela equipa principal, passou por 2 empréstimos, Nàstic e Recreativo. Na temporada 2009/2010 faz 4 jogos pela equipa principal, mas a meio da época é emprestado ao Saragoça até ao final da mesma.

E é aqui que começa a sua aventura por terras lusas. Entrávamos na temporada 10/11 quando o Benfica pagou 8,5 milhões de euros pelo espanhol, na altura com 24 anos. A formar-se nos rojiblancos seria um grande jogador e a chegar por uma verba tão alta, teria que dar provas no imediato; até porque pela mesma razão, não ia ficar no banco. Nessa época, o jogador está presente em 41 jogos, mas nem sempre foi feliz.

No meio de um valor alto para um guarda redes e de uma ou outra boa aparição, o espanhol fracassou com o “Manto Sagrado”. Muitos são os golos em que “fica mal na fotografia” e outros são autênticos “frangos”, como o povo gosta de dizer. De referir, ainda, que não colocamos nenhum vídeo do jogador pois praticamente todos são de uma humilhação extrema para com o mesmo (que não é o objetivo pretendido para este artigo), desde a imagem ao som.

Apesar da insistência do seu timoneiro, Jorge Jesus, Roberto continuava a falhar cada vez mais e mais, e os adeptos encarnados ganhavam um ódio cada vez maior para com o espanhol. A teimosia em continuar a colocar o jogador é compreensível, pois com um investimento daquele tamanho, o guarda redes não podia ir para o banco. Contudo, não durou mais que uma época nas águias e saiu numa transferência um pouco misteriosa.

A massa associativa do clube e a Comunicação Social podem, por vezes, ser duras para com os jogadores e isso pode afetá-los e influenciar no seu rendimento desportivo. Roberto pode ser um exemplo disso mesmo; apesar das várias falhas, o espanhol tinha qualidade e houve jogos onde mostrou essa verdadeira qualidade. Não obstante, as falhas sobrepuseram-se às valências e complementando com as críticas, o jogador foi baixando cada vez mais de nível e acaba por ser considerado um flop.

O espanhol foi sempre muito criticado em Portugal. (Foto: MF)

A vida depois do Benfica, numa transferência pouco usual…

Como dito acima, a transferência de saída do Benfica é difícil de explicar e com tantos rumores, várias histórias se espalham. Uma das notícias que se espalharam na altura era que tinha sido montada uma engenharia financeira entre o Benfica, Atlético Madrid e Olympiacos.

Passamos a explicar esta teoria, que parece ser a mais credível já que foi isto que o Football Leaks divulgou.

Ora, Roberto foi transferido, após uma única época no Benfica, para o Saragoça por 8,6 milhões de euros, valor próximo ao que o Benfica pagou pelo jogador um ano antes ao Atlético de Madrid. Contudo, os espanhóis apenas liquidaram 86 mil euros dos 8,6 milhões.

Após duas temporadas na equipa da cidade de Saragoça, o Benfica recuperou o jogador e renovou com ele até 2016/2017. Mas em julho de 2013 os encarnados emprestaram o guarda-redes ao Olympiakos até junho de 2014, com os gregos a suportarem o salário. De acordo com os documentos do Football Leaks, a seis meses de terminar o acordo de empréstimo entre as águias e os gregos, Benfica e Roberto revogaram o contrato que os ligava.

Mas, um dia antes, Benfica, Atlético Madrid e Roberto assinavam um contrato onde é explicado que as águias tinham vendido os direitos económicos do guarda-redes aos colchoneros em junho de 2013, mas mantendo os direitos desportivos, que se deveriam ceder após o fim do empréstimo do guarda-redes ao Olympiakos. O Benfica recebe, depois, o passe de Pizzi para “não ficar a perder” no negócio.

Seguem-se negociações entre os gregos e os espanhóis, que têm o aval do Benfica, e ainda alguns acordos entre 2 agentes com remunerações à mistura. Uma transferência que deu muito que investigar na altura, já que a mesma é confusa e estranha, sendo que os 3 clubes arranjaram uma maneira de ficarem todos satisfeitos, não sabendo o público geral a veracidade desta negociação.

O que o Benfica disse à CMVM foi que recuperou os direitos desportivos e económicos do jogador, exercendo uma das garantias previstas no acordo celebrado com a BE Plan (entidade que comprou os direitos económicos) e o Real Saragoça, que adquiriu os direitos desportivos. Essa recuperação deveu-se ao incumprimento da BE Plan tendo em conta as garantias que estavam associadas à essa cedência de direitos económicos.

Depois, sim, vendeu, a título definitivo, ao Atlético de Madrid, por 6 milhões de euros. O final coincide com as duas versões: o Atlético de Madrid chega a acordo pela cedência por empréstimo, de Roberto, ao Olympiakos, que no ano seguinte, é vendido a título definitivo, e o Benfica dá o aval.

A transferência de Roberto para o Olympiakos foi um pouco…insólita. (Foto: sempreinter.com)

Ainda dá uma “mãozinha”…

Depois destes anos atribulados, seja na má experiência que teve em Portugal, ou nas várias mudanças que fez pela confusão da sua transferência, Roberto voltou a Espanha, na temporada passada, para o Espanyol, a troco de 3 milhões de euros.

Depois de uma época, em que realizou apenas 6 jogos pelos catalães, esta época foi emprestado ao Málaga. Porém, não parece estar a ser feliz. Os Blanquiazules estão no último lugar da tabela e não parecem vir a sair de lá tão cedo, sendo que já não ganham à 10 jogos seguidos e perdem à 3. Roberto, só falhou um jogo na La Liga pelos Malaguistas e está a jogar regulamente, mas não parece fazer a diferença para a sua equipa.

Apesar da equipa do sul de Espanha ter a opção de compra no empréstimo, é provável que o guarda redes de, agora, 32 anos, se recuse a ficar por lá. Com uma provável relegação, o espanhol não deverá querer jogar numa equipa de 2º escalão e preferirá voltar ao Espanyol, sendo que aí terá nova oportunidade para se mostrar e tentar ganhar a titularidade.

Roberto ainda está “para as curvas” no Málaga. (Foto: GOL Digital)

O espanhol, tem uma carreira muito heterogénea, desde a Península Ibérica, à Grécia, e é neste último país que referimos, que parece que foi mais feliz. Foi onde jogou mais e onde ganhou títulos (3 Ligas gregas e 1 Taça da Grécia) pois no resto das suas passagens não (con)venceu.

Por fim, é bom repetir, que o guarda redes, não é assim tão mau quanto as críticas portuguesas dizem; comprometeu a equipa algumas vezes, é verdade, mas também mostrou o seu valor noutras e com tanta pressão e “mau olhado” é normal que fosse descaindo de forma e nível cada vez mais.


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