Liliana Marques. “A Ginástica vai conseguir voltar a competir!”

Sofia GoulartOutubro 7, 20204min0

Liliana Marques. “A Ginástica vai conseguir voltar a competir!”

Sofia GoulartOutubro 7, 20204min0
O Fair Play entrevistou a treinadora do Clube Atlético de Alvalade sobre o impacto do SARS-CoV-2 nos treinos e tentou perceber o futuro da Ginástica Acrobática em Portugal. Liliana Marques em exclusivo

Hoje o Fairplay veio conversar com a treinadora Liliana Marques, responsável pela classe de ginástica acrobática de competição do Clube Atlético de Alvalade, para comprender melhor qual foi o impacto que a paragem repentina dos treinos presenciais, como se adaptaram e o que esperar de um futuro incerto.

Em Março, devido aos desenvolvimentos provocados pela Pandemia da COVID-19, muitos atletas das mais variadas modalidades desportivas, assistiram à suspensão dos treinos presenciais, ao cancelamento e/ou adiamento das competições e o futuro da época tornou-se incerto.

Como é que estes acontecimentos todos afetaram a acrobática do CAA e se (re)organizaram para poder continuar os treinos, ainda que “à distância”?

LG. Em Março, devido ao ”perigo“ aliado à nossa modalidade, nós optámos por encerrar um dia mais cedo daquele em que foi decretado como obrigatório. Enviámos os planos de treino por escrito e, cerca de uma semana mais tarde, começámos a fazer as aulas online, através da plataforma Zoom., cumprindo esses planos, e não sabíamos o que vinha aí pela frente.

Na classe de competição, sentimos uma maior proximidade entre os atletas. Mantivemos a ligação a partir do momento em que fomos para casa e os treinos online tiveram início. Nas classes formativas, houve alguns ginastas dos quais não soubemos mais nada e esta época ainda não regressaram.

Como decorreu esse processo de adaptação à nova realidade de treino? Apercebeste-te que havia alguns ginastas que se sentiram desmotivados? Se sim, como geriste essa situação?

LG. Tivémos dois opostos. Ginastas mega motivados. Grande parte dos treinos online eram exercícios de preparação física e notámos melhorias na condição física geral. Outros ginastas, que não gostam tanto dessa vertente de treino e/ou não têm um objetivo tão definido em termos competitivos, apercebemo-nos que não estavam tão motivados. Com o passar do tempo, deixaram de vir treinar tanto e alguns até pararam.

Quando os treinos consistiam na parte técnica de elementos invididuais, todos estavam contentes, mas nem todos tinham espaço e condições em casa para fazer alguns exercícios. Fomos adaptando e adequando à realidade de cada um.

No regresso aos treinos presenciais, que mudanças foram feitas para que se realizassem em segurança? Houve alguns receios por parte dos atletas e respetivas famílias?

LG. A reabertura do clube foi feita de forma cautelosa, muito cuidada. Tivémos a ajuda do plano da FGP, todos os treinadores do núcleo da acrobática tiveram a formação. Em julho, regressámos aos treinos presenciais. Não regressaram logo todos os ginastas. Alguns estavam de férias, outros estavam ao cuidado dos avós porque os pais tinham de trabalhar e não é aconselhável que voltassem já. Mas mantivémos as aulas online e têm corrido bem.

Como temos várias classes com muitos ginastas, optámos por dividi-las para poder cumprir o máximo de lotação aconselhado pela Direção Geral de Saúde. Informámos os pais e famílias das regras e sentimos que havia recetividade e tranquilidade. No entanto, em setembro ainda sentimos o “impacto”, pois não voltaram todos.

Neste momento, da classe competição regressaram quase todos. Das classes formativas, a lotação está quase toda preenchida. Estamos muito satisfeitos com o núcleo de acrobática.

O que achas das regras que foram recentemente anunciadas pela FGP que vão estar em vigor para a organização de eventos/competições desportivas?

LG. Acredito que se vai encontrar uma solução. Em relação à classificação da ginástica acrobática como desporto de alto risco, entendo porque, efetivamente, há contacto direto e muito próxima entre os ginastas. Há-de haver alguma solução, para que se consigam fazer os testes de despistagem à COVID-19, se for necessário. Se outras modalidades desportivas vão conseguir, eu tenho a certeza que a ginástica – e a acrobática, no caso – também vai conseguir voltar a competir.


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