Saberão os Lakers construir em torno de Anthony Davis?
Por muito que os Los Angeles Lakers sejam irrelevantes na classificação durante a temporada, há sempre motivos de interesse para escrever sobre eles quando está para começar a free agency. Por muito que os resultados tenham sido desastrosos, o ano passado conseguiram Lebron James, e eu fui dos que se opôs à sua chegada por achar impossível competir para ganhar um anel com aquele plantel, e os jovens de LA não iam chegar ao princípio do seu pico de carreira quando James não for capaz de lutar pelo título como primeira ou segunda opção.
Do ponto de vista de objectivos, a partir do momento em que Lebron se lesionou, fez todo o sentido tentar subir no draft e, com sorte à mistura, tiveram a 4ª escolha. Não terá sido essa a única razão, mas contribuiu certamente para a conclusão da troca por Anthony Davis ainda antes do draft. Com o aparecimento dos Atlanta Hawks, a troca ficou ainda mais lucrativa para os New Orleans Pelicans.
Para além de Lonzo Ball, Brandon Ingram e Josh Hart, conseguiram as 8ª, 17ª e 35ª escolhas do draft, a pick de primeira ronda dos Lakers em 2021 ou 22 (depende ser for top8 no primeiro ano, não sendo, fica a de 2022). Uma pick-swap em 2023, que significa que os Pelicans vão ter direito à melhor das picks entre eles e os Lakers e ainda uma pick da primeira ronda de 2024 ou de 2025. A tudo isto ainda se junta terem-se livrado do mau contrato de Solomon Hill.
Davis já só tinha um ano com os Pelicans, este retorno foi sensacional. Agora vamos olhar pelo lado de LA. Foi uma oferta excessiva? Talvez, mas não ao nível dos jogadores oferecidos. Preferia muito mais que em vez de Josh Hart tivesse ido embora Kyle Kuzma. Hart é um bom defensor e atirador e pode desenvolver-se para uma das melhores 3 and D wings da NBA, que é um talento que será sempre valioso. Kuzma também tem valor e potencial, possivelmente a sua irreverência será mais importante em certas alturas em que os Lakers precisem de descansar Lebron e AD ao mesmo tempo.
Lonzo Ball e Brandon Ingram, principalmente o segundo, desapontaram no seu desenvolvimento desde que foram draftados. O desaparecimento do circo da família de Ball de LA também é uma vitória, porém é uma grande red flag que o seu lançamento nunca tenha melhorado, e ainda pior que não seja capaz de marcar mais de 50% dos seus lances livres. Um base sem grande lançamento longo, precisa de desenvolver, no seu arsenal, outras armas para não ser explorado no ataque. O que vai acontecer durante a sua carreira é que, não só os defensores lhe darão espaço no perímetro, dificultando o seu talento ao nível do passe, como o defenderão com excesso de contacto físico, sem depois serem punidos na linha de lance livre.
Quanto a Ingram, regrediu em todas as métricas possíveis e imaginárias, o que do segundo para o terceiro ano de carreira é péssimo. Já a sua segunda temporada não foi nada boa, mas piorar em 2018-19 acabou com todas as esperanças que tinha para algum dia vir a ser um starter de sucesso e, possivelmente, um All-star.
A chegada de Davis é a chegada de um dos melhores jogadores da NBA no seu prime. É superior à chegada de Lebron, que fará 35 anos em dezembro, é o garantir que os Lakers terão sempre condições para ser candidatos a ir longe nos playoffs, mesmo quando James se retirar. Segundo Eric Pincus, dos sites BBallInsiders e Bleacher Report, há luz ao fundo do túnel para que os Lakers consigam os tais 32,7 milhões de dólares em espaço salarial que tanto desejam para perseguirem a contratação de um terceiro All-star.
Caso isto seja alcançado, o plantel dos Lakers seria algo como Lebron, AD, Kuzma, a terceira estrela, Talen Horton-Tucker (escolha da segunda ronda do draft), 9 jogadores a ganhar o mínimo e a mid-level exception, que é uma ferramenta que permite contratar um ou mais jogadores por um valor fixo, superior ao salário mínimo permitido.
Ter acesso aos 32,7 milhões de dólares em salários é sempre excelente, porém preferia muito mais que esse valor fosse distribuído por outros jogadores, cujo valor agregado seria certamente superior ao de Kemba Walker, Kyrie Irving, Jimmy Butler, ou até mesmo de Kawhi Leonard. São todos jogadores fantásticos, contudo a profundidade de plantel é fundamental, e aqui nem estamos a falar de muita profundidade, os Lakers nem sequer têm o cinco titular garantido para outubro.
Os três melhores jogadores que acho alcançável com 32,7 milhões de dólares são Patrick Beverley, Danny Green e JaMychal Green. Enquanto Rob Pelinka, o GM dos Lakers, estiver centrado num terceiro max player, não há volta a dar, nenhum destes alvos pode ser sequer negociado. Uma boa notícia seria estes alvos começarem a ficar fora do mercado, Butler e Walker parecem próximos de continuar em Philadelphia e Charlotte, Irving aparenta acabar numa das equipas de Nova Iorque e Leonard ou ficará em Toronto ou acabará a jogar no Staples Center, mas pelos rivais de LA, os Clippers. Não digo que tudo isto venha a acontecer, mas pelas notícias que têm saído, estes são os cenários mais prováveis.
Se os Lakers ficarem sem alvos para dar os 32,7 milhões de dólares (atenção que este valor é só para um ano, o total do contrato que os Lakers e outras equipas com cap space poderão oferecer a um jogador como Kemba Walker ou Kyrie Irving é 141 milhões de dólares a distribuir por 4 anos, sendo que o salário inicial é de 32,7 milhões de dólares), então uma série de jogadores “mais baratos” entrarão em cena. O que não pode acontecer é não usar o cap. Anthony Davis precisa de sentir e, é tem que ficar provado em court e no front office, que está a ser tudo feito para tornar os Lakers num candidato ao título à sua volta.
Para além dos três escolhidos mais acima, outros alvos alcançáveis que gostaria de ver em LA: Brook Lopez, Jeremy Lamb, Terrence Ross e Al-Farouq Aminu. Conseguir dois ou três desta lista, depois da chegada de AD, seria um enorme sucesso depois de uma temporada que terminou com uma equipa tão disfuncional. O grande problema é que aqueles veteranos que são net negatives em court há imensos anos e badalados para se juntarem a Lebron, vão acabar por chegar, nem que seja só um. Falo de casos como Carmelo Anthony ou Derrick Rose. Nunca os veremos fora de franchises disfuncionais, e isso não é uma coincidência.
Uma pequena palavra final para a chegada de Frank Vogel ao comando técnico da equipa, é, sem dúvida, um bom treinador, que, depois de ganhar créditos em Indiana, voltou a trabalhar bem no rebuild de Orlando, penso que os tornou numa equipa de playoffs por vários anos, e tem agora este desafio em Los Angeles. É um desafio diferente, que o obrigará a adaptar um pouco a sua filosofia, principalmente defensiva. Traz enormes mais-valias nessa fase do jogo e, seria também por esta razão, que o foco da free agency dos Lakers deveria recair em bons defensores e atiradores. Lebron James é um dos melhores playmakers de sempre a jogar em qualquer posição. Defesa é muito mais fundamental que um base playmaker para o sucesso dos Lakers. Patrick Beverley é o melhor base disponível no mercado para as necessidades do plantel.