Os paraquedistas de Vannes

Helena AmorimNovembro 30, 20244min0

Os paraquedistas de Vannes

Helena AmorimNovembro 30, 20244min0
O Vannes é o único clube Bretão a ter conseguido chegar ao topo do rugby francês e Helena Amorim conta-te o tamanho do feito

O Rugby Club Vannes foi criado a 6 de novembro de 1950, naquela que era uma base militar de paraquedistas. Os anos 50 e 60 foram pautados por poucos sucessos desportivos, muito por conta do destacamento do efectivo para as guerras da Algéria e Indonésia.

Em 69/70 ingressam no Nationale 3, por aí ficando longos anos e em 1997, alcançam um marco importante, chegando ao Fédérale 2. Em 2016/17 chegam à Pro D2 e com alguma espetacularidade, ingressam no TOP 14 neste ano de 2024. O Vannes é um dos 66 clubes de rugby existentes na região das 9 províncias da Bretanha e os seus jogos decorrem no Stade de La Rabine com 11. 303 lugares.

A estrutura do clube compreende as secções de séniores masculinos cujo diretor desportivo é Jean-Noel Spitzer e séniores femininos a disputar o Fédérale I (5 grupos com 8 clubes cada grupo; o Vannes está no grupo 5 em 6º lugar, com 11 pontos, grupo esse liderado pelo Racing).

Outras secções de que dispõe são: escola de rugby (5-14 anos); feminino sub-18; esperanças (sub-21); juniores (sub-18); cadetes (sub-16) e veteranos (18-70 anos). A equipa de séniores masculinos tem um rol de atletas diversificado, desde muita juventude a uma também considerável experiência (exemplo: Mako Vunipola, Sione Kalamafoni). Associado aos atletas, está uma equipa técnica bastante extensa: 5 treinadores, 1 treinador de mêlée, 3 preparadores físicos, 2 analistas de vídeos, 3 fisiokinesioterapeutas, 1 médico, 1 osteopata e 1 administrador.

A primeira Jornada do Top 14 foi a 8 de Setembro, precisamente contra um colosso da modalidade: o Toulouse. Este jogo em casa dos Bretões foi uma euforia para os adeptos e apesar de terem saído derrotados do encontro (18-43), conseguiram a proeza de marcar dois ensaios e mostrar um maul dinâmico muito perigoso e eficaz. Num total de 11 jornadas, o Vannes conseguiu três vitórias (frente ao Lyon, Castres e La Rochelle) e houve três resultados em que perdeu por menos de 3 pontos (frente ao Paris, ao Racing e ao Montpellier).

Na terceira jornada recebeu o Lyon, tendo obtido a sua primeira vitória com um resultado final de 30-20. Neste jogo, além de manter os seus maul dinâmicos muito eficazes e de conseguirem boas formações ordenadas, mostraram que conseguiam fazer do pontapé tático uma arma a usar. A sua defesa é muito desorganizada e lenta mas no ataque, conseguem fazer algum estrago.

As linhas atrasadas funcionaram muito bem, com destaque para o primeiro centro Alex Arrate, o ponta direito Inaki Ayarza (chileno vindo Soyaux- Angoulême) e o defesa Paul Surano.

A segunda vitória foi também obtida em casa, frente ao Castres Olympique, por 34-28.

A terceira vitória foi dia 30 de Novembro, em casa do La Rochelle, tendo beneficiado da indisciplina dos da casa para conseguir um belíssimo resultado de 14-23, com dois ensaios marcados pelo formação Ruru e pelo asa Pedemonte.

Onde conseguiu marcar mais ensaios foi no jogo da segunda jornada frente ao Paris (5 ensaios) e o jogo onde foi mais penalizado em termos de ensaios, foi frente ao Clermont na sétima jornada (encaixou 9 ensaios).

No total, das 11 jornadas realizadas, o Vannes conseguiu marcar 32 ensaios e encaixou 49.

A equipa defende mal, lenta e desorganizadamente (na defesa de mauls dinâmicos colocam poucos elementos e tecnicamente não são muito eficientes); são muito perigosos nos alinhamentos perto da linha de ensaio e consequentes mauls dinâmicos formados; apresentam dummies de formação de avançados muito interessantes; a formação ordenada não sendo brilhante é muito sólida (Vunipola, Cyrill Blanchard e Santiago Medrano); apresentam boas opções e jogadas de ataque a partir dos seus três-quartos.

Os pontas são muito competentes, com o Chileno Ayarza e o Neo-Zelandês Salesi Rayasi; os centros são dos mais esclarecidos da equipa com boas prestações de Francis Saili (Neo-zelandês vindo do Racing), jogando a primeiro ou segundo centro (melhor a primeiro) e ainda Alex Arrate e Robin Taccola.

O formação que tem jogado mais vezes é Jules Le Bail (32 anos e procedente do la Rochelle) e a abertura, Maxime Lafage (30 anos e procedente do Bayonne) tem deixado boa impressão. Esta dupla de médios tem muita experiência acumulada e isso é fundamental nos playmakers de qualquer equipa. Michael Ruru tem sido o formação escolhido nestas ultimas jornadas e também dando boas indicações.

O Vannes segue em último lugar no TOP 14, com 15 pontos ( 3 vitórias e 3 pontos de bónus), apenas a 3 pontos do penúltimo classificado , o Lyon e a 4 pontos, do Pau, Paris e Perpignan. Na frente segue o Stade Toulousain com 39 pontos, seguido do Bordéus com 37 e Clermont em terceiro com 32 pontos.

O Vannes faz parte do grupo 3 da Challenge Cup, indo jogar contra Black Lions, Bayonne, Scarlets, Edimburgh e Gloucester.

 


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