Arquivo de Rugby - Página 2 de 136 - Fair Play

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Francisco IsaacNovembro 20, 20243min0

Final para os sub-20, vitória dos sub-18 ante a Bélgica, e uma ronda amplamente positiva para as selecções jovens de Portugal que mostraram bons pormenores nos jogos desta terça e quarta-feira passada, sendo estes os três destaques de ambos os encontros.

O NEGATIVO: INCONSISTÊNCIA QUASE QUE COMPLICOU AS CONTAS

Um jogo com duas partes diferentes. Os sub-18 entraram a ganhar, mas depois permitiram uma recuperação da Bélgica, que chegou a estar na frente do encontro por um ponto (15-14), o que começou a gerar preocupação por parte de quem assistia ao encontro. Falhas de placagem gritantes, um jogo ao pé com pouco sentido e uma manobra ofensiva que se deixou apanhar em falso em diferentes momentos, especialmente entre os 15′ e 36′. A segunda-parte foi uma mudança radical de atitude, com os atletas de João Baptista Malta a quererem ser a equipa dominante e a não esperar pelo erro do adversário. A entrada de Salvador Guimarães agitou a equipa e deu uma pulsação alta a uma equipa que precisava de acordar e de operar de forma diferente. Com esta vitória Portugal garantiu acesso à final do 5º lugar, um pormenor positivo naquilo que foi uma campanha longe dos objectivos mínimos.

O POSITIVO: MATREIRICE AJUDOU A CHEGAR À FINAL

Três anos depois os sub-20 de Portugal retornam às finais do Men’s Rugby Europe Championship, derrotando a Bélgica por 30-12, num resultado que só ganhou forma a partir dos 28 minutos de jogo. Os Lobos sub-20 até começaram com o pé esquerdo, não chegando à área-de-ensaio contrária, sofrendo até um ensaio à passagem do 20º minuto de jogo. Contudo, a partir desse momento a selecção nacional começou a operar como uma equipa, impondo diversas dificuldades ao conjunto belga que acabou por recuar no terreno e a cometer uma onda de erros, um dos quais a resultar no primeiro ensaio marcado por Guilherme Vasconcelos. A agressividade física subiu de nível, o domínio táctico ganhou outra expressão e o ataque mostrou outra lucidez, resultando numa reviravolta de 00-05 para 17-05 no espaço de 12 minutos.

Um dos momentos do encontro esteve guardado para a bola de jogo da primeira-parte, com a Bélgica a jogar rápido e a cair numa boa placagem colectiva, com o talonador António Peixoto a se lançar à bola e a conseguir um precioso turnover. A solidariedade defensiva foi de excelência, com os atletas portugueses a se unirem nos momentos críticos para colocar um travão aos avançados do adversário que só nos últimos oito minutos voltou a chegar à área-de-validação portuguesa. Outro ponto importante foi a inteligência da operação ofensiva dos Lobos sub-20, conseguindo apanhar a equipa belga de surpresa, com destaque para Manuel Vareiro, Mathis Silva e Guilherme Vasconcelos. Nota final vai para nova boa actuação de Martim Souto, com o pilar a se impor nas fases-estáticas e até no jogo corrido.

O MVP DA RONDA: JOSÉ MONTEIRO (SUB-20)

Marcou um tremendo ensaio, fez o quis da defesa belga a partir da formação-ordenada e reinou com assertividade no alinhamento, tendo sido um dos jogadores portugueses em grande destaque nesta 2ª ronda dos Campeonatos da Europa sub-18 e sub-20. O atleta do CDUL foi gigante no que toca à fisicalidade imposta no contacto, agilizando bem os processos dos Lobos sub-20 para dar outro músculo, força e domínio à equipa portuguesa, especialmente naqueles vinte minutos iniciais. O terceira-linha ainda somou dois turnovers, doze placagens efectivas, uma dezena de linhas-de-vantagem conquistadas e dois offloads, injectando um dinamismo tremendo que fez a diferença.

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Francisco IsaacNovembro 9, 20244min0

No primeiro jogo de Simon Mannix em solo nacional, Portugal acabou derrotado frente aos Estados Unidos da América no Estádio de Coimbra, com a equipa da selecção nacional a deixar escapar uma vantagem de 17 pontos com um ensaio marcado nos derradeiros minutos do encontro. Estes são os três destaques do jogo.

MVP: SIMÃO BENTO (DEFESA)

80 metros de conquista, duas assistências para ensaio, uma quebra-de-linha, seis recepções ao pontapé e cinco defesas batidos… este foi o pecúlio de Simão Bento, um dos melhores jogadores portugueses na derrota de Portugal frente aos Estados Unidos da América. O defesa do Stade Montois teve tarde de qualidade, desenhando uma mão-cheia de jogadas que deram outra vitalidade aos Lobos, especialmente quando parecia que os Eagles estavam a dominar o encontro por completo, enchendo o campo com esse virtuosismo técnico e táctico. Não tendo sido a melhor prestação colectiva de Portugal, a verdade é que o três-de-trás conseguiu ser ameaçador durante vários momentos do encontro, com Simão Bento a liderar com convicção e a impor uma energia que tentou empurrar Portugal na direção da vitória. Cody Thomas também esteve em grande, com o pilar a ganhar a linha-de-vantagem cinco vezes de seis entradas, forçando dois erros à formação-ordenada contrária. Hugo Aubry e Hugo Camacho também merecem um destaque pelo jogo positivo realizado, especialmente Camacho que

PONTO ALTO: DEFESA FOI DANDO UMA SEGUNDA VIDA

Sim, os EUA marcaram três ensaios e conseguiram garantir uma vitória mesmo antes do apito final, mas houve um sentido de união na hora de defender e de tentar recuperar a oval para regressar ao ataque. No total, Portugal somou mais de 120 placagens, conseguiu arrancar três turnovers e forçar outras três penalidades, o que prova algum positivismo de um departamento de jogo fundamental para Portugal. A velocidade na saída pós-ruck ou formação-ordenada ajudou a limitar as possibilidades dos Estados Unidos da América em aproveitar o espaço, com Nicolás Martins, José Madeira, Tomás Appleton, Cody Thomas, Raffaele Storti a terem realizado um bom esforço neste aspecto.

Os três ensaios sofridos irão ser revistos, mas a verdade é que Portugal aguentou largos períodos a defender sem consentir pontos, sendo importante limitar o número de penalidades cometidas, um problema que já se tinha visto durante todo 2024.

PONTO A MELHORAR: ALINHAMENTOS INCERTOS E FALTA DE COESÃO

Seis alinhamentos perdidos, sucessivos erros de posse de bola, falta de energia e pujança e pouca cabeça nos momentos críticos do encontro, foram alguns dos erros que acabaram por condenar os Lobos a uma derrota ante a equipa anfitriã, tendo sido a quarta derrota em oito encontros jogados em 2024. Olhando só para os alinhamentos, a quantidade de boas oportunidades perdidas em lançamentos sem direcção de Luka Begic ou o timing atrasado dos saltadores acabou por penalizar excessivamente Portugal, ofertando várias oportunidades ao conjunto contrário para respirar e se reagrupar. Isto já tinha sido um problema vislumbrado frente à Geórgia e Springboks, o que nos diz que os Lobos estão a quebrar quando se sentem pressionados. A lentidão da construção do aparelho ofensivo esteve bem à vista, com o pack avançado a demorar oferecer uma segunda vaga intensa e rápida o que, mais uma vez, só ajudou aos Estados Unidos da América a se manterem em jogo.

Aos que dizem que os EUA têm mais minutos de jogos nas pernas, é importante lembrar que Portugal jogou bem mais encontros em 2024 do que os Eagles, com uma boa parte da equipa a fazer parte dos Lusitanos. A derrota de hoje, que tem mérito dos americanos, diz muito sobre os últimos dois jogos dos Lusitanos em que se sentiu falta de coesão, ideias e uma forma física que está a léguas de distância em comparação do que vimos em 2022 e 2023. Melhores dias virão, mas cometer erros destes frente à Bélgica e Alemanha em 2025 pode significar um adeus prematuro ao Mundial de Rugby 2027. Pode parecer um discurso demasiadamente alarmista, mas mais vale prevenir do que remediar e pede-se algum brio à estrutura da Federação Portuguesa de Rugby neste momento.


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