Rybakina voltou à ribalta
Mais de três anos depois de conquistar Wimbledon, Elena Rybakina volta a ganhar um grande título. Desta vez, com a vitória nas WTA Finals contra Aryna Sabalenka.
Não pretendo de todo desmerecer os WTA1000 que Rybakina venceu no pós Wimbledon 2022, mas é precisamente a pontuação – e o prémio monetário – que conta no mundo do ténis. Os 1500 pontos ganhos na vitória a dois sets contra a nº1 do mundo não são só uma vitória como qualquer outra. Foi a prova a si mesma de que ainda é capaz de lutar por Grand Slams.
A sua carreira após derrotar Ons Jabeur, que estava a realizar o melhor ano da sua carreira, prometia feitos ainda maiores. E, de facto, chegaram. Final do Australian Open em 2023, juntamente com os títulos de Indian Wells e Roma, ainda que não tivesse chegado a mais nenhum título – em parte, devido a uma “doença viral do foro respiratório” que até obrigou a desistir de Roland Garros – mas ficou no ar a sensação de que o melhor ainda estava por vir.
Porém, 2024 não foi melhor. Até começou bem o ano, com o título de Brisbane e de Abu Dhabi, mas falhou na Austrália. Voltaria a ganhar em Berlim, mas desistiria de Roland Garros e Wimbledon lesionada. Ainda teve Paris, mas uma bronquite tirou-a da competição a dois dias de começar os Jogos Olímpicos. Ainda sofreu com o caso Stefano Vukov, seu treinador, que foi suspenso após ter sido denunciado por assédio moral, que Rybakina negou.
Viria 2025 e com Vukov de volta, a cazaque voltou a competir ao mais alto nível, principalmente, quando começou a ronda de relva. Venceu em Estrasburgo e em Ningbo, qualificando-se para as WTA Finals.
E foi em Riade que demonstrou que é uma das melhores jogadoras do circuito feminino. Venceu Amanda Anisimova por 0-2 (3-6/1-6), Iga Swiatek por 1-2 – num jogo em perdeu o primeiro set, mas dominou em absolutos os outros dois com um 1-6 e 0-6 -, em que, para mim, foi o jogo em que a catapultou para o favoritismo neste torneio, e ainda fez um último jogo para cumprir calendário, contra Ekaterina Alexandrova, e em gestão física, venceu novamente por 2-0, terminando a fase de grupos com o melhor registo do torneio.
Precisava de vencer Jessica Pegula para atingir a final. E começou mal, perdeu o primeiro set por estar a servir mal, algo relacionado com o desconforto no ombro direito, mas uma pausa pedida à árbitra para ir ao balneário trouxe uma nova Rybakina. Mais focada no jogo, menos focada na dor, conseguindo dar a volta à tenista norte-americana e vencendo a partida.
Faltava agora a derradeira final contra a rival Aryna Sabalenka. Dos 13 jogos realizados ao longo da carreira contra a bielorrusa, Rybakina havia perdido oito. Precisava que o 14º viesse a provar que pode fazer mais contra a melhor tenista do mundo.
E provou. Vitória por dois sets a zero (6-3/7-6) com direito a um tie-break absolutamente perfeito, 7-0. Sabalenka é conhecida como a rainha dos tie-breaks, vencendo 22 este ano – recorde máximo de vitórias em tie-breaks num só ano -, mas não sendo suficiente para evitar ser dizimada pela tenista de 26 anos.
Rybakina ainda acabou a temporada de 2025 sendo a segunda jogadora na história a atingir mais de 500 ases num só ano – marca que só havia sido atingida por Karolina Plinskova em 2015 e 2016 – e com a marca de maior prémio monetário num torneio: 5,25M de dólares.
O 5º lugar do ranking parece-me pouco para a capacidade de Elena Rybakina, ela também terá a mesma opinião. Daqui a pouco mais de dois meses, teremos de volta o Australian Open e, desconfio, que a jogadora já prepara o torneio com um só objetivo. Veremos se o alcança.
Serve. Strike. Silence.
Elena Rybakina , The Ace Queen 🧊 pic.twitter.com/lkClCPU3kV— SEAN SETH 🦚 (@seancerian) November 15, 2025



