Porquê importou e importa a luta pela liderança na World Rugby

Helena AmorimAbril 30, 20203min0

Porquê importou e importa a luta pela liderança na World Rugby

Helena AmorimAbril 30, 20203min0
As eleições para Chairman do World Rugby vão decorrer no próximo dia 26 de Abril mas os resultados só serão conhecidos a 12 de Maio e explicamos alguns apontamentos dos dois candidatos que surgiram.

Depois de quatro anos como vice-presidente de Bill Beaumont no World Rugby, Agustin Pichot decidiu lançar a sua própria campanha para charmain da instituição.

É conhecida a batalha interna que Pichot foi fazendo no sentido de tornar o jogo verdadeiramente global com ênfase no apoio e acompanhamento das equipas emergentes, tentando balancear o lucro com os desempenhos. O 71 vezes internacional pela Argentina, de 45 anos, vê a recandidatura de Bill Beaumont com Bernard Laporte como vice, como uma espécie de provocação, um peso desmedido para os interesses do Norte no rugby.

Uma das questões que coloca é porquê o entusiasmo todo e o direcionamento de várias equipas para fazerem tours no Japão e Fiji e outras equipas que já mostraram ser competentes ao longo dos anos? Pichot acha que o factor dinheiro está a ter um peso demasiado grande e se é para ser assim, que se distribua melhor.

Outra questão que levanta é sobre o sistema de votação, como é que num universo de 51 votos, 30 votos estão concentrados nos 10 países do Seis Nações e do Championship?

Com o lema: Togetherness/Together –it’s our time, Pichot avança com três tópicos principais: assegurar o investimento necessário para o futuro (assegurar o crescimento do jogo quer para profissionais, quer para amadores); apoiar tanto as selecções já estabelecidas como as emergentes e criar um jogo global.

Tem os apoios dos países SANZAAR e depois de um nomeado Fijiano pela equipa de Beaumont (Francis Kean), se ter retirado da lista por terem surgido alegações homofóbicas e tendo sido condenado por homicídio não qualificado, surge a dúvida em quem é que Fiji irá agora votar.

Em termos práticos a informação disponível é omissa, os manifestos são igualmente omissos ou pouco pragmáticos e nesse sentidos, tudo na mesma. Mas há que ver que tentar agitar as águas estagnadas e quem beneficie em que as águas se mantenham um antro de proliferação de organismos anaeróbios! Esta metáfora não se aplica apenas ao World Rugby mas é transversal a vários organismos e instituições que regem o rugby na actualidade.

Pichot sempre foi um defensor de mais dinheiro para o rugby feminino, uma maneira diferente e provavelmente mais democrática de estar, algo que sempre embateu numa maneira já instituída de fazer as coisas, uma diplomacia de rotina e contactos firmados.

Tinha-se vindo a registar um crescimento das modalidades femininas e um maior impacto dos desportos praticados por mulheres, com mais público mas a falta de apoios e a tendência amadora do rugby feminino fazem antever dias negros no pós-covide-19.

Sem dúvida que um olhar fresco se impõe, de modo a tornar a modalidade que é considerada por muitos como a melhor modalidade do mundo, que esta seja igualitária e justa, reforçando os apoios onde estes são mais necessários e cortando onde já são excedentes.

A solução para o rugby feminino passa por injecção de dinheiro nem que seja uma fatia dos ganhos de bilheteira do masculino. Porque vejamos, já sabemos que a sociedade é patriarcal e há uma grande tendência de os grandes adeptos de desporto serem do género masculino e tenderem a  apreciar muito as modalidades praticadas pelo seu próprio género; mas o génio é transversal aos géneros . Basta acompanhar os jogos… Por isso, uma fatia dos dividendos dos grandes tubarões para as pequenas sardinhas talvez fosse importante durante uns 4/5 anos, de modo a poder , paulatina mas sustentadamente criar novas alternativas para dinamizar o rugby feminino.

Um novo tempo de procura de equilíbrios impõe-se, não só no rugby mas na vida em geral e nesse sentido, a transparência será crucial para que haja esse salto qualitativo!


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