Diogo Soares olha para o que aconteceu até aqui na F1 2025 com a Ferrari a entrar nos pontos negativos deste arranque de época
Diogo Soares olha para o que aconteceu até aqui na F1 2025 com a Ferrari a entrar nos pontos negativos deste arranque de época
Dificilmente, a Fórmula 1 2025, poderia ter começado de uma melhor forma. Uma corrida com chuva, batidas e luta pela vitória até à última volta. Só o fuso-horário australiano beliscou o início da última era destes regulamentos. Lando Norris venceu, tendo feito a pole position numa prova dominada pelos papaia. As nove décimas de segundo que separaram o britânico de Max Verstappen não resumem a história das 58 voltas ao circuito de Albert Park. Desde logo, porque Norris foi capaz de romper com uma fragilidade do passado: os arranques.
Fechou com imponência a porta a Verstappen na curva um, e, daí em diante, acelerou juntamente com Piastri na fuga aos demais. Chegou a ter 16 segundos de vantagem, sob o Red Bull número um, antes do Grande Prémio tomar proporções de plena loucura. Batidas fortes- como a do Alonso, Bortoleto e Lawson- e a alteração brusca das condições climatéricas que forçaram os pilotos a trocar os sets de pneus para os de chuva. Mas nem aí a Mclaren fraquejou. Viu Norris e Piastri a sair de pista, não exitou e chamou o britânico para as boxes. Voltou para os pneus de chuva e, a partir daí, controlou a corrida. Piastri encontrou o azar de todos os australianos que correram no mundial de Fórmula 1, tendo com eles nunca conseguido terminar a corrida caseira no pódio. Verstappen seguiu os McLaren durante toda a corrida, mais perto ou mais longe, dependendo dos momentos, mas conseguiu levar um segundo lugar para casa. Mais do que o esperado após os testes de pré-temporada, certamente não o desejado tendo em conta o arranque da época passada.
Taking home the trophy from Australia 🏆🇦🇺 #F1 #AusGP pic.twitter.com/h8ihBzG6ax
— Formula 1 (@F1) March 16, 2025
Seguiram-se Russell e Antonelli, a confirmação da competitividade da Mercedes. Não ao nível dos campeões de construtores (a quem fornecem unidades motrizes), mas melhor que no passado recente. Russell assumiu-se como líder da equipa. Foi capaz de imprimir um ritmo forte e suficiente para estar em terra de ninguém. Acabou em terceiro à frente da sensação da corrida: Andrea Kimi Antonelli. A expectativa era elevada, no entanto, em qualificação ficou muito aquém do esperado. Na corrida com a ajuda de uma ótima estratégia ascendeu ao quarto lugar, tendo consolidado a posição após uma audaz ultrapassagem a Alex Albon. Celebrou como se de uma vitória se tratasse e é caso para isso. Salvou a pele de um falhanço inicial e, ao contrário de todos os outros rokies, não teve uma única batida ao longo do fim de semana (apenas rodou durante a corrida, mas um erro de não alterou o desfecho).
Já o mesmo não se pode dizer de Lawson. Não foi além do primeiro momento de qualificação (lembrando Checo Pérez). Durante o tempo em que participou na corrida andou ao ritmo dos Haas e dos Kick Sauber. Bateu quando as condições de pista pioraram. A par de Doohan é o piloto que chegará à China mais pressionado. Com Franco Colapinto posicionado para sucede-lo o australiano terá pouco tempo para provar as suas valias.
Kimi Antonelli. F1's second youngest points scorer in history 👏#F1 #AusGP pic.twitter.com/gY6AnwyPYY
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Já Bearmen (também com um final de semana pouco conseguido) e Ocon confirmaram a pouca competitividade da Haas. A má prestação durante os testes confirmou-se na primeira prova de uma temporada que será longa para os americanos.
Helmut Marko, ironizou, dizendo que Verstappen acabaria a temporada na Racing Bulls, pelo facto da equipa B da Red Bull ser mais competitiva que a principal. Ora, não sendo totalmente verdade, Tsunoda brilhou numa qualificação em que terminou em quinto. Na corrida o ritmo foi diferente e o japonês não terminou em lugares pontuáveis. Ainda assim é um indicador positivo. Hadjar cometeu um erro característico de um rokie. Não foi a melhor maneira de se estrear no campeonato, mas terá tempo para apresentar melhores resultados.
No entanto, a grande deceção foi a Ferrari. Qualificou-se mal e não consegui progredir na corrida, pelo contrário perdeu posições. Leclerc terminou em oitavo e Hamilton em décimo. Somaram apenas cinco pontos, menos um que a Kick Sauber com Hulkenberg. Um arranque difícil para os italianos, mas que não hipoteca a temporada. A competitividade é tão elevada que na próxima corrida, com exceção da McLaren, a ordem das quatro melhores equipas pode ser alterada.
Words of wisdom for @Charles_Leclerc 🤣#F1 #AusGP pic.twitter.com/qoclYC8J4t
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A menos de uma semana do Grande Prémio da China, há um ensinamento que se pode retirar: a McLaren é a equipa mais competitiva. Este facto não marca o que será o resto da temporada, porque recorde-se da época passada: de um momento para o outro tudo pode mudar.
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Uma semana depois o filme voltou a repetir-se. A Ferrari venceu, desta vez com Sainz e sem dobradinha. Max Verstappen e Lando Norris tornaram a exceder os limites de pistas na luta por um campeonato que parece decidido. O México, em suma, foi a repetição do Texas, mas com um desfecho mais severo. Ao final de contas, o que se passou? Carlos Sainz foi, sem dúvida, o piloto mais completo do fim-de-semana. Conquistou a pole position sem grande discussão, todavia, contra as expetativas.
Depois do domínio de Leclerc, as fichas recaiam sob o monegasco, pelo menos nas hostes da Ferrari. A juntar à boa performance do Brasil, estava o facto de Sainz estar de saída da equipa em 2025. Ainda assim, o espanhol não se intimidou, e, perante o seu companheiro de equipa dominou o grande prémio e trouxe a vitória para casa. O adjetivo correto para caracterizar a performance do espanhol é mesmo domínio, principalmente na corrida, na qual não deu qualquer hipótese à concorrência. Esta vitória do Sainz poderá mesmo ser a última pela Ferrari. A faltar apenas quatro corridas esta época, e dada a concorrência entre os pilotos da frente do pelotão, é difícil que Sainz volte a vencer. É ainda importante destacar a falta de apoio dada ao espanhol. A Ferrari mal festejou o triunfo, inclusive Leclerc, que se mostrou pouco empático com o seu companheiro de equipa na hora da vitória.
The Master of Mexico ✨
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Contudo, novamente, o destaque da corrida não foi o vencedor, mas sim Max Verstappen e Lando Norris. É caso para questionar: o que se passa na cabeça destes dois?
Por um lado, Verstappen. Os três campeonatos do mundo que conquistou parece não lhe terem dado mais tranquilidade e prova disso são as disputas que tem travado com Norris esta temporada, o único piloto que nos últimos anos ameaçou verdadeiramente a sua liderança. Vivemos na Áustria o primeiro episódio de uma longa que série que ainda não terminou. Quando bateu em Norris, na curva três, abriu um precedente de comportamentos, especialmente no seu campo, que prejudicam o desportivismo da competição. Repetiu-se no Texas e agravou-se no México. Verstappen foi penalizado em 20 segundos e arruinou a sua corrida, única e exclusivamente por culpa própria. A primeira penalização é discutível, no entanto, o seu comportamento no segundo incidente com Norris é altamente condenável. Verstappen não quis travar e, por pouco, não causou uma grave colisão com Norris, que poderia ter consequências indesejáveis. A atitude de Max foi irresponsável, o que não se justiça num piloto três vezes campeão do mundo. Talvez Max nunca venha a mudar.
Por outro lado, Norris. Foi uma mera vítima no último grande prémio, mas tem entrado numa luta que muito provavelmente não é dele. Quando teve a oportunidade de confortavelmente ameaçar a liderança de Max não foi capaz, e, agora, vê-se obrigado a correr atrás do prejuízo. Claro que nenhum piloto, em nenhuma circunstância, deita a toalha ao chão, mas Norris continua a entrar em confusões, nas quais é o único perdedor.
LAP 27 / 71
Verstappen pits – and serves his 20-second penalty.
The Red Bull re-emerges on the Hard tyre down in P15! #F1 #MexicoGP pic.twitter.com/kvpHBH0jfb
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Segue-se o Brasil. Um fim-de-semana especial para a Fórmula 1. Vem à memória dos adeptos os tempos de Senna, a sua glória e ambição, mas também o seu desportivismo. Para quem nunca viu o brasileiro a correr, como eu, restam as histórias de quem teve esse privilégio. É descrito como um campeão, na verdadeira ascenção da palavra. Era importante que Max, como Hamilton, se inspirasse em Senna, e luta-se para trazer ao de cima o que de melhor há no desporto motorizado.
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