À conversa com o presidente da ANS (Associação Nacional de Surfistas) – Francisco Rodrigues

Palex FerreiraMaio 29, 20187min0
A poucos dias de acontecer a 3.ª etapa do Circuito Nacional de surf na Figueira da Foz (1 a 3 de Junho), aproveitámos para falar um pouco com o Francisco Rodrigues, presidente da ANS (Associação Nacional de Surfistas).

Todas as etapas da LIGA MEO podem ser acompanhadas via internet – http://www.ansurfistas.com/ (transmissão ao vivo de toda a prova).

Onde podem ver os melhores atletas masculinos e femininos em competição, nas belas praias da Figueira da Foz.

Boa sorte a todos os atletas.

 

Quando surgiu a ANS estariam prontos para a mudança que criaram no panorama português, após uma rutura com a FPS de então?

É complicado eu responder pessoalmente e em detalhe sobre as aspirações iniciais da ANS. Foi há quase 21 anos. Mas uma coisa é certa. Era e é um movimento orgânico dos surfistas para tratar do desenvolvimento da camada principal do surf de competição em Portugal. Outra certeza é que as relações com a Federação Portuguesa de Surf são excelentes e no mesmo sentido das vontades da ANS. Passados estes anos todos, termos uma Liga MEO Surf da forma que conhecemos, um Frederico Morais na elite do surf mundial e ainda um conjunto de outros factores bem alinhados para o fomento da modalidade em Portugal, só nos deve alegrar. A ANS segue o seu caminho com a mesma energia de sempre: proporcionar mais e melhor para os surfistas de competição em Portugal.

O saldo dos últimos anos, é francamente positivo, de que forma poderiam ainda melhorar?

Todos os anos são muito exigentes. É uma equipa bastante empenhada que diariamente trata de uma série de assuntos a favor do surfistas portugueses. Embora a Liga MEO Surf nos preencha bastante, o acompanhamento de bem perto dos portugueses em competições da World Surf League é também para nós prioritário. No caso específico da Liga, a exigência e os aspectos a melhorar é uma história sem fim. Em 2018, por exemplo, quisemos melhorar a nossa mensagem de sustentabilidade com o lançamento, em conjunto com a Fundaçao PT, da primeira limpeza de praia concertada a nível nacional. Já retiramos 360kg de plástico das praias e queremos chegar à 1 tonelada no final das 5 etapas. Por seu turno, também entramos no campo da experiência do espectador com as apostas e equipas no Rip Curl Fantasy Surfer.

Calendário LIGA MEO Surf 2018
Que objetivos tem a ANS face ao Futuro a médio prazo, na organização de eventos?

É o que o mercado nos permitir implementar. Desde 2012 até 2018 já quase quadruplicamos a premiação directa aos surfistas que se cifra actualmente nos 90.000€ no global das 5 etapas. Temos a nossa visão de médio e longo prazo que passa sempre por valorizar os eventos da Liga MEO Surf numa perspectiva de alargamento do interesse nos seus vários domínios sem nunca esquecer o actores principais, os surfistas portugueses.

Francisco Rodrigues – Presidente da ANS (Foto: ANS)
Quais as principais marcas que assumem a manutenção da LIGA MEO, a prova de elite dos surfistas portugueses?

A estrutura de sponsoring é vasta e que se complementa entre si. O umbrella sponsor é o MEO do grupo Altice Portugal que é também agregado ao Moche, Fundação PT e MCS Extreme. Depois temos os Namings das etapas onde a Allianz é a marca principal ao dar nome a 3 etapas, seguindo a Renault e o Bom Petisco. O leque de sponsors conta ainda com a Somersby e a Rip Curl. Para além disso, trabalhamos com acções específicas com a Red Bull, a Canon, a Polen Surfboards e a Sumatra Surf Trip, incluindo-se aqui também parceiros como o Ricardo Bravo, o Kike surf coach, a Plastic Sun Days e o projecto Wave by Wave. Por fim, uma palavra especial para os Municípios de Mafra, Porto e Matosinhos, Figueira da Foz, Sintra e Cascais que são excepcionais a receberem os melhores surfistas nacionais nos seus Concelhos.

Desde que a ANS surgiu, os surfistas portugueses passaram a outro nível de performance, que expectativas têm face ao futuro dos miúdos que agora já estão num nível elevado?

É uma pergunta muito interessante. Se por um lado devemos saudar Tiago Pires pela abertura do surf português ao mundo. Por outro, ver Frederico Morais a elevar ainda mais o patamar do surf português seja a nível de performance seja enquanto embaixador da modalidade, é um grande orgulho. Aqui falo enquanto fã e consumidor da modalidade que é o que realmente somos durante os heats do Kikas. No entanto, a evolução não acontece sem sermos exigentes connosco próprios. A discussão deve passar não só pelo caminho de melhoria da qualidade que tem vindo a ser desenhado até aos dias de hoje mas também centrar-se no aumento da quantidade. Temos a estrutura desportiva toda implementada, ie, com instituições, eventos nacionais e internacionais de toda a gama, centro de treino competentes e cultura de surf na sociedade e famílias. Mas faltam mais surfistas de primeira água. Em número. É o grande desafio de Portugal no médio prazo.

De que forma a ANS acompanha os surfistas nos principais circuitos, existe algum gabinete ou equipa que os possa ajudar caso queiram e precisem de ajuda para se informem sobre circuitos internacionais de qualificação?

A ANS é um braço armado para as necessidades que os surfistas portugueses tiverem. Acreditamos que podemos ser uma boa ajuda na divulgação dos seus resultados internacionais. Mas também vamos dando um apoio no link das marcas mainstream com alguns deles, que é um resultado natural do nosso trabalho comercial diário. Além disso, não deixamos de estar atentos a outros aspectos que sejam oportunos como foi o caso da situação do Miguel Blanco no WQS 1500 do Chile.

Campeã em título da etapa da Figueira – Teresa Bonvalot (Foto: Pedro Mestre /ANSURFISTAS)
Que relação tem a ANS com a FPS e os clubes? Em temas como o Julgamento, Formação entre outros assuntos, relacionados com o bem-estar dos atletas?

A nossa relação é sempre via FPS. É cordial e bastante construtiva. O julgamento e formação são competências da FPS. Quanto aos clubes, em todas as nossas provas, disponibilizamos convites (wildcards) para que estes os entreguem aos seus surfistas da forma que o desejarem.

Quem são os principais candidatos aos títulos em 2018?

Prefiro colocar o meu foco na expectativa de ver os e as mais novas a atacarem os lugares de liderança de Vasco Ribeiro e Carol Henrique que são os campeões nacionais em título. Ver e esperar que os júniores compliquem a vida aos mais experientes é, para mim, bastante mais interessante.

Existe relação entre a ANS e a WSL, na organização dos eventos?

Sim. A ANS é um parceiro de longa data da equipa Ocean Events. Trocamos diversas impressões e existe um espírito de entre ajuda muito grande. No fundo, a ANS tem para Portugal e à sua escala uma posição muito similar com a que a WSL desenvolve no mundo.

Uma mensagem para quem não conhece ainda a ANS?

Acompanhem os melhores surfistas nacionais em @ansurfistas e acreditem que há projectos de vida exemplares que valem a pena ser seguidos e tidos como referência. Já agora, juntem-se a nós e venham fazer umas ondas!

Pedro Henriques ao lado de sua irmã Carol Henriques (Foto: 24Sapo.pt)

No ano passado (2017) os vencedores deste etapa foram Pedro Henriques (luso-brasileiro) e a Teresa Bonvalot, este ano a concorrência aumentou, devido ao nível crescente português e o espectáculo será garantido.


Entre na discussão


Quem somos

É com Fair Play que pretendemos trazer uma diversificada panóplia de assuntos e temas. A análise ao detalhe que definiu o jogo; a perspectiva histórica que faz sentido enquadrar; a equipa que tacticamente tem subjugado os seus concorrentes; a individualidade que teima em não deixar de brilhar – é tudo disso que é feito o Fair Play. Que o leitor poderá e deverá não só ler e acompanhar, mas dele participar, através do comentário, fomentando, assim, ainda mais o debate e a partilha.


CONTACTE-NOS