(in)Gratidão em observar a melhor geração do Longboard português
Portugal tem desde há alguns anos uma forte presença nos principais circuitos de Longboard, vertente mais clássica da classe de surf, desde os anos 80/90 a ganhar espeço nos panoramas nacionais e internacional. No início eram mais o LUFI (Luís Filipe Bento), Necas (Manuel Mestre), Miguel Ruivo, José Lafuente (Zezinho), Bruno Grandela, Bruno Charneca, Diogo Gonçalves, entre tantos outros nomes a representar o longboard português, estes em especial porque eram os que mais fases passavam sempre, já na altura conseguiam alguns deles angariar algumas ajudas para fazer face ao necessário para conseguirem marcar presença em alguns dos eventos (Europeus e Mundiais).
No último fim de semana, decorreu a 1ª etapa do Circuito Nacional de Longboard 2023, homologada pela Federação Portuguesa de Surf (FPS), na praia da baía em Espinho, prova idealizada pelo Longboarder Francisco Rocha, e organizada pelo Clube de Surf do Porto e Associação Mar de Espinho, Idden Friends e Espinho Surf Destination, que recebeu alguns dos melhores praticantes portugueses numa grande demonstração de que o Longboard português está muito saudável e bem, sendo de destacar as prestações dos Dantas Brothers, em que o António Dantas levou a melhor vencendo categoricamente a etapa, seguido de perto pelo João Dantas, em 3º ficou uma promessa da Costa da Caparica Frederico Carrilho e em 4º João Gama na categoria open, no feminino a prova foi dominada pela raquel Bento campeã nacional em título que está fortissíma na defesa do mesmo, seguido de Joana Gorgueira, Francisca Taron e Aurora Dantas, respectivamente em 2º, º3 e 4º lugar. Na categoria Junior Francisco Freitas Levou a melhor, seguido de Frederico Carrilho, Tomás Bugallo e Rodrigo Nabais.
Actualmente estamos perante talvez a melhor geração de Longboard até hoje em Portugal, encabeçada pela figura do João Dantas, actualmente 5x campeão nacional da categoria e que felizmente conseguiu angariar patrocínios que o creditam como sendo um longboarder profissional, tendo a oportunidade de competir ao mais alto nível mundial, neste caso do circuito da World Surf League (WSL), o que todos ficamos gratos por tal, é um sentimento de dever semi-cumprido das gerações anteriores, sendo que lhe abriram algumas portas, mas o João Dantas felizmente conseguiu e cabe agora fazer de tudo para os restantes consigam também.
Temos a Raquel Bento (filha do LUFI) qualificada para o WSL 2023, temos um António Dantas, Frederico Carrilho, Francisco Freitas, Nicolau Filipe, Filipe Ferreira que nos têm deliciado com prestações de luxo em praticamente todos os eventos que entram, estão todos com um nível elevado de performance mundial, estando prontos para competirem juntos dos melhores do mundo, mas o que falta para que seja dado efectivamente esse passo importante?
O Longboard é uma modalidade mais estética, mais bonita, com outro tipo de leitura de onda, muito diferente do surf de alta performance, mas ainda não conseguiu atingir as marcas para que seja dada a alguns atletas as hipóteses de mais longboarders portugueses consigam acompanhar o João Dantas pelos eventos mundiais, faltam apostas de marcas que lhes permitam tal, faltam investimentos neles, porque o merecem, a nova geração está ao nível dos melhores do mundo, exemplo disso foi em 2022 quando participaram num evento WSL em Inglaterra, na famosa praia de Newquay, onda o Frederico Carrilho (4º Lugar) e a Raquel Bento (que se sagrou vice-campeã europeia com um 2º lugar) atingiram as finais, open e feminino respectivamente, António Dantas e Filipe Ferreira perderam nas Meias finais, na 5ª e 7ª posição.
A ingratidão do mercado é não conseguirem seduzir marcas que invistam nas carreiras deles, para irem todos competir nos principais eventos em todo o mundo, em representação de Portugal, eles surfam muito e já mereciam uma porta aberta, seja por quem for, desde que lhes fosse possível irem sem ser com o investimento familiar, e alguns apoios em material.
Esta geração merece e muito, cada prova do nacional actual é um espetáculo garantido, por isso a comunidade tem que encontrar formas de lhes abrirem portas, actualmente com partilha de boas imagens nas redes sociais têm muitos “likes“ mas nada de investimento que lhe permitam calendarizar com provas internacionais de valor acrescentado para Portugal e para as modalidades de ondas.
Vamos fazer que consigam chegar onde os de fora estão já confortavelmente e mostrar a garra lusitana.
Gratidão é um sentimento de reconhecimento, uma emoção por saber que uma pessoa fez uma boa ação, um auxílio, em favor de outra. Gratidão é uma espécie de dívida, é querer agradecer a outra pessoa por ter feito algo muito benéfico para ela.
Obrigado a esta nova Geração de Longboard, e restantes modalidades! É a hora de dar força ao longboard português!
#VamosPrt