Warriors: pela primeira vez na final sem favoritismo?

João PortugalMaio 24, 20196min0

Warriors: pela primeira vez na final sem favoritismo?

João PortugalMaio 24, 20196min0
Os Warriors estão outra vez na final mas este não não há a protecção do favoritismo. As razões da perda deste "manto" e o que há de tão especial nos Raptors e Bucks

Os Golden State Warriors apuraram-se para a sua quinta final consecutiva após terem varrido os Portland Trail Blazers por 4-0 na final do Oeste.  É o cimentar de uma dinastia que estará para sempre na história como uma das melhores e mais dominantes equipas da NBA, se consideram ou não a melhor de todas, tem que ver com os critérios de cada um. Para mim sim, são a melhor equipa de sempre, contudo esta será a primeira final em que não serão favoritos, caso seja contra Milwaukee, ou favoritos esmagadores, caso seja contra Toronto.

Começo já pelo fim porque para mim é o tópico mais interessante. O que vem a seguir, uma final com garantia de não terem Home Court Advantage, que também é uma novidade para os Warriors nesta fase, com esta estrutura. Penso que a final de 2019 em nada se compara à de 2016, que eles perderam.

Acho que nesta sequência de quatro finais contra os Cavs, aconteceu o outcome expectável. Ganharam 3 em 4, matematicamente terá sido o resultado mais próximo do valor de cada franchise, penso que já escrevi algo semelhante a isto para o Fairplay no passado. Mesmo sendo favoritos quatro anos seguidos, é complicado ganhar sempre.

2019 será diferente. Bucks e Raptors têm imensas armas mortíferas para colocar em court contra o modo de jogar, e principalmente de defender dos Warriors. O jogo interior defensivo de Golden State vai estar à prova 48 minutos por partida, não haverá line ups fáceis de defender. As derrotas que aconteceram até aqui contra Houston e contra os Clippers que se deveram em muito em dificuldades em lutar por ressaltos e bolas soltas, o edge nestas situações vai pender muito para os adversários do Este.

Outro factor que inclina contra Golden State será a profundidade do plantel e, principalmente, da rotação que os treinadores vão utilizar. Estou a fazer esta análise a três, mas, para que fique claro, em todos os pontos analisados, os Bucks estão num patamar acima de Toronto. Logo aqui, acho que todos os adeptos da equipa de Oakland deviam torcer pelo franchise do Canadá.

NAS ASAS DE KAWHI LEONARD… O MELHOR?

O único ponto em que Toronto tem vantagem é no melhor jogador. Kawhi Leonard, por muito que gostem e admirem a época absurda de Giannis Antetokounmpo, é o melhor jogador da final do Este. Estamos a falar dos playoffs, Leonard joga ao mais alto nível já visto na post season.

A sua produtividade só se equipara aos Grandes. Esta remontada que está a produzir culminada com a exibição da madrugada passada em Milwaukee, que pode terminar em beleza, no sábado, perante os seus fãs, é mais uma grande prova disso. Atenção que continuo a falar no sentido de comparação de Milwaukee e Toronto como potenciais adversários dos Warriors na Final da NBA.

No que toca ao coaching, acho que a inexperiência dos grandes palcos como treinador principal de Nick Nurse não se tem notado, deu a volta a uma primeira ronda contra um adversário que criou inúmeros problemas de match ups para os quais os Raptors arranjaram solução. De seguida tiveram a meia-final mais complicada que lhes podia ter calhado contra uma equipa que merecia quase tanto estar nas finais de conferência quanto Raptors ou Bucks, nos 76ers.

E agora acabou de ganhar em casa dos Bucks ficando a uma única partida da Final, no Air Canada Centre, quando já se previa um passeio para os dois finalistas e mais de uma semana sem qualquer jogo da NBA. A final começa com data certa no dia 30 de maio (madrugada de 31 em Portugal). Trocado por miúdos, os Warriors não terão o coaching edge em qualquer um dos casos.

Em contraponto, mesmo não havendo garantias do estado físico de Kevin Durant, calculo que apareça ao melhor nível, ou perto disso, terão o melhor jogador do mundo, Steph Curry, e isso vale imenso. Por muito fundamental que seja KD contra Giannis ou Kawhi, porque isto é um facto inegável, os Warriors representam uma dinastia e estão na quinta final seguida por causa de Steph Curry e o base mostrou-o sem grandes rodeios contra os Trail Blazers.

Curry fez uma média de 36,5 pontos por jogo (marcou sempre 36 ou 37), jogou 40 min por partida com uma usagem de 34,6%. Anotou ainda 8,3 ressaltos e 7,3 assistências, com médias de lançamento de 54,2% (2pt), 43,6% (3pt) e 93,8% (FT), o que dá uma TrueShooting% de 66,3%. Entretanto falhou o primeiro lance livre no último período/prolongamento em Finais de Conferência ou da NBA, desde a final de 2015. Passar quatro anos sem tremer nas alturas decisivas, com o público todo a berrar contra ou a favor, é notável.

Draymond Green foi o outro grande destaque dos vencedores, houve muitos analistas que até o colocaram como jogador mais importante e há argumentos para tal. Da mesma maneira que Kawhi Leonard tem uma mudança nos playoffs que raramente se vê na fase regular, Green apresenta o mesmo, principalmente no capítulo defensivo. 5,1 stocks por jogo (designação para a soma de roubos de bola com abafos) e a capacidade de posicionamento para contestar lançamentos exteriores ou debaixo do cesto, fazer rotações defensivas e ganhar ressaltos a jogadores com muito maior dimensão, fazem dele alguém único na NBA.

Mesmo tendo perdido 4-0, os Blazers caíram de pé. Jogaram toda a post season sem Jusuf Nurkic, Damian Lillard jogou os últimos jogos lesionado, eliminaram os Thunder que tinham mais equipa do que a sexta seed indicava e derrotaram os Nuggets em jogo 7, em Denver contra as expectativas. Para mim é o franchise da NBA que mais resultados acima do esperado tem apresentado desde que se desfizeram do núcleo LaMarcus Aldridge, Nic Batum e Wes Matthews, que teve uma lesão gravíssima ainda nesses playoffs. Todo o mérito tem que ser dado e talvez a janela de ir à Final da NBA melhore caso os Warriors não consigam manter o quinteto indomável.

Para já, teremos uma final Bucks/Raptors vs Warriors, com enormes pontos de interrogação na condição física de Kevin Durant e de Andre Iguodala, e a certeza de que será a final mais complicada da dinastia Kerr/Curry, onde um triunfo os colocaria quase inalcansáveis como melhor equipa de todos os tempos.

Foto: Getty Images

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