Brasil vive crise no vôlei

Thiago MacielSetembro 18, 20237min0

Brasil vive crise no vôlei

Thiago MacielSetembro 18, 20237min0
Já há algum tempo venho fazendo comentários da bagunça que é a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Seja nos episódios de Carol Solberg ou Wallace, mas o embrolho está na própria gestão das seleções brasileiras.

A falta de organização começa a respingar nos resultados dentro de quadra. Pela primeira vez na história, a seleção masculina perdeu uma edição do Sul-americano. A derrota ainda teve o agravante de jogar em casa, no Recife. Maior vencedor da competição continental, com 33 títulos, o Brasil viu os argentinos serem campeões pela segunda vez – a primeira foi em 1964, justamente o ano em que não houve participação brasileira. O resultado preocupa porque o Brasil vem perdendo rendimento também nas grandes competições nos últimos dois anos.

Brasil
Argentina de Facundo Conte vence Sul- americano de Vôlei. Foto: FIBA

A CBV e a base

O estrago que a atual gestão da CBV, liderada por Radamés Lattari, fez com as categorias de base é intolerável. Os resultados dos mundiais sub-19 e sub-20 são pífios. Assim como a seleção masculina, o time feminino não ganhou de ninguém e passou longe do pódio. O único resultado mais condizente foi o 3° lugar da seleção feminina no mundial sub-21.

A negligência da atual gestão da CBV e as escolhas apadrinhadas dos dirigentes levaram as categorias de base do Brasil ao fundo do poço. Como exemplo temos a demissão de treinadores que fizeram história nas categorias de base do Brasil. Nomes como Antônio Rizolla, Luizomar de Moura, Marcos Lerbach e Percy Oncken. Época em que a seleção frequentava o pódio e disputava títulos. O mais trágico disso tudo é ver esses profissionais tendo sucesso mundo afora. O Egito, de Percy, está entre os 8 melhores do mundo na categoria sub-19. O mesmo técnico que foi campeão mundial em diferentes categorias quando dirigia a base do Brasil.

CBV e as seleções principais

A desorganização é grande, primeiro a CBV está sem presidente há mais de dois anos. Radamés é o vice e está respondendo. A atual gestão conseguiu perder o contrato com a famosa e consagrada Asics no início do ano. Enquanto as principais equipes fecham contratos com empresas consagradas as seleções têm um novo patrocinador que não tem nada a ver com o vôlei.

A seleção brasileira feminina, ainda, consegue se blindar dessa desorganização, apesar dos resultados não serem os ideais, o grupo passa por um processo de amadurecimento. O vitorioso José Roberto Guimarães sempre teve o grupo nas mãos. Experiente, sabe que tudo na vida é gerenciamento de risco. A preparação para o Pré-olímpico acontece normalmente.

A situação se agrava na seleção masculina, depois de muitos anos tenho a impressão que os comandos são realizados por alguns comandados. Por mais que antigos presidentes da CBV fossem questionáveis, tanto Nuzman quanto Ary Graça tinham o pulso firme no comando da seleção e bancavam certas escolhas, mesmo indo de encontro com a vontade do treinador ou jogadores. A sensação que tenho é a de que um grupo de jogadores ditam as regras dentro da seleção, e Renan apenas corrobora para não “se queimar” com o grupo.

As opções de Renan são muitos questionáveis e contestadas. O time vem sempre pecando na defesa, então qual o motivo de não colocar o líbero Maique, especialista no tema, e ficar insistindo em Thales? A fase técnica de Bruninho é nitidamente ruim, mas Cachopa ou qualquer outro levantador não tem uma sequência. Na verdade, outros levantadores não estão nem tendo chance, a não ser no time B.

A paciência com um novato, como Judson, é curta, como visto nas quartas de final da VNL. Mas com um veterano, como Lucão, ela é bem maior. Poucos entenderam Abouba não está com o grupo, após participar de toda fase de treinamentos em Saquarema, o mesmo não foi liberado para disputar a Copa Pan-Americana com a Seleção B, no México, e criou-se uma expectativa que estivesse no grupo do Pré-olímpico, mas foi dispensado, sendo o melhor oposto atualmente do Brasil, perdeu a vaga para Felipe Roque, assim como Thales um dos protegidos do grupo. Renan não está conseguindo fazer com que os atletas entrem seguros e confiantes para lutar, para competir no momento importante. Isso é um sintoma muito, muito relevante para o que vem pela frente. Ou seja: o Pré-Olímpico.

Crise Com Schwanke

A CBV anunciou a saída do auxiliar técnico Carlos Schwanke, que chegou a ser campeão da Liga das Nações com o Brasil. Na ocasião, o treinador Renan Dal Zotto estava afastado por conta da Covid-19. Depois de ser vice-campeão da Copa Pan-Americana, Schwanke não se juntou ao grupo brasileiro para o sul-americano. De acordo com fontes, ele teria se desentendido com Renan Dal Zotto e com alguns jogadores da equipe. Ele queria que cedessem Abouba para a Copa Pan-Americana, mas Renan informou que não era possível, pois o mesmo ficaria com o grupo do Pré-olímpico, no entanto após a Copa Pan-Americana Abouba foi dispensado. De toda forma, o auxiliar negou qualquer problema interno no time. Pra variar, até o momento, a CBV não explicou os motivos para a dispensa de Carlos Schwanke.

auxiliar técnico Carlos Schwanke

Volta de Bernardinho

A CBV oficializou, na manhã deste sábado (9/9), a criação do cargo de coordenadores técnicos em seu organograma. No masculino, ele será ocupado por Bernardinho. Um planejamento integrado entre equipes adultas e de base, pensando no presente e no futuro. Para planejar o trabalho das equipes masculinas adultas e de base visando os Jogos Olímpicos de 2024, 2028 e 2032. Renan Dal Zotto continua à frente da seleção adulta. A verdade é que Bernardinho nunca se afastou de fato. A indicação de Renan Dal Zotto foi fundamental para ter a seleção nas mãos quando resolvesse aparecer e principalmente manter as coisas sob controle.


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