Simão Van Zeller. “Todo o tempo que tive no Cascais foi especial!”

Francisco IsaacAbril 3, 20186min0
O 3/4's português está em Inglaterra a conquistar o seu espaço mas não esquece o GDS Cascais. Fica a conhece-lo um pouco melhor nesta entrevista
Simão Van Zeller, andas em Inglaterra a “colecionar” experiência.. mas explica aos nossos leitores o que andas a estudar? E já agora continuas a jogar rugby?

SVZ. É verdade. Vim para cá estudar Sport Management (Gestão do Desporto) porque procurava um sítio onde houvesse grandes oportunidades para seguir o que quero fazer, o que em Portugal não era tão fácil nesta área. Obviamente, não me vejo a largar o rugby tão cedo.

Tu estás a jogar pela equipa da Universidade, certo? Como é o nível do rugby universitário em Inglaterra? E a que posição estás a jogar?

SVZ. Certo. O nível universitário é muito bom na primeira e segunda divisão, a minha faculdade está numa divisão abaixo e nível não é tão elevado mas mesmo assim é bom. Estamos a fazer uma boa época e conseguimos mantermo-nos no top 4 do nosso campeonato, o que é um feito na história do rugby universitário aqui em Coventry. Estou a jogar mais regularmente a 10, mas de vez em quando vario para 15 ou até mesmo 9.

Entretanto já deste o salto para o Nuneaton RFC, que está inserido na Midlands Premier League. Qual é o nível? E que divisão corresponde dentro do rugby inglês?

SVZ. O nível é sempre elevado aqui em Inglaterra, mesmo nas divisões mais baixas. Corresponde à National League 3, onde está dividido em 4 regiões em que os campeões de cada região sobem para a National 2. Já é um campeonato mais competitivo e muito duro fisicamente.

O que aprendeste em Portugal é útil neste país que respira muito rugby? Que qualidades notas que estás acima em relação aos teus colegas e adversários? E o que temos em falta?

SVZ. De Portugal para cá a diferença é notável. Aqui, pelo que tenho jogado e visto, a atenção que se dá aos básicos do rugby é enorme. É um jogo onde se puxa mais pelo físico do que pelos skills. Não acho que temos alguma coisa em falta, estamos a evoluir e isso é visível pelos resultados das seleções e a competitividade do campeonato português.

Tens saudades de Portugal? O GDS Cascais faz-te muita falta diariamente?

SVZ. Muitas. Faz-me falta sentir o que sentia quando vestia a camisola do Cascais e do que isso representava. Cá foi como começar do zero, conhecer novos amigos e treinadores e pela primeira vez representar outro clube, que até hoje me faz confusão vestir outras cores ahah.

Como é que começaste a “brincar” com a oval? Quem é que foram os teus primeiros amigos e colegas (e os que ainda hoje se mantêm)?

SVZ. Foi cedo, com 8 anos, no ano do mundial. O meu irmão Sebastião começou a ensinar-me a passar e a placar no jardim de casa, e com uma família muito ligada ao rugby, não tive por onde “fugir”. O meu grupo de amigos de hoje em dia é quase tudo do rugby, os meus grandes amigos são pessoas que conheci nos treinos ou até mesmo dentro de campo.

Lembras-te de algum momento que te tenha quase feito desistir? Ou algum que tenha quase dito para continuares a jogar?

SVZ. Quando me magoei no ombro, no meu último jogo em Portugal, foi revoltante ver a época que ia perder.

Há algo de especial no Cascais? Qual é a tua melhor memória do campo da Guia?

SVZ. Todo o tempo que tive no Cascais foi especial, acho que nunca estive num espirito de balneário tao bom como no Caldeirão da Guia. Tenho muitas, é difícil escolher uma. Todos os jogos em casa, o espírito a seguir a um jogo (ganhando ou perdendo) era sempre de grande união.

As tuas boas exibições no clube da Linha permitiu-te dar o salto para a selecção sub-18. Quando foi a tua estreia? E é muita pressão quando se põe a camisola das quinas?

SVZ. Infelizmente nunca pude representar Portugal num jogo oficial devido à lesão do ombro, mas fiz uns jogos teste. Nesses jogos já sentia muita pressão, mas principalmente orgulho de estar ali.

Foto: João Peleteiro Fotografia
Jogaste uns quantos jogos por esse escalão… gostaste de ser treinado pelo Professor Rui Carvoeira e o Francisco Branco? Que qualidades tiveste que limar para tornar uma opção séria nos sub-18?

SVZ. Gostei, são dois treinadores que se preocupam seriamente em preparar bons jogadores no futuro. Tive que gostar mais de jogar a 9 ahaha, apesar de não ser a minha posição principal.

Em Inglaterra estás a estudar e a fazer de Student Ambassador… no que consiste isso? E em que clube estás a desempenhar esse papel?

SVZ. É verdade. Estou a trabalhar em conjunto com a equipa de marketing dos Wasps RFC na promoção e divulgação dos jogos e eventos do clube para a comunidade de Coventry (principalmente estudantes). Foi uma oportunidade que tive que agarrar, se quero vingar neste campo tenho que fazer por isso, e o que poderia ser melhor do que ver o mundo do rugby deste lado?

Queres trabalhar no Mundo do rugby a nível profissional? É muito difícil alguém conseguir chegar a esse patamar?

SVZ. Esse seria um dos meus sonhos, conseguir manter esta ligação ao melhor desporto do mundo, mesmo não sendo como jogador. Acho que não, se trabalhar para isso e estiver dedicado tudo é possível.

Já agora quem é mais divertido: Elliot Daly, James Haskell ou Danny Cipriani?

SVZ. Do pouco que estive em contacto com eles, James Haskell.

Melhor selecção do Mundo: All Blacks, Inglaterra ou Irlanda?

SVZ. All Blacks, apesar de preferir a Inglaterra.

O treinador que te marcou mais? E o colega de equipa com quem gostavas de voltar a jogar com?

SVZ. Todos os treinadores tiveram um grande impacto na minha vida de jogador, entre eles o meu irmão Sebastião van Zeller, Luis Supico, João Consciência e Francisco Nóbrega. Gostava de poder voltar a jogar com todos, foi com eles que cresci não só enquanto jogador mas também como pessoa.

Melhor jogador do Mundo: Owen Farrell, Beauden Barrett ou há outro?

SVZ. Tenho dois em mente: Beauden Barret e Damian McKenzie.

Melhor jogador português que viste a jogar?

SVZ. O meu primo, Pedro Bettencourt.

Momento mais divertido a trabalhar para os Wasps? E o mais empolgante?

SVZ. O momento em que o James Haskell, antes de um jogo contra os Saracens, passou por mim e perguntou-me como corria o trabalho. O mais empolgante foi poder ir aos balneários e túnel dos jogadores, é de outro mundo.

Umas palavras para a tua família, amigos e colegas? E comunidade portuguesa do rugby?

SVZ. Só que estou muito contente e orgulhoso de ver o rugby português a crescer cada vez mais.

Foto: Pai Conde Fotografias

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