Bruno Costa Jesuíno, Author at Fair Play

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Bruno Costa JesuínoNovembro 22, 20208min0

É unânime. Portugal junta no seu grupo alguns dos jogadores mais talentosos do planeta. Possivelmente por essa razão, os adeptos esperam muito da seleção. Uma seleção mais ousada. Mais dominadora. Com mais iniciativa. Mas existem adversário de igual ou mais valia, e além das nossas valhas, não podemos deixar de dar mérito a quem está do outro lado. Foi um cair de pé à porta da “final four”.

É importante denotar evolução ao longo dos anos. Antes não íamos às principais competições mas agora somos presença regular. Antes ficaríamos felizes por ganhar, quase sem espinhas, dois jogos à seguidos À vice-campeão do mundo (Croácia) e à sempre complicada Suécia. Hoje isso não chega. Faltou a França, aqueles que até à final de 2016 eram a nossa “besta negra”.

Os dois duelos diante a França

Mas sejamos honestos, com a França, foram dois duelos taco a taco entre o campeão europeu e o campeão do mundo. E se os franceses foram mais fortes em Lisboa, os portugueses superiorizaram-se em Paris. Que para a próxima que ganhemos nós.

Vamos analisar os números

Os números valem o que valem. Explicam alguma coisa, identificam alguns padrões e tendências, mas o remate ao lado pode ser mais perigoso que o um remate enquadrado. E a posse de bola, pode sem estéril. Mas vamos esquecer isto por momentos.

No primeiro jogo, embora dividida, Portugal teve mais pose de bola (51%), mais passes e com mais precisão, e igualou no número de remates no total (10) e à baliza (3).

Em jogo de jogado, foi um Portugal dominador e uma França em expectativa. Neste jogo que ditou o afastamento da seleção lusa, os papéis inverteram-se. A sensação amarga de ficar à porta da final four, foi maior ou igual à expectativa que todos tinham devido à prestação do primeiro jogo. Todos (ou quase) estavam à espera de mais.

Se pensarmos em números, neste segundo jogo, Portugal teve mais remates e voltou a ter vantagem na posse de bola. No entanto, deve-se, na mudança de postura das equipas a partir do golo francês, onde Portugal foi atrás do resultado. No cômputo geral, a seleção gaulesa foi melhor e mereceu ser mais feliz. Da mesma forma que Portugal merecia ter sido mais feliz um mês antes.

Cristiano Ronaldo e os “outros”

Temos na nossa equipa um dos melhores de todos os tempos. Quem dera a muitos! Um jogador desta dimensão, líder, que marca golos como ninguém e resolver golos sozinhos. Discute-se muito que a seleção joga melhor sem Cristiano Ronaldo. Essa pergunta já foi a Fernando Santos que respondeu (e bem): “Nenhuma equipa fica mais forte sem o melhor do Mundo”. Os colegas dizem o mesmo. Além de politicamente correcto, é mais que isso, os números da importância do capitão comprovam-o.

No entanto há o lado da questão, onde muitos dizem que Ronaldo (que só pelo facto de estar em campo) ‘usurpua’ o talento dos companheiros. Ou que tentam jogar demasiado para ele. Percebo a ideia. O futebol da equipa sem ele fica mais associativo, e ainda mais que isso, há jogadores no Portugal actual, que para dar liberdade ao capitão têm que sair da sua posição mais natural. É também compreensível que, por vezes os companheiro lhe tentem endossar a bola, pois sabem que ele, na grande maioria da situações, resolve o jogo com a sua capacidade ímpar de finalização.

Ponta de lança ou a partir da esquerda

Há muito que defendo, tal como escrevi num artigo aqui publicado, após a vitória na primeira edição da Taça das Nações: “Parece consensual Fernando Santos apostar no sistema que apresentou na final, pois há pouco tempo de treino, e os jogadores respiram melhor neste modelo. Ao mesmo tempo que os ‘novos jogadores’ vão criando rotinas com o grupo e se vai trabalhando paralelamente outras opções táticas. Além disso, com as opções que temos, ‘o Ronaldo atual’, é muito mais importante perto da área do que em fases de construção. A seleção tem quem construa melhor, mas ninguém que finaliza como ele. Aliás, isso ninguém tem.

Numa seleção é tentar tirar o melhor dos jogadores mas sempre em prol da equipa. Muitos jogadores, por vezes brilham nos clubes numa determinada posição, mas depois ao jogar pelo seu país têm colegas que partilham o mesmo espaço em campo. Logo, para qualquer seleccionador, é tentar montar o puzzle certo.

Como montar o puzzle?

Por exemplo, na Argentina, com tantoa avançados de qualidade, olhamos para o banco e pior avançado que lá têm, jogava em quase qualquer equipa. Não é possível jogarem todos ao mesmo tempo. No Brasil, houve uma altura em que se falava do quadrado mágico, onde todos os jogadores jogavam em espaços interiores: Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Ronaldo. Talento de sobra, mas que se tornava quase tão difícil deixar algum de fora, como criar uma dinâmica de equipa que suportasse todos ao mesmo tempo, principalmente nos momentos sem bola. Mesmo em Portugal, com Sérgio Conceição, Figo, a estrela que mais brilhava na equipa, jogava muitas vezes na esquerda, ou mesmo Rui Costa e João Pinto, que muitas vezes jogava como homem mais avançado, ou então um deles tinha que descair para uma ala. Faz parte e nunca será unânime.

Qual a melhor opção para Portugal

Depois desta viagem ao passado, um regresso à actualidade. Se Ronaldo partir da esquerda terá que haver sempre alguém a fechar esquerda quando a equipa não tem bola. Também por isso, a opção do Europeu de jogar num 442, em que além dos dois médios centros (Danilo, William, Adrien e João Moutinho), pelo menos um dos dois “alas” eram jogadores com características de médio-centro. Fossem eles André Gomes, João Mário, Renato Sanches e até Moutinho jogou aí numa ocasião. Quando tinha que dar mais criatividade entrava Ricardo Quaresma para uma ala.

Com o qualidade existente ao mesmo tempo em Bruno Fernandes, João Félix, Bernardo Silva, Diogo Jota para acompanhar Ronaldo, Fernando Santos já experimentou várias soluções, deixando cair pelo menos um deles em cada onze titular. Antes da explosão de Diogo Jota e com João Félix ainda no Benfica, o engenheiro ainda tentou o 442 do europeu, com os dois médios centros, Bernardo à direita e Bruno Fernandes com falso ala esquerdo. Mas rapidamente voltou ao 433, para deixar o médio do Manchester United como terceiro médio, e na frente com João Félix e Ronaldo a trocar de posição entre a esquerda e o centro.

Neste momento apostaria num 442, quando a intenção juntar Félix ao Ronaldo, ou num 433, se optasse por jogar só com Ronaldo na frente, sendo neste caso ladeado de Bernardo (ou Francisco Trincão) na direita e Diogo Jota, na esquerda. Num meio campo a 4, acredito que Renato Sanches e João Mário poderão voltar a tornar-se importante tal como o forma no Europeu de 2016.  Até porque são os médios centros mais darão à equipa a jogar a partir de uma ala.

Nota

Para aqueles que torceram o nariz com estes dois últimos nomes que apontei porque têm um ódio de estimação “estúpido” (só por ser terem crescido num rival), lembro que Renato está entre o top em termos de pontuação no ranking da liga francesa e que João Mário é um jogador com tomada de decisão muito acima da média. Ambos têm característica muito próprias que os diferencia dos outros médios portugueses.

“Ah e tal falta um ponta de lança”

Este trecho serve apenas para quebrar um mito. Muito ouvimos “falta um ponta-de-lança à seleção”. É verdade, mas só em parte. Temos André Silva, Paulinho, Gonçalo Paciência e alguns jovens a surgir. É importante, pelo menos para alguns jogos. No entanto, existem muitas equipas que não jogam com nenhum jogador fixo. Veja-se o Barcelona esta época, a Espanha que ganhou tudo, ou mesmo por exemplo a França contra Portugal que jogou com Griezmann nas costas de dois avançado móveis: Martial à esquerda e Coman à direita. Mesmo Portugal, campeão europeu, jogou com num 442 com 2 avançados móveis: Ronaldo e Nani. Não é por acaso que Fernando Santos, nas suas convocatórias leva muitas vezes um ponta-de-lança, mas sempre com um plano B. E existem “n” casos de sucesso assim. Por isso a questão de um avançado

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Bruno Costa JesuínoNovembro 3, 20207min0

Um miúdo de 7 anos que sonhava dia e noite com futebol. Nenhuma ou pouca outra coisa o fazia vibrar tanto. Teve como primeiro ídolo o internacional português, de seu nome Paulo Sousa. Esse mesmo que entre outras camisolas também brilhou com a da seleção portuguesa. E é de Portugal que vamos falar através das 7 melhores memórias de um adepto do desporto rei.

Como bem sabemos, Portugal não era presença habitual nas grandes provas internacionais e, após muitos anos viver a experiência por fora vendo outras seleções brilhar, finalmente em 1996 chegou o meu primeiro grande verão futebolístico. Mas para isso, foi importante a recordação nº1

Recordação 1 – A chapelada do maestro 

Decorria o ano de 1995. A geração de ouro estava à beira de conquistar o que poucas conseguiram. Mas faltava vencer a República da Irlanda, para voltar a Inglaterra 30 anos depois de Eusébio e os magriços brilharam. Paulo Sousa, cá está ele, ladeado de nomes como Vitor Baía, Fernando Couto, Luís Figo, João Vieira Pinto e claro, Rui Costa. E claro porquê? Porque mais que um Portugal – Irlanda foi o jogo “do golo do Rui Costa”. O minuto 60 foi tão espectacular, importante e inesquecível, que ao ir revê-lo é que me apercebi que depois deste golo houve mais dois.

Recordação 2 – A primeira grande exibição de Portugal

Dois anos antes Portugal falhou a qualificação para o Campeonato do Mundo 1994, ficando atrás da Itália e da Suíça. Após um empate na Escócia na primeira volta, no 28 de Abril de 1993, assisti pela televisão a primeira grande exibição de Portugal da qual me recordo. Numa altura em que a geração de ouro na equipa principal, a seleção tinha como grandes figuras o capitão Paulo Futre, bem secundado por Rui Barros. E foram exactamente estes dois que com todo o seu virtuosismo derrubaram os escoceses uma, duas, três, quatro, cinco vezes. Na minha memória Rui Barros tinha feito um hattrick. Mas não. Infelizmente devido ao um falhanço escandaloso, pois acabou por ser o homem do jogo tudo que jogou. Paulo Sousa, com muita classe, e Cadete, com duas finalizações, também brilharam a grande nível.

Recordação 3 – Reviravolta que deixou ingleses KO

Pode parecer um cliché, mas lembro-me tão bem deste dia como se tivesses sido há um ano. Mas já foi há 20. Até por razões que vão além do jogo. Pelo clube da minha terra – Estrela de Santo André – tínhamos estado num torneio de futebol em França e tínhamos vencido diante de equipas melhor preparadas e favoritas.

Pois bem. Regressámos vitoriosos a Portugal no dia do jogo de estreia de Portugal. A geração de ouro, com muitos jogadores no auge das suas carreiras. Estava ansioso. Mas o cansaço era tanto e adormeci no sofá. Acordo com o golo logo no início de Paul Scholes. Começou mal. No entanto, mesmo com um segundo golo inglês, lembro-me de sentir orgulho da prestação portuguesa e confiar que a jogar assim iam dar a volta. E não é que deram mesmo! Um dos jogos mais lendários que já vi, com emoção do início ao fim, jogadas espectaculares finalizadas de forma ainda melhor. Foi o início da afirmação de Portugal entre os melhores.

Recordação 4 – Alemanha? São 11 para 11 e no fim goleia Portugal

Ainda sobre o Euro 2000. Anos e anos sempre a ouvir (e ainda se ouve): “são 11 contra 11 e no fim ganha a Alemanha”. Mas, depois da reviravolta épica com a Inglaterra, um golo tardio com a Roménia garantiu a passagem aos quartos-de-final. A Alemanha ainda tinha hipóteses matemáticas de passar o grupo mas precisava vencer. O seleccionador Humberto Coelho rodou 9 jogadores e o que aconteceu foi: “São 11 para 11 e no fim goleia Portugal”. A sensação foi óptima. Só de pensar ainda a consigo sentir.

Recordação 5 – Aquele golo de Nuno Gomes.

Portugal pela primeira vez como anfitrião Campeonato da Europa, a expectativa era muita. Ainda com Figo como grande figura, a seleção contava ainda com os veteranos Rui Costa e Fernando Couto e a classe de Deco bem apoiados pela base do Porto campeão europeu. E claro, uma tal jovem promessa (mas já certeza) Cristiano Ronaldo. Não, não me esqueci de Nuno Gomes. Mas já lá vamos.

Portugal tinha perdido jogo de estreia, e mesmo vencendo a Rússia, havia muitas dúvidas sobre a capacidade de bater Espanha. Num jogo muito disputado, Nuno Gomes entrou ao intervalo para marcar mais um golo decisivo que fez toda uma nação voltar a acreditar.

Recordação 6 – Ah, e o outro do Nuno

Nuno Gomes, acaba por estar associado a vários momentos decisivos na seleção. O golo descrito na “recordação 3” mas também também o golo da meia final diante da França. Lembro-me de festejar de raiva. Porquê? Pela arrogância francesa. Antes do jogo, numa pergunta sobre o avançado português, o central francês Dessaily disse: “Não o conheço”. Pois bem, Nuno Gomes, ainda antes de o relógio os 20 minutos, marcou um golaço na cara do defesa gaulês e do colega Laurent Blanc.

NOTA: Vejam só os primeiros 20 segundos, pois isto é apenas para relembrar momentos felizes. Se bem que Abel Xavier continua a dizer que não foi penálti, e eu acredito nele.

Recordação 7 – O golo do patinho feio mais bonito do futebol português

Após várias tentativas e várias meias-finais, Portugal voltava a uma final de um europeu. Começou a prova gerando muita desconfiança mas, jogo a jogo, foi-se tornando mais forte. Podia não jogar o melhor dos futebóis, mas os jogadores, de certa forma, começaram a sentiam-se imbatíveis. E isso notava-se pelo seu comportamento. Mas tal como na História mais lendárias foi preciso passar o Cabo das Tormentas. Um início de prova mais agitado e vai jogar a final, em casa do anfitrião, super-favorito. Os tais franceses, muitas vezes arrogantes, e que gostam fazer piadas com os portugueses. Os tais franceses que 16 anos antes nos tiraram o sonho da final.

Se já parecia difícil imaginem a grande estrela, líder e grande esperança lesionar-se logo início e sair da sua missão em lágrima. Ver os rostos dos colegas desalentados também doeu. Mas subitamente, Nani os restantes uniram-se, e todos eles se transcenderam pelo seu capitão e por todo um país. E isso também se sentiu nos rostos. Para a história ser melhor só faltava golo do patinho feio mais ‘bonito’ do futebol português.

Obrigado pelo remate final, Éder.

Assinado: Portugal.

E assim, como nos livros de História passou a Cabo da Boa Esperança.

Venham mais 7, duma assentada que eu ‘pago’ já

Foram 7 momentos de boas recordações mas felizmente poderiam ser muitos mais. Tive e vou tendo o privilégio de ter crescido numa geração que se habitou a ver a seleção consecutivamente em todas as grande competições. Apenas como excepção de 1998 com um empurrou (nada) ‘precioso’ de um senhor árbitro de seu nome Marc Batta (expulsou ridiculamente Rui Costa quando Portugal vencia na Alemanha).

Todos acreditamos que com a geração de talentos que temos actualmente, alguns deles ainda muito jovens, o futuro será risonho.

Uma menção honrosa, para a vitória de Portugal na primeira edição da Liga das Nações. Ainda não se lhe é dado o verdadeiro valor, pois é uma prova nova, mas não apaga a forma brilhante com que Portugal se bateu jogo após jogo até à vitória final.

Aliás, vitória essa que batizou o meu primeiro artigo aqui no Fair Play: Que venham mais feriados! E que estes signifiquem vitórias, que começava assim: “Amanhã é feriado c******!” Sim, é verdade. Podem confirmar aqui.

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Bruno Costa JesuínoOutubro 17, 20205min0

Hoje é dia “Clássico”. O primeiro da época. Frente-a-frente o campeão nacional em título e um leão rejuvenescido. Sentado no sofá, a quatro horas do jogo, vou fazer as minhas previsões a partir do meu sofá. Quem serão os onze titulares? Que equipa vai pegar no jogo? Que jogadores podem resolver?

Quem irá jogar de início?

Ponto 1. Com vários jogos internacionais e muitos jogadores de ambas as equipas nas respectivas seleções, pode proporcionar a que os treinadores surpreendam laçando algum jogador que tenha ficado a trabalhar a equipa durante esta paragem.

Porto mantendo a mesma linha

No lado do Porto, Sérgio Conceição tem integrado os reforços sempre de forma gradual. Sendo assim é expectável que aposte nos jogadores que melhor conhecem a dinâmica da equipa. E no 433 que tem usado nos últimos tempos, em detrimento do 442. Se no eixo central, Marchésin, Pepe e Mbemba, têm o lugar garantido, nas laterais surgem as primeiras dúvidas. Manafá tem sido indiscutível à direita mas, com a saída de Alex Telles, poderá também ser hipótese para o lado esquerdo. No entanto será mais expectável manter-se na posição habitual, estreando-se o reforço Zaidu como titular no lugar do novo jogador do Manchester United. Não é de descartar, embora pouco provável, a hipótese de Diogo Leite jogar à esquerda. Nanú, será o plano B para lateral direito.

No meio campo, o cada vez mais influente Sérgio Oliveira deverá fazer dupla com Uribe, jogando Octávio mais solto. A surpresa que poderia surgir na entrada de Loum para o lugar do colombiano.

Na frente, Marega deverá ser a referência, com o indiscutível Corona à direita e Luis Díaz à esquerda. A espreitar a titularidade estarão Filipe Anderson, Nakajima e Taremi.

Sporting à procura da afirmação

No Sporting a expectativa é muita face à capacidade de Rúben Amorim construir uma equipa à sua imagem. Um treinador que ainda no Sporting de Braga, levou a melhor sobre os três grandes nos confrontos directos. Indiscutivelmente o plantel está mais forte que a época passada, e nomes muito interessantes como Pedro Gonçalves, Pedro Porro, Nuno Santos, Palhinha e o grande “regresso” de João Mário. A juntar isto a expectável explosão do miúdo Nuno Mendes lançado na época passada e a confirmação (ou não) que Jovane consegue manter o nível do final da campanha anterior.

Na baliza, deverá manter-se o experiente Adán, atrás de uma linha de 3 centrais – Neto, Coates e Feddal – secundada pelos laterais Pedro Porro e Nuno Mendes.

No zona nevrálgica do terreno Rúben começou por optar por um duplo pivot constituído por Matheus Nunes e Wendel. No primeiro jogo após a saída do brasileiro para à Rússia, recuou Pedro Gonçalves para o lado de Matheus. Para este jogo, e com integração total de Palhinha, a hipótese deverá recair em Palhinha.

Na frente, como falsos alas, maiores dúvida, embora com algumas retiradas com a conferência de imprensa face à não inclusão de João Mario entre os titulares. Na esquerda, Pedro Gonçalves (Nuno Santos, se Pedro recuar), Jovane mais solto, e na direita Tiago Tomás ou Vietto.

O que esperar do jogo?

Provavelmente será um jogo muito táctico e até haver golos não deverá ser muito ritmado. O Sporting tentando fazer recuperações de bola altas para as transições rápidas que a equipa tanto gosta. O Porto, a tentar pegar no jogo, apostando na profundidade de Marega e nas diagonais de Corona e de Luis Díaz.  A equipa de Sérgio vai tentar pressionar a saída de bola do Sporting, uma vez que os centrais não são especialmente bons com bola, apostando na agressividade de Marega, Corona e Octávio na pressão em zonas altas. A equipa de Rúben, a tentar ultrapassar rapidamente essa primeira fase de pressão deixando o adversário exposto e desequilibrado.

Com o jogo a zeros, as equipas vão dar primazia à coesão da equipa, deixando a criatividade para segundo plano e para zonas de terreno em que uma eventual perda de bola deixe a equipa menos exposta.

Mas a partir do primeiro golo, muito pode mudar…

Gritos de Guerra

Basta uma derrota para a confiança cair e isso é normal nos clubes grandes. Uma derrota nestes clubes e ainda para mais no Sporting tem um impacto muito grande. Nós não nos podemos desviar do nosso caminho com base num resultado. Nós vamos dar a mesma resposta ao FC Porto, caso ainda estivéssemos na Europa. Nada vai mudar. Temos confiança no nosso trabalho. – Rúben Amorim

Poderá haver surpresa na caraterística do jogador que se encaixa num modelo de jogo. Um Nakajima e um Felipe Anderson são diferentes de Corona ou Otávio, por exemplo. A diferença é dada pelas caraterísticas. Mas existe um conhecimento coletivo e também individual, cada vez mais, dos jogadores que compõem o onze. Estamos preparados para isso. – Sérgio Conceição

E agora os famosos prognósticos de sofá

O Porto, mesmo jogando fora, será favorito. Equipa mais estruturada com valores mais afirmados no futebol português e, ainda por mais, vindo de uma derrota caseira, não quererá deixar os “seus créditos por mãos alheias”. Do outro lado, o Sporting, eliminado das provas europeias, quer provar que pode ser mais que “outsider” na luta pelo título e que se pode bater de igual para igual.

Prognóstico: 1-2.

Jogadores em destaque: Nuno Mendes e Corona

E por agora é tudo, aqui do meu sofá.

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Bruno Costa JesuínoAgosto 4, 202010min0

Numa altura difícil da época 2018-19 e com o título por um canudo viveu-se um verdadeiro efeito-Lage. Tantas vitórias consecutivas, fizeram Luís Filipe Vieira acreditar, mais que nunca, que um Benfica ‘vencedor em toda a linha’ com base na formação seria possível. Inclusive com um treinador ‘made in Seixal’. No entanto, nem tudo foi um mar de rosas e a fé em demasia em Lage fez ‘ressuscitar’ Jesus.

De super-Lage a mini-Lage

No futebol usa-se muito a expressão “de bestial a besta“. E foi exactamente o que aconteceu a Lage. Esta designação faz ainda mais sentido no desporto rei, porque a diferença entre uma bola bater no poste ou bater na rede muda o destino de um equipa… e, acima de tudo, de um treinador.

Bruno Lage pegou ao leme numa fase difícil em que pouco ou nada havia a perder. O título parecia uma miragem. Pegou na equipa e implementou as suas ideias cortando com o passado recente. Numa estreia que nos primeiros minutos tinha tudo para correr mal, com o Benfica a perder 0-2, os ‘encarnados’ deram a volta e venceram com nota artística. Essa reviravolta deu uma grande confiança à equipa que lhe permitiu vencer quase todos os jogos.

A mudança mais marcante ditada pelo treinador setubalense foi a passagem para o 442, dando total liberdade ao jovem João Félix. Este assumiu a batuta da equipa sem receio e explodiu, sendo durante 6 meses a grande figura da equipa.

Os pecados de Lage

Numa segunda temporada, com pré-época, esperava-se uma evolução da equipa. A preparação foi boa e no primeiro jogo oficial goleou o Sporting, mas a expectativa estava alta. Alta demais. Para os adeptos, Lage virou um super-treinador que nunca perderia um jogo. O seu discurso leve, bem disposto, assertivo e a falar de futebol e das suas opções, fizeram chover elogios mesmo de adeptos rivais.

Mas a pergunta era. A onda está positiva, mas quando começar a ter os primeiros obstáculos como ele e a equipa vão reagir? O primeiro revés foi uma derrota sem espinhas na recepção ao Porto. A confiança foi abalada, perdeu-se algo na equipa, mas mesmo assim, a nível interno foi vencendo os jogos todos até voltar a jogar com o principal rival do norte.

Os resultados eram bons mas a qualidade exibicional e aquela alegria a jogar nunca mais voltou a ser mesma. Para adensar tudo isto, os resultados (e as exibições) começaram também a desacreditar os adeptos, que também começaram a duvidar nas apostas nos ‘miúdos’ que antes tanto queriam ver jogar. Se os jovens da casa por norma costumam ser os mais protegidos, começaram a ser massacrados a partir do segundo ou terceiro erro.

Com isso a confiança perdeu-se e o (ainda) pouco experiente Lage não conseguiu dar a volta. No entanto, quem fez o que ele fez em seis meses tem que ter qualidade. Possivelmente, ao jeito de Paulo Fonseca, dará um passo atrás na carreira para depois voltar a caminhar de forma sólida e continuar construir a sua carreira.

‘O Jesus que passou por Judas e volta como ‘Salvador’

Está ainda bem viva na memória de todos a polémica saída de Jorge Jesus do Benfica. Não tanto sair enquanto bi-campeão, mas por ter assinado pelo rival da 2ª circular. Rapidamente passou de Jesus a Judas… e (anos depois) volta como Salvador.

Voltará como Salvador do Benfica? Ou de Luís Filipe Vieira? O experiente presidente sabe que está numa das fases em que a sua popularidade está beliscada, logo teria que jogar uma cartada forte. Apostou no ‘homem’ que saiu a mal do Benfica mas, mais que todos os últimos treinadores dos ‘encarnados’, mesmo criticado, acabou por ser o mais consensual. Muitos adeptos não o queriam de volta porque dizem que nunca gostaram dele, outros não o perdoam por ter saído para o Sporting… mas todos terão “amor pelo próximo” treinador do Benfica se ele vencer. E voltarão a chamar de Judas (e coisas piores) caso não vença.

O que esperar do regresso do Mister JJ?

Uma característica de JJ é o impacto muito positivo (e quase imediato) que tem tido quando pega nas equipas. Principalmente nos primeiro dois terços da época. Entre outros exemplos, foi assim no Benfica, no Sporting, na Arábia Saudita e no Flamengo. Embora, por vezes, as equipas tivessem um abaixamento de forma na parte final da época, conseguiu quase sempre atingir os objectivos. O que esperar do regresso do Mister JJ?

O texto abaixo é de inteira responsabilidade do autor deste artigo (ou seja, eu) e tem base, apenas e só, em opiniões pessoais e previsões feitas à 1h17 da manhã.

Uma nova Odysseia na baliza?

Algo me diz que o guarda-redes grego não encherá as medidas de JJ. No mínimo surgirá uma nova sombra para lutar de igual para igual. Não necessariamente um nome sonante, pois no historial do JJ essa sombra já se chamou Júlio César (o do Belenenses) que acabou por não convencer a crítica. Mas todos sabemos que JJ bem gosta de ter as suas apostas pessoais.

Na defesa: Os miúdos voltarão para a escola estudar? Ou será que JJ vê qualidades em algum deles

Jorge Jesus é um treinador de ataque mas dá bastante importância na forma como a equipa defende. Característica sua é conseguir pôr a equipa a defender bem e com poucos. Já agora, um das principais dificuldades do Benfica esta época foi defender com poucos… e mal.

Não tenho dúvidas (e poucos terão) que Rúben Dias será o nome mais unânime. Jardel que foi para a luz pela mão de JJ, com 35 anos, se ficar, não aspirará mais ser a quarta opção. Ferro tem duas faces. Se superou as expectativas na época de estreia matou (quase) totalmente as expectativas neste ano, de tantos erros individuais cometidos. Nunca tendo sido exímio a defender, acrescentava algo à equipa em posse de bola (característica cada vez mais relevante em defesas centrais). É possível, embora pouco provável, que JJ acredite que possa fazer crescer o jogador, mas acredito que seja mais provável um empréstimo ou mesmo uma venda.

Posto isto, é expectável a contratação de dois centrais, um mais experiente e um mais rápido. A título de exemplo, um com perfil de Garay e outro com as características de Rúben Semedo, respectivamente.

E nas laterais?

Nas alas, no máximos dos máximos, ficará um dos miúdos Tavares. Vejo mais potencial no Tomás, embora tenha errado muito esta época, tem sido sempre um destaque nas camadas jovens, e há que ter em conta que foi a sua primeira época de sénior, sem pré-época (devido ao europeu sub19) e sem a estaleca que, por exemplo, Rúben Dias e João Félix ganharam em muitos jogos da equipa B.

Jesus gosta de centrais altos, mas a qualidade de Grimaldo está à vista de todos… com bola. A defender, caso não seja vendido, vai ouvir falar muito sobre posicionamento defensivo.

André Almeida, pela sua experiência, identificação com o clube e conhecimento que JJ tem dele, deverá permanecer na equipa.

No meio é que está a virtude e JJ sabe-o bem

Se há posições em que o perfil de jogador que Jorge Jesus gosta é no centro do meio campo. A posição 6 e a posição 8, embora com algumas nuances. Na posição 6 um médio posicional mas que saiba sair a jogar como Matic, William Carvalho e William Arão, mas também já apostou em Fejsa e Javi Garcia, jogares mais fixos e menos capazes com a bola no pé mas muito fortes no equilíbrio da equipa.

Opções que também dependerão do restante meio campo, mais a acredito que Jesus tente encontrar no Benfica um jogador entre Matic-Carvalho-Arão e um Fejsa-Garcia. Weigl, já elogiado publicamente há uns meses por JJ, poderá ser o escolhido. Florentino, poderá cair com JJ, embora pessoalmente gostasse que fosse aposta e evoluísse pela mão do treinador.

Posição 8 – O todo-o-terreno

Jesus, gosta de um 8 todo-o-terreno, que queime linhas com a bola no pé, intenso , com pulmão e que se sinta em casa de uma área à outra.

Gabriel, que tanto jogou a 8 como a 6, não me parece que tenha característica para ser um 8 de JJ. Mas também achava que Adrien também não (escrevi isso na altura) e fui surpreendido pela aposta e principalmente com a evolução do jogador.

Por vezes, quando não existe um 8 puro, JJ improvisa, tendo como principal metamorfose o ex-extremo Enzo Pérez, que passou de um extremo com técnica mas(aparentemente) pouco intenso para um médio centro de área-a-área cheio de garra. Aliás, começou primeiro a convencer primeiro no aspecto defensivo e só depois no ofensivo.

Gerson, uma promessa brasileira que na Europa não convenceu, foi outro bom exemplo. Jogou muitas vezes a médio-ofensivo ou mesmo a cair nas alas, mas com a chegada de JJ virou 8. Também parecia pouco intenso. Mas afinal… só parecia mesmo.

Com isto, acredito que aqui haverá pelo menos uma contração. Fraco tacticamente e na decisão, Gedson (emprestado ao Tottenham) tem características que podiam ser moldadas. Mas nunca sabemos o que vai na cabeça de JJ, que nos surpreende, seja positiva ou negativamente.

De lembrar que Pizzi, com JJ, já fez a posição de 8 em muitos jogos.

Nas alas a mota, o jovem e a incógnita

Jorge Jesus gosta de alas rápidos e explosivos, embora já tenha experimentando falsos alas como Ramires, João Mário. Este último um pouco com a tarefa que Pizzi tem exercido no Benfica pós-JJ.

Tendo em conta o modelo de futebolista que o treinador prefere, Rafa encaixa que nem uma luva, pelo menos aparentemente. Gostava que pegasse no jovem Jota, que desde muito novo se lhe reconhece muito potencial mas tarda a explodir, e o metesse a jogar o dobro (sendo JJ o dobro de Jota… teria a sua piada). Pedrinho, é um contratação cara mas será uma incógnita e até poderá vir a ser opção para segundo avançado.

Todavia, arriscaria prever que chegarão dois novos extremos ao Benfica.

Para criar e marcar golos – Qual será o complemento que o treinador pretende?

Normalmente, nesta dupla, Jorge Jesus, prefere jogadores móveis. Um mais prático, objetivo e mais forte sem bola, outro mais criativo para jogar, por norma, uns passos mais atrás. No entanto já apostou em jogadores mais posicionais como Cardozo e Bas Dost.

No actual Benfica, caso fique no plantel, acredito que Vinícius encaixa na ideia de JJ e Seferovic e Diego Sousa poderão cair das opções. Chegará pelo menos, mais um ponta-de-lança.

Para jogar um pouco mais atrás, Chiquinho tem muita qualidade a jogar entre-linhas (o melhor a fazê-lo no actual plantel) mas, para jogar ali, falta-lhe golo, assertividade e talvez mais astúcia. Ainda pode crescer, mas possivelmente não vai ser aposta, pois não me parece ter as características que JJ pretende para segundo avançado, e ainda menos para jogar na posição 8.

Provavelmente vou-me enganar em muita coisa. Mas se até Jesus se engana, eu também posso.

Jorge Jesus, após as conquistas na América do Sul, confessou qual a música que mais o inspira. É da Mariza e diz: “O melhor de mim está para chegar…”. Os benfiquistas assim o esperam.

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Bruno Costa JesuínoJunho 25, 20208min0

O futebol esteve parado durante cerca de três meses e no que a polémicas diz respeito foi quase um sossego. Mal recomeça a competição, devido a um resultado menos conseguido um autocarro leva uma pedrada no vidro… que se deveria transformar numa “pedrada no charco”, para se começar a ter mão pesada nestas situações.

Quem acredita em ‘pedradas motivadoras’?

Acredito que parte significativa das pessoas que leram este título vão associar que o “pedrada no charco” (leia-se ‘fazer reagir quem está acomodado’) se deve ao facto de a pedrada no vidro serviria para acordar a equipa do Benfica, o treinador ou mesmo o presidente. Mas não. Longe disso. Há quem defenda e cheguei a ouvir “vais ver se eles não vão correr em Portimão”. Antes de mais, a razão do empate com o Tondela, não foi por correram pouco. Além do mérito do adversário, a equipa não mostrou argumentos técnicos e tácticos para ultrapassar a boa organização do Tondela, e correram muito. Muito mas muito mal.

Medo Versus Motivação

Além do acto em si, que é um caso de polícia, o medo nunca fez ninguém ser melhor naquilo na actividade que desempenha. Só causa toda uma pressão necessária. Façam este exercício. Imaginem um jogador que viu os murais de casa pintando e a ver as suas famílias ameaçada a ter que um penalty no último minuto. Será que os adeptos acham que o jogador vai estar mais capaz de o executar com sucesso? O pior é que alguns acham que sim. Acham-se tão senhores da razão que mandam pedradas ao autocarro da própria equipa para os “chamar à razão”. E, provavelmente, vão continuar sempre a achar. Mas ao menos se se começar a punir severamente estas atitudes ao menos que não destruam propriedade alheia.

Podemos fazer o mesmo exercício agora extra futebol. Imaginem-se no vosso trabalha alguém criticar a performance da sua empresa e ameaçam a vossa família. Alguém no seu perfeito juízo acha que vai ser melhor profissional com base no medo? Motivação sim. Motivação é a chave catalisadora para qualquer profissional cumprir melhor as suas funções.

Futebol pós-covid ainda sem sal

Agora vamos à performance dentro de campo. Desde que a liga portuguesa regressou, a qualidade só tem aparecido a espaços… muito espaçados. Faz lembrar aqueles jogos de início pré-época… mas sem pré-época. Com menos público e com os jogadores com níveis físicos ainda mais baixos. E as bancadas despidas de público complementam tudo o que se quer… para 97 minutos de algo muito insosso.

Depois quando falta ritmo de jogo as diferenças entre as equipas fica mais curta, tornando os jogos mais equilibrados. Se repararem grande parte dos golos e jogadas de perigo tem sido através de erros defensivos. Não só forçado, mas mesmo não forçados. Isto acontece porque os níveis de concentração médio dos jogadores também voltaram muito mais baixos. E com o decorrer do jogo, quando o cansaço aumenta o discernimento desce e essas desconcentrações ainda se tornam mais evidentes.

A influência do factor público

Já muitos estudos se fazem e muitos mais irão ser feitos sobre a influência que as bancadas vazias estão a ter no desempenho nas equipas. Já se sabia que quando aconteciam jogos à porta fechada a equipa da casa por norma tinha desempenhos mais baixos. Mas talvez não se pensasse que a influência fosse tão grande. Só agora, com jogos sucessivos sem público, é que a amostra é suficiente para poder tirar dados. Não será por acaso que o público é considerado “o sal do futebol”, e é por eles que o futebol é considerado o desporto rei e desperta tantas paixões e emoções.

Em outros países nem tanto, mas em Portugal bem sabemos que os clubes grandes têm sempre mais público que o adversário mesmo quando jogam fora. Com excepção dos confrontos entre eles. A motivação que os adeptos dão à equipa faz sentir os jogadores mais tranquilo e motivados e há maior pressão sobre o adversário.

Uma história real sobre adeptos

Sempre que se fala em adeptos e da sua influência lembro-me de um relato do ex-benfiquista Mozer. História essa que envolve o regresso ao Estádio da Luz como jogador do Marselha e o ex-internacional francês Jean-Pierre Papin, na altura colega do brasileiro.

Conta Mozer que quando chegou o clube, Papin disse a Mozer que pressão dos adeptos do Marselha era muita quando estavam entre 30 a 40 mil adeptos. E semana após semana “azucrinava-lhe” a cabeça, e ele, habituado a jogar no Maracanã e ao Estádio da Luz, nunca sentia essa “tal” pressão.

O que é melhor do que ser a contar? Passar a palavra a um dos protagonistas:

Até que nas eliminatórias da Taça dos Campeões Europeus, nas meias-finais, para azar dele caiu o Benfica. E eu pensei assim: “Agora vai ser a minha vez!” No dia a seguir a ter saído o sorteio virei-me para ele e perguntei:
— Jean-Pierre, você viu com quem caímos?
— Vi, vi. Com o teu ex-clube.
— Pois é. Agora você é que vai ver o que é pressão.
— Porquê?
— Porque o estádio lá vai encher.
— Vai encher? E quantos mete?
— 120 mil!
— O quê?!
— É. 120, meu filho. Lá não se brinca.

Viemos para Portugal para o jogo da segunda mão, depois de termos ganho em casa por 2-1. Chegámos com dois dias de antecedência e treinámos naqueles campos secundários do Estádio Nacional.

Quando chegámos lá estava lotado de benfiquistas à volta da cerca, nem conseguíamos ver o relvado, e ele falou assim:

– O Benfica está treinando?
– Não, não. Isto aqui é para esperar a gente mesmo, a pressão começa aqui.
Ele ficou completamente nervoso! Chegou o dia do jogo, trocámos de roupa e fomos para o aquecimento. Eu tinha o hábito de ser sempre o último a sair do balneário, porque gostava muito de prestar atenção ao estado de espírito dos meus colegas, para ver se íamos fazer um bom jogo. Sempre fui muito observador nesse aspecto. Quando o meu balneário já não tinha mais ninguém, já tinham saído todos para o relvado, fui também. Quando estava a chegar ao relvado, no túnel de acesso ao campo, eles estavam ali todos escondidinhos, assim só a espreitar e o estádio estava super lotado.

– Vamos embora!
– Não, nós estamos esperando você.
Fui em primeiro, subi a escadaria que dava acesso ao campo, e quando entro no relvado, do outro lado saiu o Eusébio para ser homenageado. Ai Jesus, o estádio explodiu! Um barulhão, e quando olhei para trás estava sozinho no campo. E a receber vaia, 120 mil a dar vaia em mim sozinho. Comecei a chamá-los.
– Não, vamos esperar até o barulho passar.
– O barulho não vai passar, meus amigos. Isto vão ser 90 minutos assim. Anda lá, meu!
Ninguém vinha. E pensei “pronto, já perdi o jogo.”

Foi a história mais caricata e engraçada que tive com um colega de profissão, que era um grande jogador. O inferno da Luz tinha surtido efeito naquele período e realmente era bastante difícil jogar no Estádio da Luz cheio. Para quem não estava habituado era muito complicado.

Públicos nos estádios: Sim ou não?

Tem sido um assunto muito debatido, e agora ainda mais, com a possibilidade (quase) confirmadíssima de Lisboa receber a ‘final 8’ da Liga dos Campeões. Há argumentos válidos que defendem que se eventos culturais aconteceram com 1/3 ou 1/4 de sala, porque é que um estádio de 60.000 não pode ter pelo menos 10.000 ou 20.000 pessoas, o bastante para manter distâncias sociais. Mas há um factor que é preciso ter em conta e poderá ser decisivo. Existe algum evento de massas que mexa tanto emocionalmente com as pessoas como um jogo de futebol? Quantos desconhecidos já se abraçaram a festejar um golo decisivo do seu clube ou da sua seleção?

Para terminar, dou novamente a palavra a um dos protagonistas, neste caso, eu mesmo.

10 Junho de 2016. Final do Euro. Mais um vez escolhi o Terreiro do Paço como palco para ver o segundo jogo mais decisivo de sempre da nossa Seleção. Se em jogos anteriores estava cheio, o que dizer da final. E não só de portugueses. Ao longo dos 90min o ambiente era é tão contagiante, que havia ali ao pé um grupo de turistas polacos a viver o jogo quase como se fossem um de nós. Quase.

Até que no meio de tantos nervos, há sempre quem fale demais e mande aquelas ‘bocas’ típicas do “mete este”, “tira este”… “assim vamos perder”. Isto em loop. Alguém perdeu a paciência e acertou-lhe em cheio com o capacete na cabeça e/ou ombro.

Uns 20 ou 30 minutos depois. Golo de Portugal. Todos se abraçaram incluindo essas duas pessoas. Dois desconhecidos que tinham tido um atrito grave que, em qualquer outro contexto, teria sido impossível acabar com um abraço.

Para que não restem dúvidas, eu fui apenas co-protagonista. Apenas visualizei a situação, mesmo ali ao lado.

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Bruno Costa JesuínoMaio 20, 20206min0

Há uns dias comecei a ver a mini-série “The English Game”, que fala sobre a origem do futebol. E, mais que uma vez, dei por mim a pensar escrever sobre o que ia vendo. E assim foi. Foram seis episódios que funcionaram como a inspiração da génese deste artigo. Um pouco como relembrar a origem numa altura de mudança.

Mas afinal do que fala o filme?

Antes de mais calma, detesto spoilers, logo não o vou ser. Mas posso dizer retrata a série de acontecimentos que despontaram o futebol profissional. Por coincidência, estreou na Netflix no mesmo mês que o futebol parou, e talvez por aí, despontou mais interesse pelas saudades de ver a bola a rolar. Sob um misto de acontecimentos fictícios e factos reais, conta a história de uma rivalidade que vai mexer com os poderes instaurados no futebol, na altura um desporto amador gerido e jogado quase em exclusividade pela classe alta. Até que…

Quando a paixão que a tudo origem, voltará a ‘vestir’ as bancadas?

Nesta mini-série, os adeptos são também um tema fulcral. Como a história do futebol conta, foi a paixão dos adeptos que fez com que um desporto de elites se tornasse o desporto de todos. Sendo muitas vezes, a única forma da classe operária deixar a sua marca na sociedade. Daí, e apesar de ter tido génese na elite, é muitas vezes apelidado de “deporto do povo”.

Depois do estado de emergência o futebol começa a regressar aos poucos. Ou pelo menos parte dele. Uma vez que um jogo de futebol com as bancadas despidas de público perde muito da sua essência. Mas razões mais altas se levantam, e para o futebol regressar em condições de segurança, muitas medidas têm que ser asseguradas. Começando pela mais óbvia, a ausência de aglomerados de pessoas.

Regressar, anular ou finalizar? Eis questão

Eis a grande questão do momento. A França finalizou o campeonato dando o título ao Paris SG, e usando a classificação aquando da paragem como classificação final, tanto a nível de lugares europeus com de descidas.

Outra hipótese que ainda se pondera, é anular os campeonatos actuais e não atribuir títulos. Neste caso, para decidir quem iria às competições europeias teria-se como base a classificação da época transacta ou, em alternativa, os lugares actuais. Ou seja, uma espécie de meio termo, para não descurar na totalidade a performance da época em curso. Num exemplo prático, no caso português, não oficializando campeão, o primeiro lugar até à jornada já jogada, seria o que teria acesso directo à Liga dos Campeões.

Por fim, a opção mais justa. O regresso à competição. Mas mais que ser justa ou não, é importante assegurar que há condições de segurança para levar avante. A Bundesliga foi o primeiro dos principais campeonatos a voltar à ação. Na maior parte dos países, os jogadores já voltaram aos treinos nos seus clubes e aponta-se para que muitos dos campeonatos regressem em junho.

Optar pela opção que francesa de homologar a classificação actual, quer se queira quer não, fará sempre lembrar a atribuição a medalha de ouro a quem vai à frente numa maratona interrompida ao quilómetro 31.

Mas afinal qual é a verdadeira razão por trás da decisão?

Óbvio que agora muitas vozes se levantam contra e a favor. Muitos pelas razões de segurança, totalmente ligítimas. Agora outros, puramente (ou quase) por razões clubísticas. Se for bom para o clube que se torce o campeonato deve parar. Se avançar nestas condições só acontece porque o rival não está em primeiro e que ganhar à força. Mas disto já estávamos habituados, no máximo um pouco esquecidos depois desta paragem sabática.

No entanto esquecem-se da principal razão, e é por isso que a maior parte dos clubes quer regressar à ação: a enorme dependência das receitas televisivas. Talvez só quem está o primeiro o negue, mesmo precisando desse dinheiro ‘como de pão para a boca’. Além disso, as também importantes receitas de bilheteira já foram, e mesmo na próxima época, será provável que os estádios por norma mais repletos de público fiquem restritos a metade, um terço, ou até um quarto da lotação.

E agora? O que aí vem?

O que nos espera a todos  nos próximos tempos é a grande questão. A resposta essa, nem os melhores especialistas a têm. Muitas suposições mas poucas certezas. Mas uma coisa é certa, a pandemia vai deixar marcas em toda a sociedade, e situações que até então levávamos como normais, vão deixar de o ser. E claro, todas as actividades, principalmente as mais sociais, sofrerão alterações drásticas que serão diluídas. Embora de forma muito lenta.

Assistir a um jogo sem público é como degustar aquele prato que adoramos… mal temperado.

Um jogo de futebol envolve multidões, os intervenientes directos e indirectos, mas principalmente os adeptos. Mesmo a nível televisivo, quem não se lembra de ver um jogo à porta fechada sem ‘sentir’ toda aquela envolvente gerada pelo público!? Face a analogia, assistir a um jogo sem público é como degustar aquele prato que adoramos… mal temperado.

A nível financeiro, o futebol vai sofrer com essas mudanças. Vai seguramente haver uma (muito) maior contenção financeira. As transferências milionárias, por valores cada vez mais altos, vão abrandar. Se muito se falava que a UEFA queria criar tectos salariais e para transferências, a pandemia veio acelerar esse processo.

Muitos clubes vão perder (ou deixar de ganhar) os contratos milionários que tinham com patrocinadores. Mas, mais do que altura para se queixarem da conjuntura, é altura para mudar o rumo e evoluir. Tornar os clubes mais sustentáveis e não estar tão dependentes daquele patrocínio ou daquela classificação. Deixando assim de viver acima das reais possibilidades e começar a aproveitar nos recursos humanos e financeiros que realmente têm.

Regresso dos emprestados, aposta na ‘prata da casa’ e trocas e baldrocas

Actualmente, excluindo as camadas as camadas jovens, sub23, equipas “bês” e plantel principal, os clubes têm sob contrato dezenas de jogadores que depois são emprestados. Jogadores esses que ficam anos e anos a serem emprestados sem sequer uma oportunidade.

Será a altura ideal para dar uma oportunidade a esses jogadores ou começar a usá-los como moeda de troca com atletas de outros clubes. Depois a tal propalada aposta na ‘prata de casa’ que os adeptos (quase) todos gostam. Em Portugal, esse paradigma tem vindo a ser uma tendência maior, com avanço e recuos face a melhores ou piores resultados.

Tendo em conta a qualidade da ‘nossa’ formação, espera-se que os ‘nossos’ jovens talentos ganhem ainda mais espaço nas principais equipas. Pode ser que desta vez, os melhores comecem a ficar mais tempo em Portugal, não saindo para um tubarão europeu à primeira oportunidade.

Para concluir…

O ser humano, como prova a História, tem em si uma enorme capacidade de adaptação e, mais tarde ou mais cedo, tudo vai ficar bem. E a médio-longo prazo, melhor ainda.

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Bruno Costa JesuínoAbril 13, 20207min0

Ainda faltam algumas jornadas para o fim do campeonato. logo o que poderia acontece poderia mudar a nossa percepção sobre esta lista de nomes. No entanto, mesmo assim, 80% destes nomes serão consensuais. Ou não. Já que estamos a falar de futebol, provavelmente onde há mais discordantes em temas que muitos concordante. Mas este seria provavelmente o melhor plantel da liga.

Um rácio entre qualidade e performance

Na maior parte das vezes estas listagens envolvem, na sua esmagadora maioria, jogadores das principais equipas do país, seja ele Portugal ou outro qualquer. No rácio entre qualidade e performance ao longo da época, o primeiro costuma-se soprepôr.

E o motivo é óbvio, as equipas são melhores porque tem os melhores jogadores e, mesmo quem se destaca em equipa de menor valia, muitas vezes tem dificuldade em assumir-se em equipas de maior valia. Existem inúmeros casos, como Paulinho e Ewerton do Portimonense que não se afirmaram no Porto, principalmente o primeiro, que um jogador bastante diferenciado que não se conseguiu impor. Nos casos de jogadores dessas equipa, vão integrar a lista dos 23 apenas que têm qualidade para estar entre os melhores e não tanto aqueles que podem vir a ter potencial para.

Na baliza, dois indiscutíveis

A defender as redes destacam-se os guarda-redes dos dois primeiros classificados. Marchesin e Odysseas tem sido indiscutíveis na equipa, o argentino mais decisivo na parte inicial da época e o grego com cada vez maior protagonismo com o decorrer da época. A inconstância na baliza do Sporting, primeiro com Renan, e agora com Max, em que o primeiro nunca convenceu, e o segundo, tem muito potencial mas ainda só promete. Matheus do Braga, Cláudio Ramos, do Tondela, e Helton Leite, do Boavista, são três nomes que lutariam por essa vaga. Pela predominância que tem na equipa e pela personalidade, o português seria a terceira escolha.

Na direita poucos se endireitam

Na lateral direita, nos três grandes, não tem havido muita consistência em nenhuma das opções. No Sporting, Ristovski nunca conveceu, e ainda menos o reforço Rosier. No Porto já por lá passaram Saravia, Mdemba, Manafá e Corona, uma adaptação mas o que mais convenceu. Aliás esta época tem sido provavelmente o jogador mais decisivo do Porto.

No Benfica, a intermitência física do capitão André Almeida, deu espaço ao canhoto Nuno Tavares e, mais tarde, ao ainda júnior, Tomás Tavares, que embora com muito potencial, tem apresentado muitas dores de crescimento. Ricardo Esgaio, pela regularidade, e Diogo Gonçalves pelas suas prestações em crescendo tanto a extremo como a lateral, têm qualidade para integrar uma das duas vagas.

Pela importância que tem tido na equipa e pelo equilíbrio que dá à equipa, as escolhas recaem em Corona e Esgaio.

Na esquerda? Fácil. Alex e Alex

Se na direita as escolhas são difíceis, na esquerda bem as escolhas são bem mais fáceis. Os dois Alex, Telles e Grimaldo, são sem dúvida os dois melhores activos em Portugal na lateral esquerda. Na época passada, melhor e mais decisivo o espanhol, mas nesta época o brasileiro tem sido, além de mais consistente, mais decisivo com as habituais assistências e até com golos. O espanhol, que não sendo muito forte a defender, viu o seu rendimento prejudicado pelas exibições da equipa, principalmente a nível defensivo. Uma menção para a boa época do bracarense Sequeira. E claro, Acuña, um dos melhores do Sporting.

Segurança de várias idades ao centro

Não será por acaso que são a dupla preferida de Fernando Santos para seleção Portuguesa. Separados por mais de uma década, ambos são a voz de liderança no centro da defesa das suas equipas. Pepe, durante muito anos na elite do futebol mundial, e Rúben Dias, um dos centrais mais promissores da sua Europa.

Sendo a experiência uma grande mais valia para esta posição, não será possível deixar de fora o sportinguista Mathieu. Além dos muito anos que tem “a virar frangos”, é provavelmente o melhor central em Portugal com a bola nos pés. Se este exercício fosse em Janeiro, a quarta vaga ficaria para ex-vimaranense Tapsoba que foi transferido para a Alemanha. Outra hipótese seria Ferro, mas o jovem central tem tido exibições pobres nos últimos tempos, com muita falhas defensivas e sem conseguir mostrar a sua capacidade em sair a jogar.

Assim entre Nehén Perez, Aderllan Santos, Coates e Marcano, a escolha recaí no primeiro. Mesmo sendo muito jovem, a sua qualidade não engana.

Para duplo-pivot defensivo

Quando falamos em médios defensivos em Portugal, Danilo é dos primeiros nomes que nos ocorrem. Mas tem sofrido muito com problemas físicos esta época. Mas não só ele, outros nomes fortes como Gabriel, no Benfica, e Battaglia, do Sporting, tem passado pelas mesmas dificuldades.

As opções no duplo-pivot do Benfica têm mudado muito, entre Florentino, entretanto mais desaparecido, o experiente Samaris, o recuperado Taraabt ou contratação Weigl. O Porto, recuperou com sucesso Sérgio Oliveira, Uribe tem perdido alguma preponderância, e mesmo Octávio tem jogado no miolo.

Para as quatro, a escolha passa por dois jogadores mais posicionais, Danilo e Palhinha, até pela vertigem ofensiva dos laterais, um mais de transição e cerebral – Gabriel -, e um mais criativo e de transporte, Taraabt. A ideia é ter um misto de características para comaltat as variantes do jogo.

Para dar asas e cérebro à equipa

O 442 tem sido um dos sistemas mais em moda no futebol actual, principalmente desde que Jorge Jesus passou pelo Benfica. Antes desse factor histórico, praticamente todas as equipas em Portugal jogavam em 433. Actualmente. nesse sistema, um dos alas, tem mais características organizador, justificando assim escolha de Pizzi e Octávio, para falsos alas. As outras duas escolhas recaem em extremos rápidos, com vertigem e fortes no 1×1, no entanto cerebrais e que procuram muito (e bem) zonas interiores, dando espaço para a subida dos laterais. Já adivinharam quem são? Marcus Edwards e Francisco Trincão, do Vitória Sport Club e do Sporting de Braga.

Luiz Diaz, é outro nome a ter em conta, dos jogadores mais imprevisíveis do nosso campeonato, um pouco na sequela do seu antecessor Brahimi. A opção recai mais nos jogadores do Braga, por serem mais constantes e terem menos oscilações exibicionais. Factor assumido pelo próprio Sérgio Conceição, que face à qualidade do jogador, terá as suas razões para muitas vezes o deixar de fora. O nome de Rafa e Ricardo Horta não foram esquecidos e já se vai perceber porquê.

Dois mais fixos, dois mais soltos

No sistema adoptado e face a quantidade e qualidade de extremos, a opção seguiu por dois jogadores mais fixos, embora com muita mobilidade e capacidade de jogar entre linhas, e dois avançados soltos, rápidos e que podem descair pelos flancos.

Vinicius, o melhor marcador do campeonato, e Paulinho, o português com mais golos a seguir a Pizzi, ficam com a principal missão de marcar golos. Mas a escolha não será só pelo balançar as redes adversárias, são dois jogadores que oferecem muito ao jogo, trabalham muito sem bola e conseguem participar e todas as fases do jogo. Outra alternativa seria Soares, mas foi ultrapassado por ser menos completo. Seferovic, Zé Luis e Sporar, que parece ter potencial, seriam outras alternativas.

Para jogar nas costas dos avançados, Rafa e Ricardo Horta. Apesar de mais habituados a jogar da linha para dentro, têm características para jogar soltos na costa de Vinicius e Paulinho, além de serem jogadores com golo. Nomes como Vietto, mais central e cerebral, e Marega, pela sua capacidade física e de explosão também foram tidos em conta.

Melhor plantel? Desafiamos a discordarem

Tal como foi referido inicialmente, para estas escolhas, foi tido em conta um rácio entre a qualidade global dos jogadores e o rendimento que têm tido esta época, e claro, há sempre um toque pessoal na escolha. Por isso, tal como em tudo no desporto-rei, é discutível, e vai haver sempre quem discorde, seja por ter uma opinião diferente, por clubite ou só porque sim.

Uma coisa é certa estes 23 dariam um melhor conjunto de jogadores que qualquer do planteis actuais da liga.  Desafio a discordar.

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Bruno Costa JesuínoMarço 27, 20208min0

Imaginem que eram o Fernando Santos e que teriam de tomar decisões para o (agora) Europeu 2021. Quem convocavam se tivessem de decidir agora? Eis as escolhas a pensar no agora e no depois. Venham daí essas discórdias.

São Patrício e mais dois

Na baliza não há dúvidas. Rui Patrício e mais dois. Anthony Lopes, capitão do Lyon, é o que apresenta melhores credenciais para fazer sombra ao guarda-redes do Wolverhampton. No entanto, por motivos pessoais, já chegou a pedir autorização para não ser convocado. O experiente Beto com 37 anos (Göztepe), conhecido por fazer bom balneário tem sido opção habitual para número 2 ou número 3. Se o luso-francês continuar afastado da seleção destacam-se três nomes: Cláudio Ramos (Tondela), José Sá (Olympiakos) e Rui Silva (Granada).

Ordem de preferência: Rui Patrício, Anthony Lopes, José Sá, Rui Silva, Beto e Cláudio Ramos.

No eixo da defesa é Pepe e mais três. Ou será dois?

Neste sector, quando os selecionadores têm um médio que pode jogar a centrar, muitas vezes optam por levar apenas três centrais, até porque além do guarda-redes, é onde os treinadores menos mexem. Parece-me óbvio que a experiência de Pepe é fundamental e será o mais titular de todos.

Rúben Dias, tem sido sempre titular, fez uma Liga das Nações fenomenal (melhor jogador da final), e mesmo o seu menor fulgor deve-se acima de tudo às fragilidades que toda a equipa do Benfica tem apresentado. Vítima disso mesmo, e eventualmente não só, foi Ferro. O jovem central encarnado era visto como provável no leque dos 4 ou 5 principais opções, terá sido ultrapassado por Domingos Duarte, a fazer grande época do Granada. Ah e pela segunda vida de Rúben Semedo.

O terceiro continua a ser o experiente José Fonte (menos um ano que Pepe). Bruno Alves, o mais velho de todos, será menos provável.

Ordem de preferência: Pepe, Rúben Dias, José Fonte, Domingos Duarte, Rúben Semedo, Ferro e Bruno Alves.

Tantos e tão bons na direita que algum pode ir parar à esquerda

Na esquerda Raphael Guerreiro é indiscutível. Apenas o sineense Mário Rui, normalmente titular no Nápoles lhe consegue fazer sombra. A terceira opção andará muito longe.

No entanto o lugar de Mário Rui pode estar ameaçado pela ‘excesso’ de qualidade existente à direita. Nélson Semedo, João Cancelo, Ricardo Pereira, qualquer um deles já jogou várias vezes à esquerda, e ainda o campeão europeu Cédric.

Ordem de preferência: Ricardo Pereira, Nélson Semedo, João Cancelo e Raphael Guerreiro.

Seja para 442 ou 433 opções para o meio não faltam

Danilo, o mais defensivo de todos os médios, poderá beneficiar da polivalência de poder jogar a central, e assim Fernando Santos levar apenas três (tendo em conta da idade de Pepe e Fonte, poderá ser mais arriscado).

Rúben Neves e William Carvalho serão as opções mais fortes para jogar de início, seja num meio campo a 3 com um médio mais ofensivo ou com duplo pivot. João Moutinho, apesar dos seus 33 anos, será a opção seguinte para alternar com William e Rúben, até pelo entendimento que tem com Rúben no clube inglês. Sérgio Oliveira e André Gomes são ainda nomes a ter em conta.

Renato Sanches, também opção para jogar como falso ala no 442 também será um nome a ter em conta, tanto pelas suas diferentes características como pelas prestações no Lille.

Ordem de preferência: William, Rúben, Danilo, Renato Sanches, João Moutinho

Mais à frente ou como ala

A seleção tanto se tem apresentado em 442 como em 433. Na primeira opção jogadores como Bruno Fernandes e João Mário são opções para falso ala, tal como Bernardo Silva. E o já referenciado Renato Sanches, que tem jogado assim no Lille, e no Europeu 2016 jogou muitas vezes com essa função. Pizzi será outra opção a ter em conta.

Ordem de preferência: Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Renato Sanches, Pizzi

Avançados soltos e talvez um mais fixo

Na frente não dúvidas quanto ao capitão e melhor marcador de sempre da seleção. Tendo por base o 442, Cristiano Ronaldo deverá ter companhia de João Félix, Gonçalo Guedes ou Diogo Jota que tem estado em grande forma.

Na maioria das vezes, face às características dos jogadores a seleção tem optado, e bem, por jogar muitas vezes com jogadores móveis, sendo Cristiano o mais fixo.

No Euro 2016 jogou com Nani, no Mundial 2018 teve o apoio de Gonçalo Guedes ou André Silva, ficando este mais fixo. André tem sido o ponta-de-lança desde Nuno Gomes e Pauleta que tem apresentado melhores números. Depois de um época quase sempre lesionado, tem estado em boa forma no Eintracht Frankfurt. Curiosamente terá como principal concorrente o colega de equipa Gonçalo Paciência.

Éder, será sempre um nome a ter em conta, mas a sua chamada será pouco provável, e o próprio bracarense Paulinho partirá à frente.

Entre a posição de extremo no 4 do meio campo e a possibilidade de jogar na frente de ataque temos ainda a opção Rafa, importante para quando for preciso acelerar e agitar o jogo. Em circunstâncias normais será um dos selecionados. Ricardo Horta e Bruma, e o próprio Gonçalo Guedes, com características semelhantes serão alternativas dentro da mesma linha.

Ordem de preferência: Ronaldo, João Félix, Diogo Jota, Rafa, André Silva/Gonçalo Paciência, Ricardo Horta, Paulinho, Bruma e Éder.

Os “meus” 23

Guarda-redes: Rui Patrício, Anthony Lopes e José Sá

Defesas centrais: Pepe, Rúben Dias e José Fonte

Defesas Laterais: Nélson Semedo, Ricardo Pereira, João Cancelo e Raphael Guerreiro

Médio centro: William Carvalho, Rúben Neves, João Moutinho e Danilo

Médios ofensivos / Falsos Ala: Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Pizzi e Renato Sanches

Ala / Avançado: Rafa, Guedes e Diogo Jota

Avançado: Cristiano Ronaldo e Gonçalo Paciência/André Silva

Mas o europeu foi adiado um ano, o que muda?

Estas escolhas foram feitas tendo em conta o momento actual, mas sendo o europeu adiado (e bem) num ano muito coisa pode mudar. Desde já a performance que os jogadores venham a fazer na próxima época, possíveis lesões, aparecimento de novos valores e… a idade dos mais velhos.

Pegando neste último ponto, o destaque principal vai para o centro da defesa. Pepe em 2021 terá 38 e José Fonte 37. Levar os dois pode ser arriscado, e será normal que pelo menos um caia, ainda para mais se a opção for apostar convocar apenas três centrais. No entanto, salvo qualquer quebra física gigante ou lesão pelo menos um dos dois irá para ser a voz da experiência. Principalmente Pepe.

No meio campo, João Moutinho com 34, e face rotação da sua posição, poderá perder fulgor. Mas se fizer mais uma época gual a estas duas (na qual foi eleito pelos adeptos como melhor jogador) que argumentos teremos para não o chamar face à qualidade e inteligência que vai demonstrando dentro quatro linhas?

Na frente Ronaldo. Será o Ronaldo dos 36 anos inferior ao Ronaldo dos 35? Esperamos e, pelo “monstro” físico que ele é, acreditamos que vai continuar a ser decisivo.

Lado positivo? Poderemos ser o primeiro campeão europeu em título por 9 anos seguidos.

Nota: Importante todas as medidas que estão a ser tomadas. Quanto maior for o nosso sacrifício AGORA e cumprirmos as regras, mais rapidamente retomaremos a nossa vida normal. #FicaemCasa

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Bruno Costa JesuínoMarço 20, 20206min0

Em três décadas de vida nunca eu vi falar-se tão pouco de futebol. Muitas vezes parece ser um desporto que funciona num mundo à parte mas é jogado e gerido por humanos. E o ser humano tem a capacidade tanto de nos surpreender como de nos desiludir de um minuto para o outro. Mas depois de muita hesitação o futebol entrou em quarentena num mundo de oito e oitentas.

Pára. Não Pára. Pára um bocadinho. Até que pára de vez.

Houve quem tentasse manter o futebol activo mesmo numa altura em que já era o que menos interessava, mas felizmente houve consciências que o pararam. Aos poucos, mas pararam. O mundo começou a parar. O desporto parou. O futebol tinha de parar.

Várias actividades desportivas já deveriam ter parado há mais tempo. Sendo um problema transversal a todo a toda a humanidade, não fez qualquer sentido realizarem-se jogos num determinado local, enquanto outros jogavam à porta fechada ou iam sendo adiados.

Felizmente houve quem teve a ‘coragem’ de parar mais cedo. Num mundo global e com poucas fronteiras não serve a desculpa: “ah e tal mas aqui não tínhamos casos”. Com a constante circulação de pessoas de um lado para outro, um vírus de transmissão fácil como este viaja de um lado ao outro do mundo num ápice. Bons exemplos como de Macau, que ali ao lado da origem do vírus, fechou as suas fronteiras desde as primeiras notícias de casos.

O vírus que está a virar tudo de ‘pernas para o ar’

Ligamos a televisão, olhamos para as notícias. Fazemos zapping. Passamos pelos canais de informação. Nada. Nada de futebol. Vá quase nada. Nem para segundo, nem para terceiro plano, passou para décimo plano. Sendo que os outros nove se referem, por motivos tão óbvios quanto sérios, ao vírus que está a virar tudo de pernas para o ar.

O mais importante agora não é saber quem vai ser campeão ou a forma mais justa de o decidir, quando vai ser o Europeu, como os jogadores podem treinar… Como diria o grande JJ – que felizmente acusou negativo ao terceiro teste – isso são ‘peaners’. Importa centrar-nos nesta ‘guerra’ contra um inimigo invisível em que a nossa maior arma é o civismo e respeito pela ordem de quarentena, sendo esta voluntária ou não.

“O futebol é a coisa mais importante entre as coisas menos importantes”

Gostaria muito de dizer que esta frase era da minha autoria, mas infelizmente não é. Adoro frases que em poucas palavras dizem muita coisa e, esta afirmação do treinador italiano Arrigo Sacchi, encaixa que nem uma luva na situação actual. Encaixa tanto, que vou voltar a escrevê-la só para a lerem uma vez mais: “O futebol é a coisa mais importante entre as coisas menos importantes”,

A paixão sem limites que nos tira os pés do chão

Não será por acaso que é apelidado de desporto rei. O futebol move multidões, emoções, desejos, vontades, desesperos, frustrações e, tantos outros, sentimentos. É um verdadeiro fenómeno social, fortemente ligado à vida cultural em todo o mundo. Desperta a paixão de milhões de pessoas, libertando o lado mais instintivo e competitivo daqueles que acompanham cada jogo, na televisão ou na internet e até viajam para o outro lado do mundo para apoiar as cores do seu clube.

Com base neste comportamento social, o futebol muitas vezes parece a coisa mais importante da vida… pelo menos durante 90 minutos.

Futebol é uma das indústrias importantes

Apesar de não ser o mais importante, não podemos deixar de ver o futebol como uma ‘indústria’ importante. Tanto a nível de clubes como de seleções move milhões e milhões, e tem um impacto significativo no sector da economia e até do turismo. Deve ser tratado com a devida importância mas pondo, pelo menos por agora, a parte mais irracional de lado.

Muitos dos responsáveis do futebol, um pouco por todo o mundo, tentaram adiar as paragens dos campeonatos centrando-se apenas no desastre financeiro que seria. No entanto, como deveria ser sempre, os protagonistas principais foram os jogadores. Aproveitando o popularidade que têm, muitos deles lançaram nas redes sociais apelos para o futebol parar e para as pessoas ficarem em casa. Felizmente funcionou.

Portugal como campeão europeu até 2021?

O Campeonato da Europa vai ser mesmo adiado, ao que tudo indica para 2021. No entanto, também é possível que possa acontecer nos últimos meses de 2020, servindo de adaptação para o Mundial do Qatar de 2022 que se vai realizar de 21 novembro a 18 de dezembro. É uma hipótese que poderá fazer muito sentido, caso esta situação pandémica fique controlada nos próximos 3 ou 4 meses. Até lá, Portugal continua como campeão europeu até 2021.

Mas por enquanto vamos centrar-nos em vencer o campeonato da vida derrotando o Covid-19.

Vamos jogar o verdadeiro derby

Ontem, enquanto escrevia este artigo, tinha feito o apontamento que o queria acabar com o mote  “vamos jogar o verdadeiro derby”. Pouco depois, deparei-me com uma partilha que tinha esta descrição:

“Num momento que nunca foi por nós vivido, pede-se que sejamos os atores principais de um qualquer filme apocalíptico que nos habituámos a ver pela televisão”

“Agora coloquemo-nos todos a centrais e de forma bem clara vamos deixar este vírus fora de jogo!”
Venceremos ❣️?? “

Conteúdos de qualidade. Precisam-se.

Numa altura em que a infodemia é maior que a pandemia, é bom dar relevo, partilhar e agradecer os conteúdos de qualidade, sejam eles informativos ou inspiracionais, como este. Bem precisamos. Obrigado ao Guilherme, pela autoria (mais uma), e à Sara, cujo timing de partilha fez com que visse este vídeo e o incluísse no artigo.

 


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