“Já estamos a Rolar!” – Técnicas de Iniciação à Patinagem (parte 1)
Depois de no artigo anterior temos iniciado a prática da patinagem em linha e de estarmos já com a perceção da relação entre a estabilidade e a posição do centro de gravidade, compreendendo anda a noção de deslize, passamos agora à fase de ganho de confiança na relação com os patins.
Existem diversos exercícios que nos poderão induzir a este ganho de confiança, nomeadamente com a perceção entre o posicionamento dos segmentos corporais e os equilíbrios/desequilíbrios que daí advêm.
Importa, no entanto, realçar que mais do que a execução do exercício em si é fundamental perceber o que ganhamos com a aquisição desse skill, pois estes exercícios por si só não têm qualquer utilidade. No entanto, quando os utilizamos para estabilizar / perceber / adquirir determinadas competências motoras, adaptando o exercício em função do que se pretende, aí sim poderão ser valorosos.
Vamos passar a indicar apenas alguns que poderão ajudar neste ganho de confiança com os patins, fundamentalmente criando situações que visem uma adaptação neuromuscolar reativa (recolocação de segmentos para voltar a ganhar o equilíbrio) à situação proporcionada. E vem daqui a riqueza desta bela modalidade!
Depois de na primeira abordagem (vide artigo anterior) termos conduzido para a marcha, iremos verificar que, com alguma rapidez, o patinador começa a deslizar. Daqui para a patinagem retilínea é apenas um salto. A sucessão de desequilíbrios que potenciam o deslocamento sobre os patins deve ser bilateral e uniforme, evitando o “coxear” (empurrar mais com uma perna do que com outra), as “pernas de pau” (empurrão sem flexão nos joelhos) ou o andamento “em skate” (empurrão com uma perna apenas e deslize ostensivo de seguida).
Este patinar retilíneo irá ser potenciado e melhorado com a estimulação da utilização do peso do corpo e balanceamento do mesmo de uma perna para a outra. Um dos exercícios que poderá ser utilizado é o deslize num só apoio, procurando o equilíbrio em apenas um patim.
O outro poderá ser as tesouras / oitos para a frente, onde o patinador, com as duas pernas em simultâneo, impulsiona o deslocamento afastando e juntando os patins fazendo uso da parte externa das rodas (filo externo) e flexão das pernas para afastar, e do filo interno e extensão das pernas para juntar, controlando assim o deslize dos patins no solo e conseguindo ter a perceção dos ganhos / perdas de equilíbrio consoante coloca a bacia mais alta / baixa e para a frente /trás.
Poderemos ainda iniciar a mudança de direção com patins semi-paralelos, conseguindo a colocação de ambos os patins com a mesma inclinação de acordo com a direção que pretendemos tomar. A inclinação dos patins será de acordo com a velocidade que o patinador adquiriu, proporcionando ao mesmo tomar a direção pretendida com a segurança necessária.
Quanto maior a velocidade, maior deverá ser a inclinação dos patins (tal como numa bicicleta ou mota).
Dentro destes exercícios poderemos criar variantes e jogos diversos para potenciar a aprendizagem e aumentar o domínio do deslize nos patins. Será tudo uma questão de criatividade e de adaptação a cada patinador, pois receitas… não há!
Alguma documentação que podem consultar:
Batista, P. (2002). “Iniciação à Patinagem: patins de rodas paralelas e em linha”. CEFD/FPP
Figueiredo, F. (2015). “Abordagem da Patinagem na Escola – documento de apoio”.