José Conde. “Sempre tive o sonho de ser jogador profissional de rugby”
José, és mais um português que emigra para jogar rugby fora! Estás nervoso para começar a tua experiência no Alcobendas?
Não. Não estou nervoso. Mas não posso esconder a ansiedade de começar a nova experiência.
O que te fez assinar pela equipa espanhola que milita na principal divisão do país-vizinho? Vais sentir saudades do Cascais?
Sempre tive o sonho de poder ser profissional de rugby. O Alcobendas deu-me essa oportunidade e eu decidi não a perder, até porque há oportunidades que podem só aparecer uma vez.
Sim, claro, o Cascais é o meu clube de sempre, e embora vá abraçar outro projeto, vai deixar saudades com toda a certeza, sou muito ligado às pessoas do clube desde atletas a amigos, funcionários e toda a envolvente do rugby.
Durante alguns anos discutiu-se o facto de Portugal ter poucos pilares fortes, mas a tua geração já deu alguns, assim como as seguintes. Estás preparado para jogar a nível internacional?
Tanto a minha geração como as seguintes dão, de facto pilares bons e fortes. Do que tenho visto, podemos continuar a ter pilares fortes, mas só com muito trabalho e acima de tudo com o trabalho certo que tem que ser feito desde cedo.
É um novo desafio e não sei ao certo o que vou apanhar. No entanto trabalho muito duro e sinto-me bem e confiante.
Trabalhaste com o Tomaz Morais nos últimos anos no GDS Cascais… ajudou-te a crescer como jogador? O que aprendeste durante esse tempo?
Ajudou-me muito a evoluir tanto enquanto jogador, como enquanto pessoa. Foi ele que me fez perceber que o rugby hoje em dia é mais dinâmico do que se pensa; e que o trabalho duro e sacrifício compensa sempre.
A mudança para Espanha é definitiva… ou só vais fazer uma experiência?
Por agora é apenas uma experiência, mas o tempo dirá se vai ficar por aí, ou se se vai alargar e passar a ser definitivo, vou trabalhar, aprender, possivelmente também passar um pouco da minha experiência e o futuro dirá.
Quais são os teus principais objectivos para este ano? O teu pai incentiva-te a ir longe na modalidade?
Para este ano o meu grande objetivo é conseguir estar à altura dos desafios novos enquanto jogador profissional, empenhar-me como sempre e aumentar o nível de aprendizagem.
Sim, felizmente o meu pai sempre me incentivou a querer mais e melhor, e, partilha comigo a opinião de que esta é uma oportunidade que eu não devia perder, pois poderei evoluir tanto a nível desportivo como a nível pessoal.
Como é que os irmãos Conde começaram a jogar rugby? E qual de vocês se agarrou primeiro à modalidade?
Pergunta curiosa.. O primeiro fui eu, que, sem ter nenhuma ligação ao rugby, sempre fui um amante de desporto no geral, pratiquei muitas modalidades em miúdo, e um dia decidi experimentar rugby, e tal como muitos outros gordinhos, foi o rugby que me acolheu verdadeiramente (risos). A seguir o João também experimentou e gostou e por fim o mais novo de nós, o Duarte, não poderia não experimentar e claro que gostou também.
É mais fácil jogar contra o teu irmão nos treinos ou alinhar na primeira-linha ao lado dele? Já agora qual de vocês placa melhor e quem ter a bola nas mãos?
Gosto muito de jogar contra eles nos treinos, mas, claro que jogar ao lado deles especialmente na Formação Ordenada é um prazer enorme. O mais velho (João) é de longe o melhor placador, já jogou em todas as posições (!!) mas fixou-se a asa pela sua raça. O melhor com a bola nas mão é o mais novo (Duarte) pelas brincadeiras que faz junto a linha com passes mágicos e corridas, dignas de um verdadeiro pilar.
Trabalhas individualmente para melhorares enquanto pilar? Que tipo de trabalho fazes?
Sim, a meu ver, hoje em dia é impossível ser-se pilar sem se trabalhar muito individualmente.
Para além do trabalho de ginásio regular pelo menos 4 vezes por semana (obrigatório) faço questão de trabalhar a minha técnica individual de melle, onde se tem um mundo inteiro de treinos que se pode e deve fazer, desde posição específica, músculos importantes, trabalho de força e trabalho de resistência, também reforço o trabalho de alongamentos específicos que, a meu ver hoje em dia tem um papel cada vez mais importante na performance.
Sempre quiseste jogar a pilar ou ainda tentaste convencer os teus treinadores de formação a colocarem-te a outra posição?
Como qualquer pilar, em miúdo tentei convencer o meu treinador João Bettencourt (Bico) de que não devia ser pilar. Insisti bastante para ser primeiro centro, mas claramente e com razão, nunca fui levado a sério.
O teu objectivo máximo é chegar à Selecção Nacional? Sentes que tens boa competição para lá chegar?
Esse é um dos meus objectivos, mas o meu objetivo máximo neste momento é ser profissional de rugby e poder viver conforme um profissional vive. Claro que jogar pela seleção é, e sempre foi, um dos maiores prazeres que tive (infelizmente este ano interrompido pelos estudos, estou no último ano de Gestão de Desporto e quero acabar este ano).
Fiz vários amigos nas seleções por onde passei, sem dúvida que é uma competição muito forte, e é por isso que se trata de uma seleção Nacional. Na primeira linha temos excelentes jogadores, e onde a maior parte trabalha todos os dias para ser melhor. Desde Treinadores a jogadores, fisioterapeutas é um Mundo de grandes amizades para a vida.
Quando jogaste pelos sub-20 há uns anos trás qual foi a sensação de entrar com a bola no contacto com as Quinas ao peito?
Foi sempre a mesma, desde os sub16 em torneios, passando pelos europeus, e mundial Sub-20 até aos séniores. Uma das melhores sensações de sempre é defender as nossas cores em qualquer parte do mundo.
Umas perguntas flash: melhor pilar a nível mundial para ti? E o jogador que mais gostas de ver a jogar?
Na atualidade Tadhg Furlong. Gosto muito de ver Agustín Creevy e Rory Best
O que é preciso para jogar no Cascais?
Sacrifício.
Fazer um viranço ao teu irmão ou tentar fintá-lo com um grande finta de passe?
Finta de passe
Treinador mais importante na tua formação como jogador?
Poderia falar em muitos que me ajudaram, nomeadamente ligados á formação do Cascais, e por Eles tenho grande amizade e carinho, no entanto os que considero mais marcantes são o Prof. Henrique Rocha, João Bettencourt, João Luís Pinto e claro o Prof Tomaz Morais.
Campeonato que gostarias de jogar?
Neozelandês
Gostavas de deixar uma mensagem ao público português de “até já”? E já agora o que podes dizer aos teus futuros adeptos do Alcobendas?
A mensagem que tenho é uma mensagem de incentivo ao trabalho duro, diário, menos desculpas, e pôr de facto os valores de rugby em prática.
Para os meus futuros adeptos, posso dizer que vou sempre treinar nos meus limites máximos, e tentar sempre ser melhor jogador e pessoa do que fui ontem, a meu ver esse é o único pensamento que nos pode fazer realmente evoluir e trabalhar.