Campeões da Europa dos sub-20, Portugal no REC acabou da melhor forma em 2024 e Francisco Isaac faz a análise do que se passou
Campeões da Europa dos sub-20, Portugal no REC acabou da melhor forma em 2024 e Francisco Isaac faz a análise do que se passou
Final para os sub-20, vitória dos sub-18 ante a Bélgica, e uma ronda amplamente positiva para as selecções jovens de Portugal que mostraram bons pormenores nos jogos desta terça e quarta-feira passada, sendo estes os três destaques de ambos os encontros.
Um jogo com duas partes diferentes. Os sub-18 entraram a ganhar, mas depois permitiram uma recuperação da Bélgica, que chegou a estar na frente do encontro por um ponto (15-14), o que começou a gerar preocupação por parte de quem assistia ao encontro. Falhas de placagem gritantes, um jogo ao pé com pouco sentido e uma manobra ofensiva que se deixou apanhar em falso em diferentes momentos, especialmente entre os 15′ e 36′. A segunda-parte foi uma mudança radical de atitude, com os atletas de João Baptista Malta a quererem ser a equipa dominante e a não esperar pelo erro do adversário. A entrada de Salvador Guimarães agitou a equipa e deu uma pulsação alta a uma equipa que precisava de acordar e de operar de forma diferente. Com esta vitória Portugal garantiu acesso à final do 5º lugar, um pormenor positivo naquilo que foi uma campanha longe dos objectivos mínimos.
Três anos depois os sub-20 de Portugal retornam às finais do Men’s Rugby Europe Championship, derrotando a Bélgica por 30-12, num resultado que só ganhou forma a partir dos 28 minutos de jogo. Os Lobos sub-20 até começaram com o pé esquerdo, não chegando à área-de-ensaio contrária, sofrendo até um ensaio à passagem do 20º minuto de jogo. Contudo, a partir desse momento a selecção nacional começou a operar como uma equipa, impondo diversas dificuldades ao conjunto belga que acabou por recuar no terreno e a cometer uma onda de erros, um dos quais a resultar no primeiro ensaio marcado por Guilherme Vasconcelos. A agressividade física subiu de nível, o domínio táctico ganhou outra expressão e o ataque mostrou outra lucidez, resultando numa reviravolta de 00-05 para 17-05 no espaço de 12 minutos.
Um dos momentos do encontro esteve guardado para a bola de jogo da primeira-parte, com a Bélgica a jogar rápido e a cair numa boa placagem colectiva, com o talonador António Peixoto a se lançar à bola e a conseguir um precioso turnover. A solidariedade defensiva foi de excelência, com os atletas portugueses a se unirem nos momentos críticos para colocar um travão aos avançados do adversário que só nos últimos oito minutos voltou a chegar à área-de-validação portuguesa. Outro ponto importante foi a inteligência da operação ofensiva dos Lobos sub-20, conseguindo apanhar a equipa belga de surpresa, com destaque para Manuel Vareiro, Mathis Silva e Guilherme Vasconcelos. Nota final vai para nova boa actuação de Martim Souto, com o pilar a se impor nas fases-estáticas e até no jogo corrido.
Marcou um tremendo ensaio, fez o quis da defesa belga a partir da formação-ordenada e reinou com assertividade no alinhamento, tendo sido um dos jogadores portugueses em grande destaque nesta 2ª ronda dos Campeonatos da Europa sub-18 e sub-20. O atleta do CDUL foi gigante no que toca à fisicalidade imposta no contacto, agilizando bem os processos dos Lobos sub-20 para dar outro músculo, força e domínio à equipa portuguesa, especialmente naqueles vinte minutos iniciais. O terceira-linha ainda somou dois turnovers, doze placagens efectivas, uma dezena de linhas-de-vantagem conquistadas e dois offloads, injectando um dinamismo tremendo que fez a diferença.
🇵🇹 Portugal take advantage of the bouncing ball to lead at the break 17-5 in the U20 Championship semi-final. pic.twitter.com/WxL9C4AtPJ
— Rugby Europe (@rugby_europe) November 20, 2024
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No primeiro jogo de Simon Mannix em solo nacional, Portugal acabou derrotado frente aos Estados Unidos da América no Estádio de Coimbra, com a equipa da selecção nacional a deixar escapar uma vantagem de 17 pontos com um ensaio marcado nos derradeiros minutos do encontro. Estes são os três destaques do jogo.
80 metros de conquista, duas assistências para ensaio, uma quebra-de-linha, seis recepções ao pontapé e cinco defesas batidos… este foi o pecúlio de Simão Bento, um dos melhores jogadores portugueses na derrota de Portugal frente aos Estados Unidos da América. O defesa do Stade Montois teve tarde de qualidade, desenhando uma mão-cheia de jogadas que deram outra vitalidade aos Lobos, especialmente quando parecia que os Eagles estavam a dominar o encontro por completo, enchendo o campo com esse virtuosismo técnico e táctico. Não tendo sido a melhor prestação colectiva de Portugal, a verdade é que o três-de-trás conseguiu ser ameaçador durante vários momentos do encontro, com Simão Bento a liderar com convicção e a impor uma energia que tentou empurrar Portugal na direção da vitória. Cody Thomas também esteve em grande, com o pilar a ganhar a linha-de-vantagem cinco vezes de seis entradas, forçando dois erros à formação-ordenada contrária. Hugo Aubry e Hugo Camacho também merecem um destaque pelo jogo positivo realizado, especialmente Camacho que
Sim, os EUA marcaram três ensaios e conseguiram garantir uma vitória mesmo antes do apito final, mas houve um sentido de união na hora de defender e de tentar recuperar a oval para regressar ao ataque. No total, Portugal somou mais de 120 placagens, conseguiu arrancar três turnovers e forçar outras três penalidades, o que prova algum positivismo de um departamento de jogo fundamental para Portugal. A velocidade na saída pós-ruck ou formação-ordenada ajudou a limitar as possibilidades dos Estados Unidos da América em aproveitar o espaço, com Nicolás Martins, José Madeira, Tomás Appleton, Cody Thomas, Raffaele Storti a terem realizado um bom esforço neste aspecto.
Os três ensaios sofridos irão ser revistos, mas a verdade é que Portugal aguentou largos períodos a defender sem consentir pontos, sendo importante limitar o número de penalidades cometidas, um problema que já se tinha visto durante todo 2024.
Portugal takes the lead from the Eagles with their second try of the game at 61'
POR 17 – 14 USA#PORvsUSA #worldrugby pic.twitter.com/kGMddmHqP2
— FloRugby (@FloRugby) November 9, 2024
Seis alinhamentos perdidos, sucessivos erros de posse de bola, falta de energia e pujança e pouca cabeça nos momentos críticos do encontro, foram alguns dos erros que acabaram por condenar os Lobos a uma derrota ante a equipa anfitriã, tendo sido a quarta derrota em oito encontros jogados em 2024. Olhando só para os alinhamentos, a quantidade de boas oportunidades perdidas em lançamentos sem direcção de Luka Begic ou o timing atrasado dos saltadores acabou por penalizar excessivamente Portugal, ofertando várias oportunidades ao conjunto contrário para respirar e se reagrupar. Isto já tinha sido um problema vislumbrado frente à Geórgia e Springboks, o que nos diz que os Lobos estão a quebrar quando se sentem pressionados. A lentidão da construção do aparelho ofensivo esteve bem à vista, com o pack avançado a demorar oferecer uma segunda vaga intensa e rápida o que, mais uma vez, só ajudou aos Estados Unidos da América a se manterem em jogo.
Aos que dizem que os EUA têm mais minutos de jogos nas pernas, é importante lembrar que Portugal jogou bem mais encontros em 2024 do que os Eagles, com uma boa parte da equipa a fazer parte dos Lusitanos. A derrota de hoje, que tem mérito dos americanos, diz muito sobre os últimos dois jogos dos Lusitanos em que se sentiu falta de coesão, ideias e uma forma física que está a léguas de distância em comparação do que vimos em 2022 e 2023. Melhores dias virão, mas cometer erros destes frente à Bélgica e Alemanha em 2025 pode significar um adeus prematuro ao Mundial de Rugby 2027. Pode parecer um discurso demasiadamente alarmista, mas mais vale prevenir do que remediar e pede-se algum brio à estrutura da Federação Portuguesa de Rugby neste momento.