Porquê importou e importa a luta pela liderança na World Rugby
Depois de quatro anos como vice-presidente de Bill Beaumont no World Rugby, Agustin Pichot decidiu lançar a sua própria campanha para charmain da instituição.
É conhecida a batalha interna que Pichot foi fazendo no sentido de tornar o jogo verdadeiramente global com ênfase no apoio e acompanhamento das equipas emergentes, tentando balancear o lucro com os desempenhos. O 71 vezes internacional pela Argentina, de 45 anos, vê a recandidatura de Bill Beaumont com Bernard Laporte como vice, como uma espécie de provocação, um peso desmedido para os interesses do Norte no rugby.
Uma das questões que coloca é porquê o entusiasmo todo e o direcionamento de várias equipas para fazerem tours no Japão e Fiji e outras equipas que já mostraram ser competentes ao longo dos anos? Pichot acha que o factor dinheiro está a ter um peso demasiado grande e se é para ser assim, que se distribua melhor.
Outra questão que levanta é sobre o sistema de votação, como é que num universo de 51 votos, 30 votos estão concentrados nos 10 países do Seis Nações e do Championship?
Com o lema: Togetherness/Together –it’s our time, Pichot avança com três tópicos principais: assegurar o investimento necessário para o futuro (assegurar o crescimento do jogo quer para profissionais, quer para amadores); apoiar tanto as selecções já estabelecidas como as emergentes e criar um jogo global.
Tem os apoios dos países SANZAAR e depois de um nomeado Fijiano pela equipa de Beaumont (Francis Kean), se ter retirado da lista por terem surgido alegações homofóbicas e tendo sido condenado por homicídio não qualificado, surge a dúvida em quem é que Fiji irá agora votar.
Em termos práticos a informação disponível é omissa, os manifestos são igualmente omissos ou pouco pragmáticos e nesse sentidos, tudo na mesma. Mas há que ver que tentar agitar as águas estagnadas e quem beneficie em que as águas se mantenham um antro de proliferação de organismos anaeróbios! Esta metáfora não se aplica apenas ao World Rugby mas é transversal a vários organismos e instituições que regem o rugby na actualidade.
Pichot sempre foi um defensor de mais dinheiro para o rugby feminino, uma maneira diferente e provavelmente mais democrática de estar, algo que sempre embateu numa maneira já instituída de fazer as coisas, uma diplomacia de rotina e contactos firmados.
Tinha-se vindo a registar um crescimento das modalidades femininas e um maior impacto dos desportos praticados por mulheres, com mais público mas a falta de apoios e a tendência amadora do rugby feminino fazem antever dias negros no pós-covide-19.
Sem dúvida que um olhar fresco se impõe, de modo a tornar a modalidade que é considerada por muitos como a melhor modalidade do mundo, que esta seja igualitária e justa, reforçando os apoios onde estes são mais necessários e cortando onde já são excedentes.
A solução para o rugby feminino passa por injecção de dinheiro nem que seja uma fatia dos ganhos de bilheteira do masculino. Porque vejamos, já sabemos que a sociedade é patriarcal e há uma grande tendência de os grandes adeptos de desporto serem do género masculino e tenderem a apreciar muito as modalidades praticadas pelo seu próprio género; mas o génio é transversal aos géneros . Basta acompanhar os jogos… Por isso, uma fatia dos dividendos dos grandes tubarões para as pequenas sardinhas talvez fosse importante durante uns 4/5 anos, de modo a poder , paulatina mas sustentadamente criar novas alternativas para dinamizar o rugby feminino.
Um novo tempo de procura de equilíbrios impõe-se, não só no rugby mas na vida em geral e nesse sentido, a transparência será crucial para que haja esse salto qualitativo!