Alan Ball, o pioneiro das chuteiras coloridas
Nos últimos anos habituamo-nos a ver chuteiras de cores berrantes por todos campos, as tonalidades fluorescentes ganharam face ao preto que dominou durante décadas. Mas como se operou essa mudança ou quem foi o primeiro jogador a quebrar com essa “tradição” das botas pretas?
Na década de 1970, as grandes empresas de material desportivo – especialmente as germânicas Puma, Adidas e Hummel – começaram a apostar forte no marketing, o episodio mais celebre na nossa memória colectiva talvez seja o que envolveu Pelé no mundial de 1970.
Nos quartos de finais da prova (Brasil vs Peru), Pelé, antes do apito do arbitro, pediu um tempo para apertar os laços das suas chuteiras, perante tal ato, as câmeras aproximaram e focaram em Pelé sendo esta uma das mais mediáticas publicidades até então. Esse golpe publicitário não saiu propriamente barato, custando 120 mil doláres a empresa germânica.
Também outro génio dos relvados criou uma importante mudança que permitiu uma expansão na palete de cores das chuteiras. George Best, tinha umas botas da Stylo Matchmakers que possuíam uma lista branca do calcanhar até a ponta das botas (um pouco maior e mais larga que a tradicional lista das puma).
Porém, quem de facto quebrou o padrão foi o Alan Ball – um dos maiores craques do Everton e o mais jovem campeão do mundo de 1966. Na Charity Shield de 1970, disputada entre Everton (campeão ingles de 1969) e o Chelsea (vencedor da FA Cup) Alan Ball surpreendeu o mundo do futebol ao entrar em campo de chuteiras brancas, quebrando assim a monotonia marron e preta que dominava os relvados. Numa transmissão televisa a cores, o impacto foi gigante.
Mas o que esteve por trás de tal revolução naquela que é a ferramenta de trabalho dos operários dos relvados? Uma tentativa da marca alemã Hummel de entrar em força no mercado britânico. Brian Hewitt era o responsável pela sucursal da Hummel no Reino Unido e pensou na estratégia de criar umas vistosas chuteiras brancas para destacar a marca e escolheu uma das maiores estrelas da First Division e da Seleção Inglesa como embaixador, Alan Ball.
O plano foi delineado, todavia pô-lo em prática foi um pouco mais difícil. Nenhuma das botas da Hummel faziam o Alan Ball sentir-se confortável para usa-las em jogo, então decidiram pegar nas suas chuteiras da adidas, retiraram as famosas 3 riscas, pintaram nas de branco e coseram o emblema da Hummel na lateral.
O impacto desta jogada da Hummel foi enorme, Alan brilhou no relvado, o Everton ganhou e a Hummel vendeu 12 mil pares de chuteiras brancas na semana seguinte ao jogo. Graças a esse sucesso de vendas, as outras marcas começaram a apostar em novas cores ou designs arrojados para promoverem o seu material e até definir uma imagem. A verdade é que hoje em dia ja são raros os jogadores que usem a “tradicional” chuteira preta.